Em pleno ano do Dragão, ao comemorar o resultado da 25ª edição do DFB Festival – multiplataforma da sinergia entre moda autoral, cultura, incluindo capacitação, empreendedorismo, música, gastronomia, realizado em Fortaleza (CE), Cidade Criativa do Design, título concedido pela Unesco em 2019, Claudio Silveira, idealizador do evento, tendo ao seu lado como produtora executiva, Helena Vieira Gualberto Silveira, foi pura emoção quando comentamos o sucesso do desfile 100% Ceará assinado por ele. Puro mélange das artesanias do Ceará com uma pegada inovadora para a moda autoral repleta de mentes brilhantes. E disparei: “Claudio, leva para o mundo o que vimos aqui?”. A resposta foi rápida: “Este é um projeto do meu coração e estamos estudando esta viabilização. Quem sabe começando pelos Estados Unidos?”. Em síntese: mãos à obra, mãos à moda.
Nestes 25 anos, sempre abordei a relevância do DFB Festival como exemplo da potência da sua identidade e a garra dos profissionais mostrando que os holofotes da moda são plurais e que, há 25 anos, já mostravam que podiam lançar luz fora do eixo Rio-São Paulo. O resultado está aí. Um exemplo do pensamento coletivo, do compartilhar. Claudio falou em outras edições: “Olhe que estamos nessa dianteira há mais de 20 anos, pois seu próprio formato é uma construção coletiva, em que diferentes potências são convidadas a participar de um projeto maior de luta em prol da criatividade”. E acrescentou: “É responsável por jogar um holofote sobre os novos talentos da moda autoral. Mas, o que fazem com essa luz, é mérito individual. Sobre ver nossos talentos superando desafios e conquistando novos espaços, lhe digo com toda a humildade: estamos apenas colhendo o que plantamos. É para isso que trabalhamos para realizar o DFB Festival. Meu lugar é na ponta dessa plataforma; pescando nomes novos e os lançando no mar alto. Sou só um operário da moda”.
Ao lançar o olhar para o desfile 100% Ceará é um prazer constatar que o “feito a mão” ainda é o grande protagonista. Fruto de três séculos de histórias, múltiplas ancestralidades. O que os novos tempos podem implicar em seu processo? “Os saberes, as técnicas, as manualidades das nossas artesãs demandam um tempo precioso para que sejam transmitidos de geração a geração. É um universo delicado. Em termos de produção, o tempo é um só e as rendeiras, por exemplo, são senhoras absolutas dele, não adianta fazer o relógio correr mais rápido. Já do ponto de vista do uso das artesanias como elemento agregador de design, o universo é vasto”, analisou, certa vez, Claudio. Assim, os designers podem escutar as vozes das artesãs e compreender como, a partir disso, têm um mar de possibilidades para elaborar e viabilizar a sinergia com a inovação.
Ao criar o 100%CE, a meta é unir forças. É lutar para isso, segundo Claudio Silveira. “A nossa praia é encarar e superar desafios”. E o DFB Festival continua firme, na dianteira, reafirmando a força produtiva da moda autoral.
Quanto ao DFB, a missão primordial também sempre foi possibilitar o acesso dos talentos emergentes a uma plataforma de grande relevância. Na edição número 23, Claudio afirmou: “Criamos e ampliamos programas de fomento e visibilidade para quem, normalmente, não conseguiria. A indústria da moda é cara; envolve muitos profissionais, tanto para desenvolver uma coleção, quanto para prepará-la, mercadologicamente, para ser comercializada. E é aí que nós entramos: fazendo com que novos talentos e designers de micro e pequeno porte, sejam tratados como grandes players. Mas, grandes oportunidades requerem, também, grandes responsabilidades”.
Expliquei aqui também que, depois que o DFB Festival conclui sua edição anual, a equipe organizadora avalia como estão aquelas marcas que ganharam uma chance de participar do evento. “Analisamos, ainda que de longe, sua performance pós-desfile; seu comportamento nos meses que se sucedem… Tudo para nos assegurar que a mensagem foi percebida; que aquela marca aprendeu lições valiosas. E, se tudo correr bem, a ideia é que, no ano seguinte, ela retorne ao evento mais consistente. Essa cadeia de eventos pode ser usada também para ilustrar o que seria “fazer moda hoje”, no Ceará, que abriga um evento como o DFB Festival. Sobre o amanhã, o que vemos é uma inquietação”.
O Ceará é um estado privilegiado. No século XIX, nós chegamos a ser o maior fornecedor de algodão para a Inglaterra! Aqui, nós condensamos toda a cadeia produtiva: do plantio ao descarte e reuso de insumos da indústria do algodão. Temos artigos 100% Ceará Premium. Temos insumos, mão de obra qualificada, designers criativos e inovadores – Claudio Silveira
No DFB Festival, as marcas convidadas são aquelas que apresentam uma postura mais sólida e inovadora. “Nós sempre buscamos nomes aspiracionais, e, nesse segmento, o que conta para nós, do DFB, é a capacidade que essas empresas têm de se reinventar e comunicar de maneira impactante o fruto de seu trabalho. Dessa forma, acredito que consigamos inspirar não só o segmento, mas todo o trade”, sempre pontou Claudio Silveira.
O DFB Festival 2024 é apresentado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura. Com apoio cultural da ENEL, realização da Associação Artesanias do Ceará e Empório Lokar. Apoio institucional da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará e Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), nos termos da Lei 13.811, de 16 de agosto de 2006.
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