Enquanto, no Brasil, instituições e empresários do setor discutem o formato das semanas e eventos de moda – com o cancelamento mais uma vez dessa edição do Fashion Rio – , os fashionistas já se preparam para, a partir de segunda-feira (dia 6/4), caírem de cabeça na maratona de lançamentos de verão 2015/16 com a abertura do Minas Trend, evento que a cada edição se consolida como um dos melhores no país.
E, entre expositores do salão de negócios e grifes que apresentam suas coleções nas passarelas, HT aproveita para dar uma palinha daquilo que está por vir, revelando alguns croquis das inspirações dos estilistas.
Na catwalk, a Vivaz dá a largada na maratona de desfiles na próxima terça-feira (7/4) resgatando a pérola negra brazuca – a jabuticaba, nossa berry mais genuína! O trio de estilistas Elisabeth, Camila e Isabela Faria vê símbologias insuspeitas encerradas nessa pérola negra (ou roxinha) em coleção que também traz a influência do quadro “O lavrador de café” (1939), obra-prima de Candido Portinari. Resta saber como ficará a mistura entre a frutinha e o trabalhador do mestre da pintura.
Já Mabel Magalhães – que na edição passada brindou o público com um dos desfiles mais bonitos do agito – volta no tempo e aponta, com linha intitulada “Glam Appeal“, sua metralhadora fashion para as divas do cinema pós-Segunda Guerra: Sophia Loren, Anita Ekberg (recém-falecida) e Brigitte Bardot. Seria a “guerra dos seios fartos”, como se costumava falar dessas e outras atrizes consideradas ícones da Sétima Arte na época, como Liz Taylor, Jennifer Jones, Anna Magnani e Gina Lollobrigida? Bom, brasileira não tem tanto busto quanto as norte-americanas e italianas, mas ama um decotão!
E a mais art nouveau dos estilistas que se apresentam na plataforma mineira, Fabiana Milazzo, se entrega à hospitalidade do simpático Tibete, desfilando peças que evocam os costumes e a religião locais. “Namastê” é o nome dado à coleção tão bem esperada pelas clientes que, dizem, o Dalai Lama, se visse, se dignaria a reencarnar numa editora de moda.
Raquel Mattar, mix de designer com blogueira, participa mais uma vez do Ready to Go, trazendo a leveza e a sensualidade da mulher em interpretações inusitadas por meio da fauna e flora brazucas. Hum, seria algo tipo a Juma Marruá, a lendária personagem da novela “Pantanal”, da extinta TV Manchete? Veremos…
E, se a Vivaz vê significados em frutas tropicais, a Frutacor, que não desfila, mas expõe no Salão de Negócios, vem com o “Jardin Mystique“, síntese de uma pesquisa em flores e jardins. A sofisticação de texturas naturais e um aroma de anos 1970 permeiam a estação.
Com o mesmo perfume setentista, a Civil Jeans aposta no boho chic para sua moda urbana e moody, enquanto a Kalandra se baseia na emblemática Zelda, mulher do escritor F. Scott Fitzgerald (de “O Grande Gatsby”), tida como uma melindrosa de responsa em sua época. Prato cheio para o trabalho elaborado da marca, já que os anos 1920 casam tão bem com o acabamento primoroso da roupa de festa mineira. O nome da coleção, “Perlage”, tem a ver com as borbulhas do champanhe, embora o espumante que leva esse nome no Brasil não esteja à altura daqueles néctares que Zelda costumava beber nas festas dos loucos anos.
A Cosh – que com belos modelos impressionou na edição passada, mas também se destacou pelo rufo criado especialmente para um dos looks bolados por Paulo Martinez para o desfile de abertura –, é outra que se deixa levar pelas festas para criar seus estilo, mas, agora, a levada são os badalos à beira da piscina no entardecer de um resort. Cool.
E a Arte Sacra, grife bacana que prima pelo barroco, investe em bordados suntuosos que convidam à contemplação. Hum, como se fosse no interior de uma igreja em Ouro Preto? Talvez. Mas, de certo, o mix de materiais revisita as décadas de 1950 e 1970. Já sua linha Arte Sacra Twins mais uma vez envereda pelo frescor da moda festa, agora com o nome “La Nuit Blanche Noir”. Segundo a marca, um convite para celebrar a liberdade.
E, se a onda é vestir a mulher da cabeça aos pés, duas grifes de acessórios – Claudia Arbex (bijou, 15 anos de ótimos serviços prestados à moda nacional) e Luiza Barcelos (calçados, 25 anos de estrada com possantes que fazem a alegria do mulherio) reforçam suas trajetórias de sucesso evocando o tema desta edição do MTP “Viva ciclicamente”, com exposições que revelam os movimentos cíclicos da natureza e o sucesso das empresas. Voilà!
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