É a crise! Moda masculina dá a largada em 2014 sem espaço para invencionices pouco comerciais!


Apesar das penas de gralha nas cabeças de McQueen, London Collections: Men enfatiza um inverno 2015 sóbrio, sem muito espaço para arroubos criativo!

*Por Alexandre Schnabl

Enquanto a temperatura avança no Brasil, com a massa de ar quente impedindo a formação de nuvens, elevando a sensação térmica e transformando cidades como Rio e São Paulo em sucursais do Kalahari, a última semana foi marcada pela London Collections: Men, o evento de moda masculina que apresenta as propostas para o inverno 14/15, dando início à nova temporada de desfiles. Irregular como sempre, composta por estilistas novatos que querem chamar atenção se alternando com grifes de expressão, como Topman Design, Paul Smith, Christopher Kane e Tom Ford, o line up também se destaca pelas boas propostas em alfaiataria, uma das zonas de segurança dos londrinos, sem muita abertura para maluquices de passarela.

E, claro, enquanto estilistas como Jonathan Saunders sapateiam flamenco entre a manutenção de seu estilo criativo e a necessidade de abrir espaço para o caráter comercial, a Burberry Prorsum, que costuma levar uma legião de compradores aos seus desfiles, reforça o papel de catalisador das atenções. Natural. A Burberry aposta em um inverno leve, com os tradicionais sobretudos e trench coats da marca em tecidos mais leves, às vezes valorizados por estampas gráficas coloridas, usados com calças pretas e camisetas em tela branca. E, além daquela cartela de cores masculinas como preto, branco, bege, castor e marinho, investe em tonalidades fortes como coral e verde esmeralda, sobretudo em detalhes e peças pontuais. Além disso, as maxi bolsas em padronagens étnicas de tapeçaria causaram.

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Fotos do desfile da Burberry Prorsum: divulgação

Confira abaixo o vídeo desfile da Burberry Prorsum!

Na outra ponta, Jonathan Sauders prefere evocar uma modernidade retrô, bem comportada, mas que agrada em cheio aos modernos. Atualizou o estilo preppie em jaquetas esportivas, suéteres com listras esportivas no peitoral ou na gola V, além de calças de alfaiataria, indicando que o esporte de luxo, que tem marcado presença nas coleções, continuará pelo inverno de lá, que equivale à nossa estação em 2015. Cores fortes como cobalto, coral e rosa contracenam com terrosos e preto, na presença de jogos gráficos e da ênfase dos debruns nas lapelas e contornando peças.

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Fotos: reprodução

Tudo azul para Sir Paul Smith. O designer usou e abusou dessa cor, misturando com xadrezes cinzas, mais clarinhos, como no terno que compõe com camisa índigo. E ainda trouxe a exuberância do jacquard floral para os paletós, em ton sur ton de azul klein. Luxo! Na outra ponta, menos aristocrática e mais esportiva, Christopher Kane preferiu os sobretudos matelassados com hoodies para modernizar sua alfaiataria precisa. E looks em preto total – com gola rolê intensificada pelos cortes de cabelo mod dos meninos – indicavam um certo revival do espírito sessentista. Salve os Beatles, os Monkeys e, também, os meninos do seriado “Mod Squad”!

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Com sua levada comercial, a Topman foi outra que apelou para montagens quase sempre monocromáticas, em marinho, azul glacial e preto, com algumas inserções de xadrez. Calças mais largas compõem belamente com tricôs pesadões, paletós e sobretudos, mas o destaque vai para o kaban em couro verde folha, quase marrom, material também usado em calça e na composição com outros tecidos em paletós estilizados. E também para o coral, cor que aparece com força em várias coleções e que acende a cartela essencialmente austera.

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Essa gama também marcou presença na coleção de Alexander McQueen, que brincou com estampas localizadas de maxi rostos sobre a tricoline branca das camisas para conferir modernidade a outras peças mais clássicas. Obviamente, a irreverência dos sobretudos trespassados e do corte seco, com ênfase nas lapelas estreitas, contribui para a aura rocker no resultado final, reforçada pelos maxi tartans e os cabelos desalinhados com penas negras aplicadas aqui e ali. Johnny Deep, que pagou mico com a gralha preta na cabeça de seu personagem no recente “The Lone Ranger”, devia seguir o exemplo.

Já Mathew Miller valorizou o preto total, com direito a tricôs, suéteres em matelassê, perfectos e calças pescando siri. Ok, tudo lindo na passarela, mas levando à seguinte pergunta: dá para segurar a canela de fora no inverno europeu? Mas, mesmo assim, linda a jaqueta eu couro verde. E, entre os highlights da semana, nada como fechar com o moderninho J W Anderson, que resolveu trazer um futurismo meio sci-fi para a passarela, com toques de androgenia, em maxi suéteres de gola alta canelados, com grafismos e listras contracenando com recortes em cor. Pouco comercial, mas agradável de ver no catwalk.  Os fãs de “Star Trek” agradecem!

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Em geral, listamos alguns dos pontos fortes:

1) cores secas, neutras e austeras

2) looks monocromáticos

3) xadrezes de vários tipos, ás vezes em proporções maxi

4) alfaiataria coordenada com malharia pontual

5) poucas estampas

6) coral, azul cobalto, ocre e verde esmeralda como toques

7) grafismos pontuais, geralmente em padronagens maxi

8) influência sportswear

9) shapes secos ou amplos, mas tudo sempre minimal

10) oxfords, oxfords, oxfords… Sobretudo em verniz!