Mark Greiner (CE)
Nunca achei que diria isso, mas…amei estar em uma encruzilhada, diabólica, em meio a bruxas, feiticeiras, num clima mezzo místico mezzo dark. Coisas de Mark Greiner, babies, que desfilou uma coleção-manifesto no Dragão Fashion Brasil 2016 – sagrando-se, no crivo de nossa equipe presente em corpo e alma em Fortaleza, como o melhor desfile da temporada. Com o intuito de alertar para o orgulho em ser mestiço – em tempos de intolerância e de insistência de uma descabida superioridade racial -, e da importância da diversidade cultural – e respectivas necessidades de manutenção numa sociedade onde tudo anda caindo no limbo; Mark lançou mão de manifestações populares e chamou a pomba gira fashion para dar um grito de alerta e dar o papo: se segura, malandro, porque o trilho está perto de descarrilar. Com um perfume witch, o séquito do cearense conseguiu mandar o recado – sanando aquela expertise do Dragão Fashion de uma moda autoral com conceito de maestria -, e ainda entregar uma moda…casual. Matou dois coelhos com uma cajadada – ou enfeitiçada – só. Com uma paleta de cores sóbria, Greiner apostou em sobreposições, amarrações, ao mesmo tempo que entregou silhuetas desabadas, peças destroyed e um ótimo luréx molhado (ficou bem melhor que os vários veludos molhados que vimos na última temporada paulistana, por exemplo, viu?). Corroborando com a ideia de que a moda é antropologia pura e munição digna do BOPE para fuzilar o descaso e o sectarismo, Mark Greiner vestiu a máscara da cobrança e ainda convocou orixá para dar a cartada final. Vai encarar – ou melhor: vai discordar ou não usar? Conselho de amigo: cai na encruzilhada dele, vai.
Lenerd (Colômbia)
Knitwear. Na tradução livre: roupa de malha. O batismo que o designer colombiano Felipe Santamaría deu a sua coleção – desfilada por meio da grife – poderia muito bem ter parado por aí. É que Felipe resolveu enaltecer, na hora de estabelecer um conceito de catwalk, o poder feminino. Em tempos de feminismo em voga, de fazer Simone de Beauvoir sorrir no túmulo -, a proposta cairia como uma luva. Mas o seu estilo sobressaiu mais, bem mais. Com uma pegada minimal, é inegável que a coleção bastou para a premissa básica: mostrar uma moda latina, estreitar esse intercâmbio com o Brasil e corroborar com a temática do Dragão Fashion Brasil 2016 de destacar a Colômbia e sua indústria têxtil. Destaque para os recortes primários, mas que, com modelagem caprichosa, modelaram a silhueta e receberam uma arremate com franjas e fios fluídos. HT amou o toque streetwear – talvez pelo caimento, pelo calçado e pelo comprimento midi juntos e em sintonia – que o resultado final imprimiu, perfumando a coleção com contemporaneidade. A chegada da alfaiataria em certas composições de looks também ajudou a dar um fôlego. Nossa dica: coloque os três primeiros looks em uma mala e vá já para as Cordilheiras. Nos conte do sucesso depois porque estamos no aguardo.
Mais informações já, já.
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