Da era disco ao boho, de Arezzo a Versace, grifes apostam na volta de tendências dos anos 1970, em movimento que transcende a moda


A rebeldia dos 70’s volta a se fazer presente através da música e, das passarelas ao street style, clássicos da época aparecem reinventados nas vitrines de 2015

Não é nada difícil traçar um paralelo comportamental entre a rebeldia cultural dos jovens durante os anos 1970 e o que acontece hoje em dia pelas ruas do mundo, onde vira e mexe uma nova manifestação política surge ao redor do globo, minorias clamam ainda mais seu espaço a cada dia que passa e, se no passado a voz das ruas e das insatisfações ganhava atenção através do rock, hoje a voz do povo é ouvida através do hip hop.

A moda, assim como a música, também refletia essas tendências através de um grande caldeirão de referências. Minissaias e o jeans: a despreocupação e desapego do estilo hippie.

O movimento hippie dos anos 1970 originou o boho atual: de Janis Joplin no Woodstock a Fergie no Coachella e a nova coleção das Lojas Leader

O movimento hippie dos anos 1970 originou o boho atual: de Janis Joplin no Woodstock a Fergie no Coachella e a nova coleção das Lojas Leader

De uma forma ou de outra, esses movimentos, cada um à sua maneira, vêm se refletindo na moda atual: assim como o rock, o hip hop transformou a moda masculina das ruas – cheia de bermudas, camisetas esportivas, bonés, gorros e calças largas – em item de desejo da juventude, independente do sexo, com suas maiores estrelas assinando coleções próprias ou servindo como o rosto para outras (Kanye West lançando uma coleção com a Adidas e Rihanna estrelando campanha para Dior são os exemplos mais claros disso). O gênero, da passarela ao street style, tem se tornado cada vez mais difundido nas roupas, onde homem e mulher invadem os guarda-roupas uns dos outros, como um sintoma da constante discussão sobre feminismo e machismo que impera nas redes sociais diariamente (veja mais sobre isso aqui). A própria moda da era disco tem voltado através da música e até das novelas, trazendo consigo um retorno de camisas com estampas de poá, sapatos plataforma, lenços no cabelo, macacões fluidos etc; isso tudo sem falar na popularização do boho, que já citamos aqui.

A moda do hip hop não tem influenciado apenas os rapazes: mulheres, como Cara Delevingne e Rihanna, também têm mergulhado no estilo tomboy, enquanto a tendência do urbano invade as passarelas, como a coleção de Alexander Wang para a H&M

A moda do hip hop não tem influenciado apenas os rapazes: mulheres, como Cara Delevingne e Rihanna, também têm mergulhado no estilo tomboy, enquanto a tendência do urbano invade as passarelas, como a coleção de Alexander Wang para a H&M

É bem sabido e perceptível que a moda funciona em ciclos, pegando coisas aqui e ali no passado e trazendo-as de maneira reorganizada, sem medo nenhum em escancarar tais referências. A Leader, uma das grandes redes de fast fashion do país, tem apostado fortemente no boho em suas últimas coleções, revivendo o hippie através das roupas; a Arezzo trouxe de volta as plataformas que eram hit na era disco. Os “embalos de sábado à noite” também foram supremos na última passarela de alta-costura da Versace, na qual o macacão reinou soberano, com direito a boca de sino e tudo; e “a nova feminilidade”, mais do que dar liberdade ao guarda-roupa das mulheres, tem quebrado barreiras ao aparecer em desfiles masculinos, seja em vestidos, cinturas altas ou silhuetas finas.

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Às vésperas da edição de verão 2016 da São Paulo Fashion Week, que ganhará cobertura total aqui no HT, resta esperar para ver qual é a próxima novidade que os estilistas irão tirar do vasto baú de referências.