*Com Dudu Altoé
Esta foi a terceira experiência da LAB Fantasma, de Emicida e Fióti, na maior semana de moda da América Latina e em todas a passarela ganhou forma de palco e o desfile tom de show. Com a dupla, não tem padrão e nem regra. Antes mesmo de começar, o desfile da LAB na noite de ontem já movimentava a sala e animava os amantes dos músicos e da moda livre, despretensiosa e urbana da grife. Ao fim, depois de mais um espetáculo, a catwalk se fechou devido a tanta gente tentando registrar os últimos momentos e, claro, aplaudir de pé a versão fashionista dos músicos. Portanto, vamos ao que foi esse burburinho no terceiro dia de SPFWN44.
Após uma temporada sob a influência esperta de João Pimenta, a Lab Fantasma agora possui a direção criativa dos próprios donos: os irmãos e rappers Emicida e Fióti. A dupla agora está preparada para alçar voos maiores, um mote que inspirou a coleção “Avuá”, apresentada na noite desta terça, 29, e que retrata o início da carreira dos dois na música. Pois a cartilha da marca nunca esteve tão bem representada. Com forte perfume streetwear esportivo, combinando modelagens oversized, amplas e confortáveis, jaquetas bomber alongadas com “hoodies”, os capuzes, flertavam com a estética “bling” do universo da black music. Tudo pautado por uma leveza que fez jus ao tema central, a partir de tecidos como nylon, malha e sarja.
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Na cartela de cores, tons de azul, do celeste ao marinho, aliados ao cinza e os alaranjados, em uma fina representação das cores do céu em seus diferentes momentos. A estamparia traduziu o tema em pássaros, penas, letreiros e logos, uma mistura que imprimiu vida à coleção. A própria identidade visual da marca serviu de ponto de partida para os estudos de estamparia, ganhando releituras dentro deste novo momento. Com styling de Paulo Martinez, os acessórios incluíram bolsas carteiro enormes, pochetes da marca Agora Que Sou Rica, de Jana Rosa, feitas sob medida, além de brincos e colares Dryca Rizzo Desing.
Moda à parte, o destaque do desfile foi a apresentação de vários rappers da turma de Emicida e Fióti, em um show que logo foi aplaudido de pé. O casting trazia além de modelos, pessoas reais, cada um com seus corpos particulares e diversos, mostrando a preocupação da marca com o tema inclusão e representatividade. Alguns nomes da música, como as cantoras Iza e MC Carol, marcaram presença, desfilando as criações da dupla. “Ser foda, ser inspirador. Trazer as pessoas para dentro, fazê-las participar. Isso é moda de rua”, comenta Emicida ao responder sobre o que está na moda na sua Lab. “Houve um tempo em que era muito bonito, chic e elegante ser distante. Esse tempo já se foi. Hoje é bonito ser próximo, estar perto, sermos nós”, reforça. Quando perguntamos para onde ele vai levantar seu voo, o rapper não titubeia. “Vou voar para o horizonte, rumo ao infinito. Junto dos meus parceiros e parceiras”.
Beleza: o empoderamento da periferia fashion
Para realçar a particularidade de um casting tão plural como foi o da LAB Fantasma, Marcos Costa assinou uma beleza natural e, como ele nos definiu “a mais linda de todas”. De acordo com o beauty stylist, de negras a brancas e dos cabelos lisos aos afros, a ideia era potencializar o poder de cada uma. Para isso, Marcos assinou uma produção que tinha apenas base e batom como produtos, que fora aplicado nas pálpebras, nas maçãs do rosto e nos lábios. “É uma mulher glow e natural que resgata a menina poderosa da periferia”, sintetizou.
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