Em sua 1ª edição, Fenin Fashion Rio movimenta mercado da moda em tempos de crise, enquanto o empresário Julio Viana frisa: “Não podemos ficar parados”


Modelo de sucesso com mais de 20 anos de história, o evento tem edições bem-sucedidas em São Paulo e em Bento Gonçalves, e, agora, chega ao Riocentro para atender os clientes do Sudeste, Norte e Nordeste

Enquanto muitos estilistas e compradores cariocas ficam à deriva no Calendário Nacional de Moda, com eventos de business e o próprio Fashion Rio sem data ou formatos específicos para retornarem à capital, a Fenin Fashion Rio fez sua estreia esta semana, no Riocentro, com 150 marcas expondo as novidades para a temporada de Verão 2016 nos segmentos masculino, feminino, infantil, beachwear, surfwear, acessórios e até opções de plus size. “Não podemos ficar parados, mesmo com a situação de crise que o país vive agora. O mercado do Rio é um dos melhores no Brasil, a cidade respira moda”, comentou o empresário Julio Viana, diretor da Expovest e que promove a Fenin Feiras há mais de 20 anos, com edições de sucesso de Norte a Sul do país, incluindo São Paulo e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

A chegada do evento à Cidade Maravilhosa foi em um momento importantíssimo. As plataformas para rodas de negócios e divulgação da moda carioca em desfiles realizados no Fashion Rio foram suspensas temporariamente, deixando uma das principais capitais fashion do país em um momento crítico de vulnerabilidade. Logo, para os expositores, essa foi uma chance ímpar de aquecer novamente as engrenagens da indústria e procurar não apenas um boom imediato nas vendas, mas também firmar parcerias importantes para o futuro de um setor que, assim como grande parte do país, passa por momentos difíceis.

“Não tínhamos intenção de vir ao Rio antes por causa dos eventos que já existiam aqui. Não fazia sentido. Mas, com a ausência neste momento de eventos como esse, os expositores de outros estados pediram para que eu viesse, e então, começamos a conversar ainda no ano passado sobre esse assunto”, contou Julio. Ele acrescentou que trazer ao Rio os lojistas, representantes de multimarcas e varejistas que o acompanham nas edições da Fenin em Bento Gonçalves e São Paulo foi uma questão de lealdade, necessidade e com o plus do cartão-postal carioca: “Conhece alguém que não gosta de vir ao Rio de Janeiro?”.  As primeiras grifes a apostarem no projeto foram APA, Crocker, Kissmiss, Nicoboco, Oracon, Mochine, Pacific Blue, Sawari Jeans, VLC, Zune Jeans, Alpelo, Aishty, Anany, Breda, Bressan, Edisaraiva, Fitwell, Fiya Lady, Gringa, Julia Plus, Lofty, Malharia Nacional, Minha Grife, Mooncity, NRK/Naraka, Mosato, Spring, Schiafine, Zafferano, entre as 1 mil integrantes do evento.

Presidente do Conselho de Moda da Prefeitura do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, prestigiou o lançamento da Fenin Fashion Rio e ainda comentou com HT a importância de sua realização. “Precisamos vender moda. A indústria da moda precisa sobreviver. Desde dezembro do ano passado não temos um salão de negócios aqui. A última investida foi o Salão Bossa Nova. É triste termos ficado sem desfiles de Primavera/Verão esse ano”, apontou.

Julio Viana, em entrevista exclusiva ao HT, declara sobre a FENIN Fashion Rio: "Não podemos ficar parados com a crise financeira. Precisamos movimentar o mercado" (Foto: Liane Neves | Divulgação)

Julio Viana, em entrevista exclusiva ao HT, declara sobre a Fenin Fashion Rio: “Não podemos ficar parados com a crise financeira. Precisamos movimentar o mercado” (Foto: Liane Neves | Divulgação)

A ideia de Julio com a chegada à capital fluminense é descentralizar as vendas que realiza na Serra Gaúcha, onde atende principalmente os clientes do Sul, e em São Paulo, onde a maior parte dos compradores vem do interior do próprio estado e de Minas Gerais. Aqui, o foco são os clientes do Sudeste, Norte e Nordeste do país. Empreendedor em promover duas edições Verão 2016 em cidades diferentes, no mês passado, Julio também enxerga uma necessidade e um ponto positivo em realizar a Fenin Fashion Rio Verão e Alto Verão 2016. “O mercado realmente está muito restrito e pequeno e nós precisamos nos adequar. O setor de compra está se adaptando aos novos tempos, mas é um processo natural. Temos de ver pelo lado positivo: os profissionais não estão entregando os pontos. Estão lutando com garra e persistência. E os fortes sobreviverão”, enfatiza.

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O plano de Julio é fincar os pés no Rio de Janeiro e, a partir daqui, continuar com a Fenin Fashion Rio. “O desempenho dessa edição será vital para qualquer tipo de investimento futuro. O cliente que está aqui, já está acostumado a trabalhar comigo, sabe analisar a feira de diversas maneiras, como gerar uma publicidade barata em torno da marca, e ele pode até vender”, explica, frisando que já tem cerca de 800 expositores confirmados para a edição que será realizada em janeiro no Rio Grande do Sul.

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“A grande questão que precisamos driblar para trazer a Fenin ao Rio foi driblar um mercado conturbado, onde a confecção sofre muito”, explicou Júlio. E acrescentou: “Esse aqui é um evento novo, mas não há risco nenhum. O único risco é bancar a operação. Mas, hoje, a pessoa que vem aqui também tem que estar disposta a investir”, confessou.

Denis Viana, filho de Júlio, que trabalha há 12 anos como diretor comercial da Fenin, disse que o relacionamento com os expositores é um grande diferencial na hora de fazer novas investidas, principalmente em um território como o Rio de Janeiro. “Eles são nossos parceiros no projeto. Estamos crescendo juntos”, explicou. Ele ainda comentou que a chegada da Fenin ao Rio foi “super bem recebida” e que o objetivo do evento foi alcançado: a abastecer o mercado com uma pluralidade de estilos.

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A estrutura para movimentar esse mercado, por sinal, é de cair o queixo: os 20 mil metros quadrados do Riocentro foram ocupados com as melhores e mais variadas ofertas do segmente, atraindo compradores, lojistas, representantes de multimarcas e expositores tanto do Sul quanto do Rio. Os estandes, por sua vez, investiam no espetáculo, como uma forma de atrair mais clientes, fosse através da decoração do espaço, ou até de brindes e desfiles com as coleções apresentadas. Para quem se deslocava de outro estado para passar o dia fechando negócios, a nova onda gastronômica do food truck estava ali bem à porta, estacionada e à espera dos visitantes. Isso sem falar na presença de celebridades como Luciano Szafir – que estampa a capa da revista do evento -, Carol Nakamura e os atores mirins Gabriel Palhares (“Geração Brasil”) e Giulia Buscácio (“I love Paraisópolis”).

 

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Uma das grifes que vem acompanhando Júlio e Denis ao longo desses anos é a Ton Âge, marca de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul especializada em vestidos de festa e lançada há mais de 30 anos. Betina Albuquerque, a diretora de criação comemorava a vinda ao Rio. “Acabamos sempre tendo um retorno positivo, graças aos clientes que ficam sabendo da Ton Âge e da exposição que ela ganha”, disse. As mesmas palavras também ecoam pelo discurso de Daniel Oliveira, gerente de vendas da Sawary Jeans, marca brasileira líder no segmento. “Como essa é a primeira edição da Fenin Fashion Rio a exposição foi positiva mesmo em um momento de crise na economia do país”, constatou.

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Recém-chegada ao mercado nacional, com apenas três anos no Brasil, a Zafferano, marca de camisaria com pegada italiana e tecidos importados da China, também se beneficia dessa exposição, como contou o diretor de criação Ronnie Gismonti. “Estamos nos adaptando ao mercado brasileiro, sempre procurando novos nichos e oportunidades”. O chinês Wilson Guo, um dos sócios da grife, comentou ainda que “o mercado nacional tem suas particularidades. Trabalho aqui há 20 anos, mas ainda pretendemos crescer bastante, principalmente com a classe B”, conta, enquanto Luciano Szafir, o garoto-propaganda da atual coleção, checava as peças de tecido premium.

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Layla Fieldman, analista de marketing da Afghan, uma das principais representantes da moda carioca na Fenin, apontou que o “o Rio de Janeiro está carente de eventos assim. “Os produtos têm saído aqui na feira, e temos recebido muitos clientes legais, o que tem sido uma ótima forma de divulgar a marca”, comentou. Outro grande nome representativo para os cariocas é a Blue Man, que também comemora a volta desse formato de business para o Rio. “Vejo uma falta de eventos na capital mundial da moda-praia, o que prejudicou de forma muito grande as marcas. Esse modelo é bom para negócios”, explica Felipe Teixeira, analista comercial da grife.

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Enquanto grande parte dos lojistas se preocupava em focar no comércio e na venda, alguns dos expositores mais jovens viam, assim como Julio havia comentado, uma oportunidade de também divulgar suas grifes. É o caso dos rapazes da Cabron, que estacionaram uma Kombi no evento com a coleção “Caos”, para o verão 2016. Criada há cinco anos por Marcel Gonçalves, a grife é focada na moda urbana, com pegada carioca na irreverência das estampas e na mistura de um pouco do surf com skate. Segundo ele, o evento foi positivo e, ao contrário da maré que está por aí, o mercado do Rio está muito bom para a grife.

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Dentre os destaques da moda autoral feita no Rio de Janeiro, ficamos encantados com o lounge do Cria Rio!, projeto de fomentação de estilistas cariocas lançado em 2013, que levou 15 marcas para o evento. “Nós oferecemos o mobiliário e o espaço para os estilistas, assim eles podem ter uma experiência verdadeira de como é estar inserido no mercado de moda atual”, explicou Ana Torres, chefe da divisão de moda da Firjan que, ao lado do Sebrae, faz um treinamento prévio com os designers antes de as feiras – essa já é a quarta do projeto – começarem. “É uma ótima oportunidade para oxigenar a lista de clientes dessas marcas, aprimorar a venda, melhorar a produção e trocar experiências com outras grifes. Sem falar que todos os produtos são a cara do Rio”, atestou. E, realmente, por ali era possível encontrar desde camisetas a Carambola com estampas divertidas, ao incrível “trench coat tropical” criado por Consô Herkenhoff, e as joias e semi-joias de Anna Vivacqua.

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Outra amostra da efervescência cultural dos cariocas foi destacada no lounge do “Black na Favela”, espaço dedicado ao projeto que recicla peças e levou toda a vivência da cena urbana da Zona Norte para o Rio Centro. Com clima despojado e uma decoração em homenagem ao bairro de Madureira com fotos de eventos como o Baile do Charme pelas paredes, o lugar contava até com DJ Set ao vivo de Lino Leal, vencedor do concurso Red Bull Favela Beats, fazendo stretch na hora e improvisando nas carrapetas.

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O balanço final econômico dessa primeira edição da Fenin Fashion Rio só poderá ser avaliado posteriormente. Mas a intenção de Julio Viana em fixar o evento no calendário carioca. O Rio de Janeiro ganha, o Rio de Janeiro agradece!