*Por Rafael Moura
As definições de beleza estão sendo atualizadas ou pelo menos é isso que o Canal E! pretende com a estreia do reality show ‘Born To Fashion’: implantar um verdadeiro processo de inclusão no universo da moda brasileira com modelos trans. Com uma competição de modelos no melhor do estilo ‘America’s Next Top Model’, que traz o debate de gênero para o horário nobre (o programa é exibido às quintas, 22h), o programa é apresentado pela top model Laís Ribeiro. “Estamos aqui para abrir a cabeça das pessoas e dar oportunidade a talentos que merecem. As mulheres trans ainda não se veem na TV e, com o programa, esperamos mudar um pouco esse cenário fazendo com que elas acreditem que é possível. Espero que funcione como uma inspiração”, conta a modelo e apresentadora.
O canal que se tornou especialista nesse tipo de formato, pretende naturalizar as diferentes formas de beleza dentro do universo da moda, dando visibilidade para essas profissionais. Segundo o vice-presidente sênior de Marketing, Digital e Criativo do Canal E!, Marcello Coltro, a capitã desse time tinha que ser uma profissional do mundo da moda com fama internacional: “Quero uma brasileira com fama internacional. Tem que ser uma modelo, entender de moda, por isso escolhemos a Laís”, afirmou. E completa: “Com o programa, esperamos dar voz e oportunidades para os talentos trans da nossa comunidade, missão que faz parte da estratégia principal do canal. É um reality show divertido, mas também muito emocionante, e que tem o universo da moda como pano de fundo”. O lançamento faz parte da iniciativa do E! de investir em produções originais brasileiras, complementada pela sua campanha institucional ‘Vozes do E!’, que visam dar voz a diferentes grupos que representam a sociedade moderna e celebram a diversidade, inclusão e empoderamento.
O famoso painel de jurados, clássico nessas competições, conta com a modelo trans, formada em psicologia, Alice Marcone, com carreira também no cinema e na música, que também é roteirista do reality. Ela falou sobre a atração. “Temos um casting plural, que mostra como existe diversidade dentro da diversidade. São mulheres de personalidades fortes, diferentes e até antagônicas, o que acabou causando muitos conflitos. E vejo isso como uma coisa boa tanto para o programa em si, claro, quanto para elas também, porque o dia a dia de trabalho é cheio desses conflitos mesmo”.
Marcone revela que o programa quer quebrar essa bolha e comunicar com o máximo de pessoas possível. “Uma parte importante do projeto foi fazer o caminho inverso ao qual as mulheres trans estão acostumadas. O mundo sempre criou barreiras estruturais para elas e, por isso, fez com que criassem suas próprias ‘cascas’, até como uma forma de proteção. Busquei ocupar esse meio de campo, ou seja, aproximando as meninas do mundo e livrando-as de suas próprias barreiras”.
Ao seu lado estará o maquiador André Veloso e a estilista Lila Colzani, fundadora da marca Colcci, ambos cisgêneros. Essa bancada conta ainda com a participação especial de Alexandre Herchcovitch. Todas as dez concorrentes passarão por provas relacionadas à profissão, com passarela, foto e vídeo. Uma delas será um ensaio fotográfico com nudez. A vencedora ganhará um contrato de um ano com uma agência de modelos e a capa de uma revista de moda. As gravações ocorreram no ano passado, em São Paulo, ao longo de 20 dias. O reality contará ainda com um espaço informativo comandado por Rosa Luz, rapper e trans, para esclarecer assuntos relacionados a transexualidade.
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