Da biologia para os estúdios fotográficos, Patrick Sister fala sobre a profissão que ele escolheu


O fotógrafo foi o responsável pelos cliques do editorial para o site HT do ator Thiago Fragoso. Além disso, ele falou sobre o início da profissão, censura e a realidade dos rostos nas imagens captadas

Tem gente que possui o dom para determinadas profissões desde muito cedo e o fotógrafo Patrick Sister é a prova viva disto. Desde pequeno, ele carregava uma câmera e era conhecido por isto entre os amigos de escola. Com o passar do tempo, a máquina de brinquedo foi substituída por um modelo profissional e o rapaz começou a correr atrás dos seus sonhos fazendo cliques das apresentações de suas bandas favoritas. “Mandava as imagens para as assessorias e tentava conseguir credenciamento para trabalhar nos shows. Demorou muito para alguém me aceitar, mas quando isto aconteceu passei a ter material para provar que eu era bom”, contou. Atualmente, o profissional já fez fotos para ensaios fotográficos, campanhas e até mesmo editoriais, como foi o caso da matéria para o site HT com o ator Thiago Fragoso e atriz Daniela Galli.

Inicialmente, apesar da fotografia ser a sua paixão, sua carteira de trabalho atestava que ele era biólogo. Patrick é formado em biologia e esta profissão era a verdadeira fonte de seu sustento. Mas foi exatamente por causa deste ofício que ele conquistou a carreira de fotógrafo. “Comecei a crescer no ramo quando entrei para a marca Reserva, criando a parte de sustentabilidade e os projetos sociais da empresa. Neste meio tempo, como a grife possui uma política de nós mesmos fazermos, acabei me voluntariando para fotografar as nossas iniciativas. Isto me deu a oportunidade de começar a criar também em estúdio”, explicou. Ele passou quatro anos trabalhando para a marca e, quando saiu, já tinha contatos suficientes para se sustentar no ramo pelo qual era apaixonado. Sendo assim deixou a carreira de biólogo para trás e foi se aventurar neste novo universo.

Thiago Fragoso no editorial do site HT. As fotos foram exclusivamente feitas e editadas por Patrick Sister (Foto: Patrick Sister)

Desde então, ele passou a ser freelancer e trabalhar para grandes empresas. Todo o talento perceptível em suas fotos é fruto da dedicação pessoal. Patrick nunca fez nenhum curso e aprendeu tudo o que sabe colocando a mão na massa, lendo e vendo vídeos na internet. “Aprendi a fazer indo para a rua e fotografando. Fazia trabalhos para alguma amiga que queria uma foto melhor, em eventos e outros”, informou. Com o tempo, descobriu que o que gostava mesmo era fotografar pessoas, seja um integrante de uma banda no palco ou gente caminhando na rua. “Levo máquinas para as praças da cidade e paro os moradores no meio da rua para tirar uma foto. O que me interessa é o olhar de cada um”, confessou.

Patrick gosta mesmo é de elementos marcantes em suas capturas artísticas, sempre mantém o olhar aguçado para focar em algo a mais. E, contrariando o resto do mundo, ele prefere mostrar elementos que muitas pessoas optam por deixar de fora. “Gosto das rugas, porque fica mais interessante na foto. Enquanto as pessoas querem esconder, eu quero mostrar, afinal, elas significam as histórias de vida de cada um”, contou. Profissionalmente, quando vai editar uma foto, ele prefere fazer correções de manchas temporárias, como espinhas. Se houver uma marca  no rosto de alguém, ele pode até suavizar, mas não vai tirar por completo, afinal aquilo faz parte de quem a pessoa é. “Não adianta mexer tanto se não vão te reconhecer na rua”, afirmou.

Podemos definir Patrick como um colecionador de histórias. Além de tirar fotos das pessoas na cidade, ele se aventura ainda mais na época de carnaval e se joga nos blocos em busca de um clique perfeito. Há três anos, criou Instagram específico para esta época do ano, o Humanos do Carnaval onde exibe o resultado da folia. Ele aproveita a vibe da época para apostar em fantasias incorporando a sua profissão. Já se vestiu de Peter Park do Homem-Aranha, sempre com uma câmera pendurada no pescoço. Ao mesmo tempo que tira as fotos, ele se preocupa em conversar com cada pessoa, conhecendo a história de vida delas. O que, para ele, torna o resultado ainda melhor.

Patrick Sister não tem a preocupação de colocar legenda em suas publicações. “Não quero bloquear a imaginação de quem vê o meu Instagram. Quero que cada um tenha a sua interpretação. Prefiro subir a imagem no ar e apenas esperar pelo feedback das pessoas”, concluiu.

Falando sobre censura, ao longo de 17 anos de profissão, Patrick nunca teve problemas com relação a ensaios que exibem o nu artístico. Em uma época na qual a exposição da nudez é cada vez mais discutida, ele afirma que não se limita por causa de preconceitos da sociedade. “Quando estou fazendo uma sessão de fotos deste tipo, deixo muito as decisões a cargo da modelo. Ela é quem tem que decidir o que pretende mostrar”, lembrou. E para quem não gosta deste tipo de fotografia, ele ainda completou: “Acredito que a censura deve ser própria. Se a pessoa não quer ver, ela simplesmente não compra a revista ou não vai à exposição. A arte tem este papel de incomodar, não está ali para se ser apenas bonita. Ela deve tirar o expectador da zona de conforto”.

Patrick Sister é o nome por trás das fotos do editorial do site HT do ator Thiago Fragoso (Foto: Divulgação)