Já se foi o tempo em que as pochetes eram vistas como acessórios bregas ou caídos no esquecimento. Pelo contrário: O resgate do acessório, que dividiu opiniões de uns tempos pra cá, vem ganhando cada vez mais fãs. Deixando no passado o ar sério, antiquado e cafona e voltando com o visual repaginado, elas prometem ser a peça essencial não só nesse verão – onde até as grifes mais famosas como Emporio Armani e Stella McCartney se renderam aos seus encantos, as trazendo para as passarelas nos desfiles de moda – mas também em todas as estações.
É claro, cada estilista faz sua própria releitura do acessório, mas tem pra todos os gostos. Em um tom mais clássicos, mais retrô, ou até mesmo chamativo com franjas, cores vibrantes e brilho. Não tem jeito: a peça já marcou presença até em eventos elegantes de Hollywood, com Helen Mirren usando o item no tapete vermelho. Mas nem precisa ir muito longe: já existem marcas brazucas que resgatam a controversa com uma pegada mais leve e divertida, tudo a ver com o carnaval.
Esse é o caso da Poch, pocheteria carioca que conquistou o coração dos foliões ao unir o design divertido à praticidade. O pontapé inicial foi a ideia de personalizar as doleiras para combinarem com as fantasias de carnaval. Paloma Borges, uma das idealizadoras da marca, conta como nasceu a primeira coleção: “Na verdade, nossa ideia surgiu um pouco antes do resgate à essa tendência. Tudo começou porque sou louca por blocos de rua, e comecei a observar as pessoas usando doleiras por lá. Em seguida, viajamos pra Londres e percebemos que as pochetes estavam bombando e amadurecemos mais um pouco a ideia inspiradas pelas fantasias que vimos todos os anos, como as de Carmen Miranda e a Frida Kahlo. Foi como unir o útil ao agradável”.
Coleção ‘Coisas Que’, da Poch (Foto: Instagram/Reprodução)
Era a receita para o sucesso e, em pouco tempo, o charme do design inovador da Poch começou a compor o look das blogueiras e dominou os editoriais de moda, o que impulsionou a pensar em coleções que pudessem ser usadas também depois da quarta-feira de cinzas. “Claro que, no fundo, sempre tem uma inspiração carnavalesca, divertida. Mas depois do projeto, entendemos que ele poderia passear nas ruas também todos os dias, por todos os lugares. Agora, as pochetes não são mais um complemento à fantasia e sim ela própria. Já estamos na terceira coleção, e elas vêm muito mais impactantes, com brilho, luzes de LED.. Elas falam por si só!”
A mistura com o não convencional é a grande essência da marca, e tudo serve de inspiração como animais, frutas, figuras aquáticas e o universo lúdico. A intenção é atender a todos, sem restrições. “Não gostamos de estipular um único público alvo pra atender, gostamos que nossas peças sejam democráticas. Queremos que todos usem, independentemente de gênero ou idade. Eu acho fundamental a moda não ter um padrão de gênero, e buscamos desconstruir isso. Quem usa a Poch usa porque quer e porque se sente confortável com ela”.
A paulista Jana Rosa também deu asas à criatividade e resgatou o conceito e a linguagem divertida do seu antigo blog, Agora Que Sou Rica, em uma marca de acessórios onde as pochetes são o destaque principal. Ela conta que sempre gostou do item, mesmo quando todos ainda o julgavam como ultrapassado. “A marca é divertida e reúne tudo o que eu mais amo. Ela ainda é bem novinha, mas acho que está rolando. Eu adoro pochetes, comecei a usar todos os dias há alguns anos , e todos os meus amigos usam também. Os lugares que eu frequento são cheios de pocheteiros e, com isso, surgiu a ideia de fazer pochetes lindas.”
Pochete da Agora Que Sou Rica (Foto: Instagram/Reprodução)
Jana ressalta também que reinvenção das tendências antigas, não só no caso das pochetes mas outras referências das gerações passadas, são essenciais para a moda. “A moda precisa disso, né? Precisa gostar de algo, e depois odiar pra depois amar de novo. É pra ter alguma notícia, se não seria muito chato. E sempre que algo cafona volta é puro delírio.”
A praticidade também conquistou outras marcas já conhecidas pelas interferências ousadas e características, como é o caso da Melissa, que lança uma coleção dedicada ao acessório. Uma pegada esportiva, descolada e em cores marcantes, trazendo opções neon e com glitter. A certeza de que as pochetes voltaram de vez? Elas já fizeram a cabeça de todos, desde os artistas mais cool, como Rihanna, Anitta e Miley Cyrus, até a Gloria Kalil, que posou usando a peça no Instagram. “Por que a gente demonizou tanto a pobre da pochete? Ela é tão bacaninha!” declarou a renomada consultora de moda.
Coleção de pochetes Melissa (Foto: Demian Jacob/Reprodução)
Aos poucos, artefatos que tomaram conta da moda nos anos 90 – como os saltos plataforma, as calças de cintura alta estilo ‘mom jeans’ e as gargantilhas – foram aceitos de volta ao street style com uma nova cara. A aposentadoria das pochetes chegou ao fim, e é hora de vasculhar os armários das gerações passadas e colocá-las de volta nas ruas!
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