Começa hoje! Fashion Rio mostra o inverno 2014 testando a paciência dos cariocas com o prefeito


Em dias de friozinho gostoso, mas com tumulto por conta da demolição da Perimetral, semana de moda carioca oferece casa própria ao cisne negro e faz Matisse surfar no balanço do jazz

A temporada inverno 2014 da moda prossegue hoje com mais uma edição do Fashion Rio, desta vez com direito a muitas emoções. Obviamente, ninguém espera surpresas indesejadas na passarela, com modelos pagando mico e escorregando em cena. Não se trata disso, é óbvio. Quando falamos em emoção, também não estamos nos referindo ao estrondoso hit-standard de Roberto Carlos, mas ao fato de que o evento acontece mais no Píer Mauá, um cenário absolutamente deslumbrante, mas que passa por um momento de caos, quando, em virtude da demolição do viaduto da Perimetral (importante via de circulação na Cidade-Maravilha bem em frente ao local do evento), o trânsito estará beirando aquele patamar de loucura visto somente em filmes-catástrofe. Nos últimos dias, foi possível confirmar como bota-abaixo do elevado é capaz de tumultuar por completo a rotina da cidade, com ecos até em lugares distantes e transformando o dia a dia dos moradores e visitantes em uma filial tropical do Inferno de Dante.

De qualquer forma, o evento começa hoje às 20130h, com Patrícia Vieira tirando o couro das modelos – literalmente –, a divertida e visceral Alessa apostando na sobriedade do preto-e-branco, carmim e cinzas, seguida do mineiro Victor Dzenk, que retorna hoje ao line up do evento carioca após alguns anos de ausência.

Enquanto Patrícia Vieira pretende seduzir o público com nada menos que 11 novas surpresas, transformando mais uma vez seu couro em arte – ela preparou novidades em couro pintado, grafitado, em tie-dye, foil, zebra e sabe lá mais o quê -, Alessa Migani se inspirou na obra arqutetônica de Paulo Mendes da Rocha para criar sua coleção. E, se Victor Dzenk der continuidade ao show que apresentou no Minas Trend, há cerca de um mês atrás, podemos esperar modelos frenéticas de caftãs desfilando o estilo marroquino na passarela, com presença dessa releitura  norte-africana que está em voga. Cool.

Alessa: arquitetôncia, mas efusiva!

Alessa: arquitetônica, mas efusiva!

Mas, durante a semana, será possível conferir o delírio criativo de outras marcas que apostam em praias tão diversas como florestas, penas de coruja, na efusão da Copa do Mundo, nos balés russos e até no conforto e segurança do lar. Valdemar Iódice investe em caçadas noturnas, trazendo os verdes das folhagens e nuances de sombras, além do mix de peles de animais. Com seu DNA característico, podemos esperar mulheres sexies com penas de coruja.

As florestas escuras da Iódice

As florestas escuras da Iódice

 

A Coca Cola Clothing foi ao numerólogo e mudou de nome. Agora se chama Coca-Cola Jeans e preparou uma celebração, falando da diversidade cultural do Brasil. A estilista Thais Rossiter embarcou em uma onda de patriotismo e alegria, ressaltando os contrastes do país, confrontando a cidade versus a natureza e dando destaque ao futebol, tema que já foi usado por Oskar Metsavah na SPFW. As cores da bandeira brasileira se adicionam ao preto-e-branco das bolas de futebol e ao vermelho do refrigerante em um show com trilha da exuberante diva Gaby Amarantos e David Correy. Podemos esperar sacolejos na platéia.

A diversidade da Coca Cola Clothing

A diversidade da Coca Cola Clothing

A Oh, Boy levantou o pé na orelha, ensaiou um pas-de-bourré, rodopiou e seguiu em frente em um grand jeté. Explica-se: no melhor estilo cisne negro, ela inseriu elementos do pós-punk noventista em uma coleção baseada nos balés russos, que procura trazer para a moda o lifestyle das bailarinas clássicas durante a árdua rotina de ensaios. Esperamos que os bodies, cachê-coeurs e polainas surradinhos que as Anas Botafogo da vida costumam envergar na barra não estejam escalados para essa récita fashion. Mas a grife já divulgou que vai levar para a moda o conto russo ‘Vasilisa, a Bela’, sobre uma órfã que enfrenta a floresta escura sob a proteção de uma boneca mágica.

A Espaço Fashion optou pelo terreno seguro da casa própria, o território ocupado pelo homem e os detalhes que o morador escolhe para personalizar o lugar. Vai rolar financiamento da Caixa? Minha casa, minha vida! Já Rique Groove adicionou o ritmo do jazz ao universo surfwear, e ainda trouxe referências do mestre Henri Matisse para a estamparia da sua R.Groove. Hum, conceito!

O croqui da Espaço Fashion

O croqui da Espaço Fashion: a moda da casa

 

E, se a Sacada entoa um mantra e viaja no colorido da Índia, a TNG brinca com conceitos fetichistas inseridos no universo punk, com direito a muito preto, bordô, verde militar e azul marinho. Como diria Madonna: “Erotic”! Podemos esperar pela presença de globais desfilando junto com os tops, estratégia de imagem cara ao big boss da marca, Tito Bessa. Surprise!

Os pós punks novestistas da TNG

Os pós punks novestistas da TNG

 

Croquis: Divulgação