Não é nada difícil traçar um paralelo comportamental entre a rebeldia cultural dos jovens durante os anos 1970 e o que acontece hoje em dia pelas ruas do mundo, onde vira e mexe uma nova manifestação política surge ao redor do globo, minorias clamam ainda mais seu espaço a cada dia que passa e, se no passado a voz das ruas e das insatisfações ganhava atenção através do rock, hoje a voz do povo é ouvida através do hip hop.
A moda, assim como a música, também refletia essas tendências através de um grande caldeirão de referências. Minissaias e o jeans: a despreocupação e desapego do estilo hippie.
De uma forma ou de outra, esses movimentos, cada um à sua maneira, vêm se refletindo na moda atual: assim como o rock, o hip hop transformou a moda masculina das ruas – cheia de bermudas, camisetas esportivas, bonés, gorros e calças largas – em item de desejo da juventude, independente do sexo, com suas maiores estrelas assinando coleções próprias ou servindo como o rosto para outras (Kanye West lançando uma coleção com a Adidas e Rihanna estrelando campanha para Dior são os exemplos mais claros disso). O gênero, da passarela ao street style, tem se tornado cada vez mais difundido nas roupas, onde homem e mulher invadem os guarda-roupas uns dos outros, como um sintoma da constante discussão sobre feminismo e machismo que impera nas redes sociais diariamente (veja mais sobre isso aqui). A própria moda da era disco tem voltado através da música e até das novelas, trazendo consigo um retorno de camisas com estampas de poá, sapatos plataforma, lenços no cabelo, macacões fluidos etc; isso tudo sem falar na popularização do boho, que já citamos aqui.
É bem sabido e perceptível que a moda funciona em ciclos, pegando coisas aqui e ali no passado e trazendo-as de maneira reorganizada, sem medo nenhum em escancarar tais referências. A Leader, uma das grandes redes de fast fashion do país, tem apostado fortemente no boho em suas últimas coleções, revivendo o hippie através das roupas; a Arezzo trouxe de volta as plataformas que eram hit na era disco. Os “embalos de sábado à noite” também foram supremos na última passarela de alta-costura da Versace, na qual o macacão reinou soberano, com direito a boca de sino e tudo; e “a nova feminilidade”, mais do que dar liberdade ao guarda-roupa das mulheres, tem quebrado barreiras ao aparecer em desfiles masculinos, seja em vestidos, cinturas altas ou silhuetas finas.
Às vésperas da edição de verão 2016 da São Paulo Fashion Week, que ganhará cobertura total aqui no HT, resta esperar para ver qual é a próxima novidade que os estilistas irão tirar do vasto baú de referências.
Artigos relacionados