*Por Junior de Paula
O mundo ficou sabendo o que a gente já tinha conhecimento há muito tempo: o top mineiro Evandro Soldati é um dos dez modelos masculinos mais importantes de todos os tempos. E quem ratificou essa afirmação foi a Vogue norte-americana, a bíblia do Vaticano fashion. Ao seu lado, nomes como Tyson Beckford, David Gandy, Jon Kortajarena e Mark Vanderloo, entre outros que atravessam gerações sem sair do topo. Evandro, por exemplo, se mantém na crista da onda desde que começou sua carreira como finalista de um concurso da Ford em 2001 até os dias de hoje, 13 anos depois. Trabalhou com os maiores nomes, como Steven Klein, quem lhe deu seu primeiro trabalho internacional; Mario Testino, Mert Alas e Marcus Piggot, Bruce Weber, além, claro, de ter sido o astro do clipe “Alejandro” de Lady Gaga. Casado com Yasmin Brunet, ele já começa a dar passos largos no mundo dos negócios e conta isso e mais outras tantas coisas para a gente em uma entrevista que você lê a seguir.
1) Quais foram os três momentos mais importantes da sua carreira?
– Foram muitos, mas os mais marcantes e divisores de água foram quando fui classificado em Belo Horizonte para a final do Concurso da Ford Models Brasil, o dia em que conheci o fotógrafo Steven Klein nas sessões de fotos da D&G em 2004 – depois disso ele me encaixou em vários trabalhos de peso, como a capa da L’Uomo Vogue e o clipe da Lady Gaga – e quando fechei um contrato de exclusividade com a Armani em 2008 por um ano.
2) Quais foram os três momentos mais difíceis?
– Também foram muitos, mas vamos lá. No início da minha carreira, quando me mudei sozinho pra São Paulo, foi bem complicado. Saí de Ubá, uma cidade do interior de Minas, e não tinha muita maldade e nenhuma noção de como era a vida em uma cidade daquele tamanho. Depois, quando me mudei para os Estados Unidos pela primeira vez, também tive outro baque. Digo que foi caótico. Não falava nada de inglês e morava muito longe de onde eram os meus trabalhos e castings. Quase joguei tudo para trás e voltei para o interior. Ah, e outra fase muito difícil foi quando tive que passar um mês na Alemanha para fazer castings e entrei em uma depressão profunda. Larguei tudo e voltei para Minas por uns dois meses.
3) Você lembra do seu primeiro trabalho como modelo? Como foi, para qual marca e o que sentiu?
– Sim, me lembro que foi para uma marca de São Paulo que se chamava AniFuturi, com o fotógrafo Cristiano Madureira. Foi muito legal, fiquei sem dormir alguns dias, esperando ansioso para me ver em uma campanha pela primeira vez.
4) Qual a pior e a melhor coisa de ser modelo?
– A pior coisa em ser modelo é o preconceito das pessoas de fora, que pensam que tudo é maravilhoso e que você ganha milhões sem fazer nada. Ou aquela máxima de que todo modelo é burro. A melhor coisa é a oportunidade de viajar e conhecer lugares e culturas diversas. Isso não tem preço. Me sinto um privilegiado por isso.
5) Como recebeu a notícia de que você é um dos dez modelos mais importantes do mundo de todos os tempos? Você já tinha pensado nisso alguma vez?
– Através de um email de um booker da Ford. Nunca tinha pensado nisso antes, ainda mais com uma quantidade gigante de modelos com qualidade que tem no mercado. Fiquei superfeliz, claro. É como se tudo o que passei até hoje – o bom e o ruim – tivesse valido a pena.
6) Quais caminhos gostaria de seguir depois de encerrar sua carreira como modelo? Por quanto tempo ainda quer modelar?
– Acho que seguir até uns 35 anos está de bom tamanho. E gostaria de seguir o caminho de investidor e empreendedor no futuro bem próximo.
7) Você também ama bicicleta, né, já até participou do Tour de France. Serve como uma válvula de escape? No que pensa quando está em cima de uma bike?
– Amo muito, sou um ciclista de carteirinha. Amo sair de mountain bike e explorar lugares novos, funciona como uma terapia. Deixo sempre minha mente livre e viajo para longe quando estou treinando. Penso no trabalho, no casamento, na família, em tudo.
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura
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