Day 4: em dia de representatividade na SPFWN44, Lino Villaventura arrasa e dispara: “Podem até conhecer o meu trabalho, mas no fundo não sabem do que se trata”


Além do estilista, que teve a presença da amiga e fã Claudia Raia na primeira fila de sua apresentação, Gloria Coelho, Ronaldo Fraga, Sissa, Cotton Project, Amir Slama e TIG também desfilaram suas coleções

*Com Dudu Altoé

A quarta-feira de São Paulo Fashion Week trouxe uma série de desfiles daqueles que impactam e vão marcar as próximas gerações. Nossa maratona começou com a dama da moda Gloria Coelho, que, inspirada pelos elementos da coroa inglesa, levou ao Hotel Unique uma valorização às mulheres com um casting pautado pela representatividade. Assim como Ronaldo Fraga, que colocou os fashionistas no sol para apresentar sua viagem à uma praia vintage, com um casting tão diverso quanto o Brasil. Depois, Alessandra Affonso Ferreira, à frente da Sissa, apostou em uma moda artesanal, focada em identidade brasileira com elementos africanos, enquanto a Cotton Project, de Rafael Varandas, desfilou uma coleção inspirada nos questionamentos existenciais dos Millenials. No beachwear de luxo, Amir Slama resgatou as divas de Hollywood em uma coleção repleta de glamour (clique aqui). Lino Villaventura, o mago da moda brasileira, trouxe um desfile dramático, no qual o trabalho meticuloso em tecidos ganha status de arte. Para fechar o dia, a TIG, de Renata Figueiredo, mostrou todo o seu potencial ao homenagear a força da mulher por trás da Imperatriz Leopoldina e a cidade do Rio de Janeiro.

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GLORIA COELHO: God save the queen (of fashion)

Gloria Coelho, nome maior de toda uma geração de estilistas, tentou algo novo para o desfile da manhã de ontem no Hotel Unique. Com um casting misto, composto por modelos reais, porém célebres, como Marina Lima, Camila Coelho, Maythe Birman, Alinne Moraes e Paola de Orleans e Bragança, a estilista, confiante do seu design apurado, propôs um jogo com os elementos comuns à monarquia inglesa em meio a uma alusão ao empoderamento feminino e à representatividade, temas bastante comuns entre as apresentações apresentadas nesta fashion week.

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A coleção “The Crown”, pois, elegeu desde os ícones do street style ao floral liberty para traduzir seu DNA sóbrio e tecnológico. Peças estruturadas iniciaram o show, em cores pesadas, bem no mood que é a cara da estilista – e que todos nós adoramos. Jaquetas e casacões com bolsos utilitários remeteram a uma deliciosa estética militar. Recortes à laser simularam padrões geométricos para imprimir movimento e um efeito trompe l’oeil.

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A fluidez pediu passagem a partir de silhuetas oversized construídas em materiais de extrema leveza, chegando aos vestidos de festa, algo que Gloria faz muito bem, obrigado. Para os tecidos, quem imperou foi o crepe e a organza, em tons festivos que fogem do padrão. Na cartela, a estilista abriu o desfile com tons cisudos, como preto e azul marinho, e foi seguindo para a luz, passando do cinza para os festivos amarelo, laranja, rosa e roxo, dignos de debutantes descoladas.

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RONALDO FRAGA: representatividade em atmosfera vintage

Ronaldo Fraga emocionou, mais uma vez. O estilista mineiro apresentou um desfile de moda externo, em um dos dias mais quentes da temporada, e que nos fez pensar sobre a representatividade das minorias, tomando como pano de fundo a praia, o espaço público mais democrático do nosso país. Em uma incursão inédita pelo universo do beachwear, em parceria com Silvia Schaefer, ele propõe na coleção batizada de “As praias desertas continuam esperando por nós dois” uma viagem àquele início do século passado, na década de 1920, época quando a elite brasileira descobria a praia e se misturava nela. “Embora no início ela vestisse a última tendência europeia – já que era uma festa ir para à praia, com direito a sapatos, meias finas, chapéus e muita maquiagem –, nascia ali o espaço mais democrático que o Brasil possui até hoje”, explica Ronaldo. “Por meio das novas tecnologias de construção das roupas, caímos nesse tema, evocando uma Copacabana deserta de cem anos atrás”, completa.

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Os materiais eleitos por Ronaldo Fraga para dar vida ao espetáculo, assim, passeiam pelos tecidos planos para chegar aos clássicos da moda praia – o neoprene e a poliamida. O estilista salienta, no entanto, que a parte mais interessante é, na verdade, como eles foram utilizados na confecção das peças. “O mais legal é o processo de fusão, por meio do qual costuramos sem agulha e linha, a partir de uma fita que esquenta e “cola” o material”, explica. Ele informa, ainda, que este processo também foi utilizado na estamparia, em uma sobreposição que resulta em um efeito 3D.

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O casting acompanha o tema e lança uma provocação, como é de costume nos desfiles do estilista. “É um casting feito com muito cuidado. Na verdade, é o mesmo que já venho fazendo há anos. É como se eu resgatasse os velhinhos do meu desfile do giz, as transexuais e os gordinhos. Estão todos aqui. Ou melhor, o Brasil está todo aqui”, reflete, seguindo com uma crítica ao padrão de beleza irreal ainda defendido pelas marcas brasileiras de biquíni. “Algo que sempre me incomodou nos lançamentos de moda praia eram os modelos com corpos lindos e perfeitos, sem quadril, bunda ou barriga. A palavra de ordem hoje é representatividade. Temos que lançar cada vez mais luz sobre isso. É olhar para dentro desses grupos para entendermos que eles são lindos”, analisa.

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E ele não parou. Além de comentar sobre o padrão que ainda reina na moda em tempos de movimentos tão aflorados na sociedade, o estilista também abordou temáticas que, embora possam não ter relação direta com a moda, nos impactam diariamente. Em seu desfile, ele agradeceu ao carinho do público com uma camisa que mandava uma mensagem ao Presidente da República: “Se você não pensa no Brasil, pense nos netos do Michelzinho”. “Essa história da Amazônia não começou com o presidente Michel Temer. Nós tivemos a Usina de Belo Monte, tivemos o que os militares fizeram com o Rio São Francisco, e a história continua se repetindo no Brasil”, reflete. “Eu acho que chega um momento em que as pessoas precisam entender isso. Pela primeira vez estamos em contato com esses bastidores escusos do poder. Isso agora está dentro da nossa casa. É preciso posicionamento, é preciso se envolver”, alerta. Disse tudo, Ronaldo!

Desfile de Ronaldo Fraga no quarto dia de SPFWN44 (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

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Beleza: a praia dos anos 1920 interpretada com contemporaneidade

Até a praia era lugar de super produções para as mulheres dos anos 1920. Na década que inspirou a primeira coleção de beachwear de Ronaldo Fraga, a maquiagem era trabalhada e até opaca, mesmo que o calor do verão do Rio de Janeiro tentasse boicotar as poderosas da época. Ontem, aqui em São Paulo, as temperaturas também foram muito altas, mas a beleza de Marcos Costa não foi tão literal. Desta vez, o beauty stylist e preocupou em trazer uma contemporaneidade para o mood vintage do desfile. “Na maquiagem, o Ronaldo até me pediu para fazer aquelas sobrancelhas super marcadas. Mas aí já ia ficar anos 1920 demais”, confessou aos risos.

Beleza do desfile de Ronaldo Fraga no quarto dia de SPFWN44 (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Outro toque de modernidade foi a cor, que ganhou espaço no mood pastel. “Nos anos 1920, as mulheres iam lindamente maquiadas para a praia com tudo o que elas tinham direito. Por isso, a maquiagem é um pouco mais trabalhada. Porém, como estamos em um desfile de moda, eu me permiti usar cores mais fortes como fúcsia para não ficar tão restrito à época retratada”, disse o beauty stylist que, para não exagerar, tirou a atenção da boca.

Para Ronaldo Fraga, Marcos Costa ainda destacou a proeocpação em fazer um olho tradicional, mas que respeitasse o período retratado e não ficasse caricato. “Eu ressaltei a importância de não deixar o olho com referência muito dos anos 1980 porque as pessoas costumam confundir puxando o esfumado para cima. Não é assim. A ideia é que passe uma impressão quase triste”, comentou o beauty stylist sobre seus olhos arredondados que acompanhavam coques bananas e fios ondulados.

SISSA: do Brasil para a África, da África para o Brasil

Nzuri Artesania“. Este é o nome da coleção do verão 2018 da Sissa, a melhor tradução do trabalho realizado pela sua diretora criativa, Alessandra Affonso Ferreira. O nome é a combinação de “Nzuri”, que em Swahili, dialeto africano falado no Quênia e na Tanzânia, significa belo, e “Artesanía”, do espanhol, que traduz o ato de fazer o artesanato, e não apenas o produto final. Essa mistura, pois, reflete muito bem o universo pessoal de Alessandra e seu processo criativo. Após crescer na Bahia, o pedaço mais africano do Brasil, a estilista acumula vivência internacional, já que morou durante mais de onze anos entre Londres e Nova Iorque. Sua moda apresenta um espírito rústico-artesanal, algo que pautou a coleção. “A inspiração vem de tudo quanto é canto. Ultimamente eu estou na África, e acho que não saio de lá nunca mais. É um continente tem tudo a ver com Bahia, com brasilidade”, explica.

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Com vasto conhecimento em estamparia, já que é uma das sócias original da culturada marca Isolda, Alessandra comenta sobre as várias novidades propostas para esta temporada, voltadas para as técnicas artesanais. “Sempre trabalhei com estamparia digital, mas agora temos muitas padronagens de carimbo, técnica similar a da gravura em papel. Por cima, bordados com fios de soutache, sementes, botões de madrepérola, pétalas de madeira e até pedaços circulares de coco”, detalha. Os shapes, mais enxutos, apresentam menos tecido nos quadris, renovando as peças ícones da marca.

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Alimentando sua procura por uma nova “brasilidade”, sofisticada na medida e sem grandes pretensões, ela comenta, ainda, que a grande aposta foi um “blend” entre os dois materiais mais brasileiros – o linho e o algodão. O tecido, resultado desta mistura, é o principal trabalhado na coleção e se firma como parte da assinatura inconfundível da Sissa. A cartela de cores é neutra, a partir de tons crus, terracota, azul, rosa e mostarda. “Dá uma sensação boa, de calmaria. Da natureza mesmo”, finaliza.

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Beleza: naturalidade é o destaque

Para o mood afro-brasileiro que inspirou Alessandra Affonso Ferreira, Rodrigo Costa, responsável pela beleza, apostou em uma produção simples e que exaltasse a naturalidade das modelos. Na performance que revelou as criações da Sissa para a temporada, a inspiração do beauty stylist foi a atriz Brooky Shield no clássico filme “Lagoa Azul”. “Por isso, fiz um cabelo bem natural respeitando a textura de cada modelo. Na maquiagem, eu também não pesei em nada e procurei fazer algo que ficasse com esse aspecto”, disse Rodrigo que apenas garantiu um rosado aos lábios e fez baby hair nos cabelos.

Beleza da performance da Sissa no quarto dia de SPFWN44 (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

COTTON PROJECT: surfistas de uma Califórnia mística noventista

A Cotton Project de Rafael Varandas apresenta o Verão 2018 propondo a continuidade da pesquisa iniciada na coleção anterior. “O inverno trouxe a necessidade do relaxamento para o desenvolvimento de ideias a partir de problemas de ansiedade e stress. Desta vez, apenas exploramos de outro jeito a ansiedade e a inquietação humana, já que, por maior que seja o bem-estar da humanidade, continuamos insatisfeitos e infelizes”, reflete Varandas. A marca propôs, assim, analisar o tema por duas vertentes. Uma temporal, que trata o problema como nosso, de agora, da geração da internet versus a da pré-internet, e que foi trabalhada a partir de uma estética que remete ao idoso, ou ao que o diretor criativo prefere chamar de “novo-velhinho”. Outra vertente diz que não, que trata-se de um problema interno natural do homem e que nós precisamos voltar os olhos para dentro, “para o nosso subconsciente, a partir de temas mais transcendentais e menos físicos, como a meditação e a astrologia”, completa.

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Quando perguntamos sobre a influência da vida pessoal de Rafael sobre a criação e percepção da coleção, ele afirmou que esse sentimento faz parte do seu trabalho como diretor criativo. “Acredito que todos que estão entre os 25 e os 35 anos, considerados jovens adultos, começam a refletir sobre esses temas. É uma história que nós achamos verdadeira, pois estamos todos passando por isso de certa forma, e assim conseguimos passar uma autenticidade maior na criação das roupas”, explica.

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A cartela de cores, por sua vez, foi traduzida a partir de uma estrutura similar a da coleção anterior. “Temos duas ou três cores que são desdobradas em variantes, em tons mais claros ou escuros. Porém, desta vez trabalhamos com o roxo, que oscila entre o lilás e o marrom, além do verde, que passeia entre o militar e o petróleo. O amarelo é, talvez, o que mais se assemelha à coleção passada”, reflete. A estamparia engloba listras de giz e oversized, tapeçaria marroquina, stencil de plantas e “splashes” de cor.

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A coleção de Verão 2018 chega à loja em duas entradas. A primeira, “see now, buy now”, na próxima segunda-feira, e, seguindo a cartilha do tempo da capital paulista, conta com peças maiores, como moletons, que para o resto do país seriam consideradas invernais. A segunda entrada, essa, sim, de Alto Verão, essencialmente focada em shorts, camisetas, e demais peças de estilo.

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Beleza: dois caminhos e uma ideia

Assim como a coleção da Cotton Project teve sua inspiração interpretada de duas maneiras, Dindi, responsável pela beleza da apresentação, também seguiu dois caminhos diferentes. “Um foi pensando em uma pessoa que medita e, por isso, tem aparência plena e com viço. Os cabelos também são super seguros de si porque são, inclusive, um pouco descuidados. Então, eu quis mostrar uma pessoa que se dedica à arte, que tem uma saúde e uma beleza que a gente enxerga no rosto. A segunda narrativa foi pensada em artistas que vivem reclusos da vida noturna para se dedicarem as suas criações”, explicou.

Beleza do desfile da Cotton Project no quarto dia de SPFWN44 (Foto: Henrique Fonseca)

Como tradução, Dindi apostou em uma beleza simples que, como detalhe de alguns modelos, trazia apenas apliques metalizados na pálpebra inferior, abaixo da linha d’água. Outro detalhe, desta vez não tão discreto, foi uma cabeça pintada que se destacou na passarela. No desfile da Cotton Project, um modelo estampou uma das padronagens da coleção. “Nesta temporada, a gente tem um jacquard de tricô feito por uma amiga minha, a artista Cris Bertoluci, que me inspirou no desenho da cabeça”, contou sobre a arte que mereceu atenção e trabalho cuidadoso de Dindi em meio a loucura do backstage.

LINO VILLAVENTURA: “O momento não é de chocar. É de criar admiração”

Lino Villaventura é um patrimônio da moda brasileira. Com mais de quarenta anos de carreira, havendo sobrevivido a tudo e a todos, o estilista mostrou na noite de quarta-feira, mais uma prova de seu amor pelo que faz. Alheio às tendências, sua assinatura flerta pesado com a algo maior. “Arte é expressão. Assim como o trabalho em moda. Uma assinatura forte a partir de uma expressão espontânea e original”, classifica. Ele, que traz para a passarela peças únicas de corte preciso e construção bem definida, entretanto, reconhece que existem limites até para os devaneios de quem cria. “O delírio também há de ser controlado, para ficar bonito. Estranho, mas belo. O momento não é o de chocar. É de criar admiração”.

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Sua carta na manga é o trabalho de transformação em tecidos, criando texturas e nervuras, tingindo, bordando e aplicando complementos. Ele acredita, ainda, que a pontuação da roupa é o corpo. “Pode estar linda na manequim, no cabide. Mas se nós a vestirmos e ela não ficar igualmente bonita, não serve de nada”. Lino avaliou também a relação que as pessoas mantém com o seu design singular. “Nós temos no Brasil um conhecimento muito superficial. Nada é muito aprofundado. Sou de uma época em que nos mergulhávamos de verdade. Hoje se clica em um link no Google para criar uma falsa noção de sabedoria”, alfineta.

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E após uma longa estrada no mundo da moda, o estilista revela alguns segredos para quem deseja se firmar como uma referência. “Muita coragem, persistência e otimismo. A diferença se faz trabalhando, com qualidade, e sempre pensando em como inovar – e com o pouco. Como obter um resultado legal com o que está disponível”, sugere. Sábias palavras!

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Beleza: o grafismo para contrapor à genialidade

Sabe aquela história de que semelhante atrai semelhante? É assim com Lino Villaventura e Marcos Costa que, juntos, protagonizam uma dobradinha estelar nos bastidores da SPFW. Mais uma vez, o beauty stylist foi o responsável por assinar a beleza do desfile do estilista que levou verdadeiras obras de arte para a passarela, como bem destacou Marcos. “Essa é uma das coleções mais lindas que o Lino já fez. Todas as criações são cheias de detalhes primorosos que as fazem verdadeiras esculturas”, analisou.

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Para ser a cereja do bolo, Marcos Costa apostou em uma maquiagem que, por mais que simples, tinha um detalhe que fazia toda a diferença. “Para fazer um contraponto ao trabalho do Lino, eu optei por uma pele iluminada arrematando a beleza com um traço embaixo do olho”, disse. A interferência usada pelo beauty stylist na maquiagem traz um pouco a ideia de grafismo que já havia aparecido na beleza da última apresentação de Lino Villaventura na SPFW, por mais que fosse outra proposta e tivesse um resultado super diferente. “Não tem um conceito e nem uma tendência. A gente fez uma pele iluminada com base com poucas correções. Para completar, eu usei iluminador nas maçãs para realçar um pouco e o destaque da beleza é um traço delineado na pálpebra inferior. Por fim, com os dedos, apliquei batom vinho no centro dos lábios”, explicou Marcos Costa que, no cabelo, passeou por diferentes propostas.

TIG: Leopoldina, a imperatriz do Brasil

A TIG de Renata Figueiredo leva à São Paulo Fashion Week sua “Ela é carioca“, uma senhora homenagem ao Rio de Janeiro neste momento de turbulência em que a cidade merece aquele abraço. Esse resgate é feito por meio da Imperatriz Leopoldina que, em tempos que empoderamento feminino, merece ter o seu protagonismo histórico relembrado. “Ela nasceu na Europa, mas ela é carioca”, branda o diretor criativo Fabio Yukio. “Ela foi quem, na verdade, assinou a Independência do Brasil no dia 02 de setembro. Dom Pedro apenas homologou o documento cinco dias depois, quando comemoramos. Ou seja, a decisão passou primeiro pelas mãos de uma mulher que, diferente do que se imagina, tinha muita força”, conta.

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Quando perguntamos de onde surgiu a ideia da homenagem, Yuko confessa que é um habitué, pois já foi algumas vezes ao Rio. “É engraçado. Antes de ir, pensava que Veneza era a cidade mais bonita do mundo. Atualizei os meus conceitos assim que pisei na Cidade Maravilhosa pela primeira vez”, revela. Ele afirma, ainda, que elegeu dois momentos da capital carioca para inspirar a estamparia da coleção: o período colonial e o período modernista. “Foram os dois períodos nos quais o Rio foi o palco central do mundo”, complementa.

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Em sua segunda apresentação na SPFW, a marca reforça o seu DNA autoral a partir das tendências globais da moda, usadas pontualmente para configurar o mote da coleção. Segundo Fábio, para esta temporada, a TIG buscou equilibrar a sua mulher com uma pegada super esportiva e contemporânea. Uma moda que vibra e é repleta de glamour, sem, porém, beirar o exagero ou a caricatura. Um exercício moderno de composição, no qual o foco é uma mulher segura de si, independente e decidida.

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Beleza: três em uma

Com o mood tropical como inspiração, Henrique Martins assinou uma beleza plural para o desfile da TIG ontem à noite na SPFWN44. Uma não. Na verdade, o beauty stylist criou três produções diferentes para a apresentação. “Em uma eu fiz uma boca pink, que tem um efeito glossy. Em outra, tem um super delineador preto nos olhos e uma mais básica, que é a tela branca para as duas”, disse Henrique que, em comum, destacou a pele iluminada presente nas três produções.

Beleza do desfile da TIG por Renata Figueiredo no quarto dia de SPFWN44 (Foto: Henrique Fonseca)

Outro ponto que se manteve em ambas as criações de Henrique Martins foi o cabelo. Em todas, o beauty stylist potencializou o conceito de mulher tropical com um penteado pós praia. Na raiz, fios molhados e, ao longo, chapados. “Eu procurei fazer uma maquiagem com cara de verão e de praia. O cabelo é um desses elementos para trazer a aparência de uma mulher fresh e chic”, explicou.