DFB Festival 25 anos: Vitor Cunha traduz a profundidade de sua arte em coleção que é ode às forças das águas


O jovem designer cearense participa da emblemática 25ª edição do DFB Festival, maior evento de moda autoral da América Latina, realizado até 27 de julho no Centro de Eventos do Ceará, com sua nova coleção ‘Interior’, exaltando as forças das águas das cachoeiras e dos mares em sua grandiosidade, e explorando a dualidade entre elas, em potência e suavidade, que nos levam de volta à essência. “O ambiente natural ao redor de uma queda d’água contribui para sua experiência. Você percebe alguma conexão entre o crescimento das plantas e o seu próprio crescimento espiritual? Você sente gratidão ao ver uma planta florescer sob os seus cuidados? Cuidar de plantas muda a sua percepção do tempo e da impermanência? Assim como a cachoeira renova a rocha, e o mar purifica a areia, suas roupas refletem a essência da sua jornada”, narrou Vitor, em seu desfile

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Vitor Cunha nasceu em 1999 assim como o DFB Festival, multiplataforma da sinergia entre moda autoral, cultura, incluindo capacitação, empreendedorismo, música, gastronomia, realizado em Fortaleza (CE), Cidade Criativa do Design, título concedido pela Unesco em 2019. Fato é que, por destino ou coincidência, o designer celebra seus 25 anos de vida neste 2024, mesmo ano da emblemática 25ª edição do maior evento de moda autoral da América Latina, realizado entre os dias 24 e 27, no Centro de Eventos do Ceará. O estilista cearense  apresenta, em sua mais recente coleção uma narrativa que mescla introspecção e exuberância, profundamente conectada com a natureza. Batizada “Interior, a verdade está dentro de você“, a coleção se origina de um mergulho nas próprias experiências e emoções do designer, refletindo uma jornada de autoconhecimento e expressão pessoal.

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Do murmúrio das águas e no abraço das ondas, nasce uma coleção que evoca a força e a delicadeza da natureza. Inspirada pela cascata impetuosa e pelo oceano infinito, cada criação captura a essência vibrante das quedas d’água e a imensidão dos mares. A primeira metade da coleção é um tributo à cachoeira, celebrando o movimento incessante e a liberdade das águas. Já a segunda parte, dedicada ao mar, simboliza a energia feminina em conexão com as marés e profundidade azul dos oceanos. A dualidade entre a cascata e o mar se entrelaça como o fio condutor desta coleção, espelhando os encontros e desencontros que definem nossa existência. Vitor Cunha nos convida a mergulhar nesses elementos, não apenas para contemplar a natureza, mas também para desvendar os mistérios interiores que nos habitam. Os tecidos dançam com a mesma vitalidade das correntes de um rio, envolvem o ser em sua forma mais pura, despido das máscaras do cotidiano. Cada peça se torna um reflexo da força interior, uma jornada à intimidade do próprio ser, onde a beleza autêntica se revela.

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A moda, em suas múltiplas formas, sempre foi uma expressão de identidade, cultura e transformação, e Vitor Cunha personifica essas facetas em sua coleção. Com sua label homônima, ele brilhou na passarela:

O ambiente natural ao redor de uma queda d’água contribui para sua experiência. Você percebe alguma conexão entre o crescimento das plantas e o seu próprio crescimento espiritual? Você sente gratidão ao ver uma planta florescer sob os seus cuidados? Cuidar de plantas muda a sua percepção do tempo e da impermanência? Assim como a cachoeira renova a rocha, e o mar purifica a areia, suas roupas refletem a essência da sua jornada – Vitor Cunha

Para o estilista, muito das transformações do mercado da moda autoral vem do fato de que o consumidor está querendo saber sobre o ciclo produtivo daquela peça – se está em conexão com processos sustentáveis e mão-de-obra remunerada adequadamente. Ele diz que “um pensamento do consumidor é: será que essas pessoas estão sendo bem valorizadas? Será que com essa roupa de R$ 14,00 eu não estou tirando o sustento de uma costureira que confeccionou a sua roupa e teve que cobrar mais barato ainda para sobreviver?”.

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Eu sou muito grato e feliz por estar no 5º ano consecutivo no DFB, nessa comemoração de 25 anos, ser escolhido dessas 14 marcas que trazem uma técnica, trazem uma ancestralidade, trazem um desenho marcante para as pessoas. A gente não quer  tirar ninguém do mercado. A gente apenas quer ser visto e valorizado – Vítor Cunha

Em cada ponto, em cada detalhe cuidadosamente trabalhado, ressoa uma mensagem universal: o amor é o elo que une todas as águas da vida, conectando-nos à nossa essência mais verdadeira e guiando-nos na busca pela autenticidade e pelo equilíbrio. Estar presente no DFB, que celebra 25 anos, é de grande importância para Vitor Cunha. “O DFB me desenhou, me colocou no mundo”, reconhece o estilista. “O evento não só proporciona visibilidade para o meu trabalho, mas também legitima a moda cearense no cenário nacional e internacional, desafiando preconceitos e promovendo uma apreciação mais ampla e justa”.

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

A coleção também explora as verdades interiores, sendo um convite para que as pessoas encontrem suas próprias verdades através do silêncio e da escuta interior. “O tema da coleção, ‘Interior, a verdade está dentro de você’ tem como propósito fazer com que as pessoas entendam que as verdades que nos procuram fora, no exterior, realmente encontram no interior, dentro de nós, quando começamos a praticar o silêncio e escutar a voz que está dentro de nós”, explica Vitor.

VERSÁTIL

O compromisso com a sustentabilidade é intrínseco à obra de Vitor. A coleção utiliza materiais sustentáveis, como o algodão da marca sergipana Constância Vieira, que tem uma trajetória dedicada à sustentabilidade. Vitor também colabora com a lavanderia Bena Têxtil, que adota processos ecológicos para a lavagem de jeans, minimizando o uso de água e tratando quimicamente os resíduos, exemplificando um ciclo fechado de produção. O designer cearense conta que se permitiu sonhar, trabalhando em prol das suas realizações, e celebra a existência do DFB como plataforma propulsora da moda autoral made in Brasil.

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

A moda autoral brasileira está em um caminho de progresso contínuo, porque a proposta é uma moda mais consciente, em que o consumidor final possa ter conhecimento e estar próximo do processo de produção daquilo que compra. As pessoas estão tendo mais interesse em saber sobre como as coisas são feitas, e sobre quem as faz, valorizando os processos e as mãos que os executam – Vitor Cunha

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O estilista acredita que o diferencial da moda autoral reside na valorização das técnicas e culturas locais, que muitas vezes são negligenciadas pelo fast fashion. A marca de Vitor Cunha se compromete com a sustentabilidade através da produção de moda atemporal, promovendo um ciclo de vida mais longo para as peças. “A gente consegue transformar esse produto mais circular na sociedade”, explica.

Vitor Cunha (Foto: Nicolas Gondim)

As dores e delícias de empreender no Brasil são várias. “Os desafios que eu enfrentei de uma forma mais rápida foi de as pessoas acreditarem no meu trabalho, que comprem o meu produto. Quero muito que os consumidores não só de Fortaleza, mas do Brasil inteiro entendam a moda que eu faço e passem a consumir com mais frequência por entender que ela está presente com eles”, afirma Vitor, demonstrando sua paixão e dedicação contínuas.

A moda do Nordeste contribui significativamente para a economia do Brasil ao exportar cultura e técnica para outros mercados. Vitor enfatiza a importância de valorizar a moda regional, que traz uma riqueza de técnicas ancestrais e uma conceptualidade única. A capacidade de inovar e integrar essas tradições em um contexto moderno faz da moda nordestina uma força vital na cena fashion brasileira e internacional. Seu trabalho é uma reflexão das verdades interiores, uma celebração das culturas locais e um compromisso com práticas responsáveis, mostrando que a moda pode ser tanto uma forma de expressão pessoal quanto um agente de mudança social e ambiental. A trajetória de Vitor, que acompanho há anos, é uma prova de que, ao valorizar suas raízes e buscar a verdade dentro de si, um designer pode criar um impacto duradouro e significativo no mundo da moda.

O DFB Festival 2024 é apresentado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura. Com apoio cultural da ENEL (enelbrasil), realização da Associação Artesanias do Ceará e Empório Lokar. Apoio institucional da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará e Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) , nos termos da Lei 13.811, de 16 de agosto de 2006.