*Por João Ker
Ermenegildo Zegna é mais uma power brand a entrar no mercado cinematográfico. Ao lado do cineasta sul-coreano Park Chan-Wook, a grife italiana resolveu ir além do feijão fradinho com arroz de lula do mercado de luxo que é costuma ser regra em parcerias entre grifes e cinema, onde a moda contribui apenas para o figurino, e lança agora a primeiro parte do filme “A Rose Reborn”. O longa é uma produção original da maison, dividida em quatro pedaços, com a estreia do último marcada para acontecer durante o encerramento da Semana de Moda de Xangai, em 22 de outubro.
É bom lembrar que, na semana passada, em pleno Festival internacional de Cinema de Toronto, Giorgio Armani lançou uma série de curtas englobados no conjunto “Films of City Frames”, revelando que nunca os estilistas voltaram tanto sua bússola para a Sétima Arte como agora. Consequência direta da incursão de Tom Ford pelo mundinho da tela grande, visto em “O Direito de Amar”, dirigido pelo próprio? Talvez…
Trailer Oficial (Divulgação)
O intuito do filme é fundir arte, moda e publicidade, de maneira a poder divulgar a nova “roupagem” da Zegna, que se vangloria de ser a líder no segmento masculino de luxo e o outfit perfeito para a “Nova Geração de Lideranças”. Além de ter o aclamadíssimo Chan-Wook como diretor – o mesmo responsável pelo avassalador “Oldboy” (2003) – , o filme ainda conta com uma equipe estrelada, com nomes como o inglês Jack Huston (“Trapaça” e “Boardwalk Empire”) no papel principal, o ator asiático Daniel Wu, composição do britânico Clint Mansell (“Cisne Negro”) e fotografia da hermana argentina Natasha Braier (“The Rover”).
Fotos: Divulgação
No roteiro desenvolvido por Chan-Wook em parceria com a japonesa Ayako Fujitani e o coreano Chung Chung-Hoon, um jovem líder de uma grande empresa do ramo tecnológico, interpretado por Huston, se vê encurralado a vender seu império quando um novo magnata aparece na cena financeira chinesa (e por consequência no resto do mundo). No trecho divulgado, o cara precisa comparecer a uma reunião importante e adivinhem o que ele escolhe para substituir o jeans e a malha? Tcharaaaaaam! Acertou quem disse Ermenegildo Zegna.
A inciativa de unir cinema e moda em muito além dos documentários, vídeos promocionais ou figurinos colaborativos parece pioneira, mas fica um passo atrás daquilo que Miuccia Prada desenvolveu há menos de um mês com a Miu Miu. A estilista (e todo o time criativo de publicitários e estrategistas de marketing que sentam atrás dela, aconselhando a papisa com se fossem consiglieri de mafiosos) lançou a série “Women’s Tales“, uma coleção de curtas-metragens que celebra a diversidade de mulheres que encantam a Itália e são atendidas pela marca, todos dirigidos por mãos femininas e sob a ótica delas.
Mas engana-se quem acha que a maison italiana para por aí. Tratando-se de Miuccia, o projeto foi lançado em alto estilo, com pompa e circunstância no Festival de Veneza, onde a estilista preparou um jantarzinho nada básico com a presença de várias personalidades hollywoodianas, como Lena Dunham, Dakota Fanning, Kirsten Dunst, Kate Mara, Felicty Jones,e por aí vai.
Mas calma que tem mais: um dos curtas, batizado de “Somebody”, é também o nome do aplicativo desenvolvido pela diretora Miranda July em parceria com a grife e que foi lançado durante o evento. O app, no caso, leva a interação “humanos x tecnologia” a outro patamar, uma vez que serve para o usuário escolher alguém que entregue uma mensagem a um outro alguém. A história toda é facilmente compreensível através do clipe abaixo, que explica todo o projeto de forma bem-humorada e ambiciosa. No balanço geral, parece que mais uma vez Miuccia deu a largada no quesito inovação, deixando os coleguinhas italianos comendo poeira. Confira!
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