Circulamos por entre os estandes do Espaço Experimente, no Rio Moda Rio, e contamos aqui tudo que há de mais cool no circuito alternativo da moda. Vem ver!


Óculos, jeans, beachwear e loungewear, bolsas e acessórios não passaram desapercebidos ao olhar atento de HT e marcas como Zerezes, Mig Jeans, Kiandco e outras foram nosso destino certo. Pega na nossa mão!

Durante a semana em que o Rio Moda Rio tomou os galpões do Pier Mauá (veja nossa cobertura completa), não foram só os desfiles que chamaram atenção. Os fashionistas que passaram pelos corredores puderam conhecer lounges informativos, comprar peças de marcas que cruzaram a passarela ali, in loco, e passear por entre os estandes do Espaço Experimente, que reuniu 18 marcas de designers do circuito alternativo da moda. Ou seja: que tem vendas realizadas principalmente pelo mundo digital, através de e-commerce e das redes sociais. Com curadoria de Mariana Salim, os estilistas do espaço tiveram a oportunidade de apresentar e vender suas coleções ao vivo para o público presente no evento e claro que nós, de HT, apaixonados por novidades que somos, fomos atrás de alguns dos responsáveis pelos estandes que mais chamaram atenção por lá.

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Os designers e estilistas do Espaço Experimente (Foto: Reprodução)

Zerezes
A Zerezes, marca de óculos de madeira reciclada que prioriza o design sustentável e surgiu, há quatro anos, no campus da PUC-Rio pelas mãos dos sócios Luiz Eduardo Rocha, Henrique Meirelles e Hugo Galindo, marcou presença forte durante todos os dias do evento e Hugo contou que foi dele a iniciativa de estar ali. “Eu vi que evento ia rolar e saí correndo atrás. É o Rio Moda Rio, nós somos a marca carioca de óculos, não tem como não estar presente aqui, à beira do nosso mar”, elogiou. A marca, que no passado também marcou presença no desfile da Maria Bonita, tem uma loja no Fashion Mall em parceria com a Odde, uma grife cool de tênis, e uma outra em São Paulo, em Pinheiros. “Estamos vivendo um processo de aprendizado, entendendo o que é empreender, estar no marcado”, disse ele, que explicou que o diferencial da marca são os materiais. “Viemos de uma faculdade de design de produto, então nosso background é o usuário. Ele é o centro de tudo, e, claro, as ideias, o conceito, a que remete”, destacou.

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Hugo Galindo posa em seu estande no Rio Moda RIo

Os óculos podem ser encontrados tanto nas versões de madeira e acetato como em restus, um material criado pelos três sócios. “Começamos com madeiras nobres reaproveitadas que encontramos na rua. Os óculos carregam na haste o nome da rua em que a madeira foi encontrada, então, por exemplo, se esse é o ‘rua tal, 37/200’, significa que é o óculos número 37 dos 200 que foram fabricados da madeira dessa rua”, explicou. Já o restus é ainda mais exclusivo. “No processamento da madeira, nós geramos serragem e somamos a resina de valona, daí chegamos no restus, o material que financiamos através da Catarse, de financiamento coletivo”, contou. O acetato foi o terceiro passo. “Não é tão rico concetualmente como os dois primeiros, mas é maravilhoso, um material incrível para fazer óculos, superflexível, que se adapta perfeitamente ao rosto”, disse. E todos são “séries limitadas de garimpados”, de acordo com Hugo. Nós amamos.

Mig Jeans
Isa Maria, Mayra Sallie e Luana Depp se uniram em torno de um objetivo em comum: fazer moda consciente e sustentável. Foi assim, usando jeans como matéria-prima, que elas chamaram atenção da curadoria do evento. “Estar aqui é uma enorme oportunidade de apresentar nossos produtos e principalmente nosso conceito para as pessoas entenderem mais do que é a moda sustentável”, explicou Mayra, que sabe a responsabilidade que carrega. “A moda é o segundo maior poluente do mundo, envolve trabalho escravo. Vir com a sustentabilidade, ainda na contramão de muitas marcas, é o futuro da moda. Trazemos algo que vem crescendo, que o povo vem conhecendo e tem ficado com olhos atentos. Acredito que seja algo que logo todas as marcas estarão envolvidas com isso”, disse.

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Mayra Sallie no espaço montado pela Mig Jeans no Rio Moda Rio

E se alguém ainda acha que as peças são menos cool, está com ideias totalmente ultrapassadas. “Garimpamos jeans, recebemos muitas doações e, através do original, criamos coleções, fazemos lavagens artesanais, pintura em tecido, colagem de jeans sobre jeans e transformamos o vintage, os defeitos, em charme”, explicou. De fato é para ficar de olho: a marca aceita peças antigas em troca de desconto! “Nós três estudamos juntas e, em uma das matérias do curso, desenvolvemos o projeto que, inicialmente, não era focado em jeans. Depois que descobrimos e percebemos o quanto de jeans encontrávamos – porque é um material que leva muita água, é um processo químico enorme e é descartado e fica pelo tempo – pensamos na ideia de resgatar todos que conseguimos e, a partir deles, dar uma nova vida. Uma peça que estava em desuso vira desejada”, disse. Se, há dois anos, quando começaram, a customização ainda era um terreno “novo”, hoje é hit absoluto. “Sustentabilidade e customização são o forte da nossa década, da nossa época. Nossa faixa etária, de 20 e poucos anos, quer recriar, fazer o nosso…. nosso público-alvo é quem quer mostrar quem é através das roupas”.

Pensa que acabou? Pois as meninas oferecem oficinas de customização durante os eventos que participam. “Fazemos sempre a Babilônia Feira Hype, que nos apoiou desde o início. Quem chega no nosso estande pode trazer seus jeans e reinventar com a gente ou customizar uma peça nova e transformá-la em algo do seu gosto. Transformamos, na hora, jaqueta em colete, cortamos as mangas, aplicamos taxas… fazemos tudo”. Uau!

Kiandco
A grife que chamou atenção da apresentadora Glória Maria não ficou de fora do nosso radar fashion. Capitaneada pela estilista Kitty Saladini, a marca fez maiôs ganharem status de couture e tomou as ruas com seu estilo que mistura elegância com descontração. “Estar aqui é muito legal, porque vi que fui escolhida a dedo. A Mariana Salim me ligou dizendo que a Kiandco marcava presença e eu vim parar aqui”, contou Kitty que, pega de surpresa, não chegou a criar uma coleção específica para o Rio Moda Rio, mas lançou peças inéditas bem ali, no Pier Mauá. “A produção estava chegando e segurei para lançar aqui”, revelou ela, que vende suas roupas em e-commerce. “O Gallerist já tem essa coleção, mas as peças que estão aqui são bem exclusivas, não estão lá. Estou abrindo um showroom em São Paulo em outubro e minhas roupas também estão na Dona Coisa”, contou.

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Kitty Saladini vestida com o quimono comprado por Gloria Maria

E se tem uma marca que tem a cara de sua criadora é a Kiandco. “Trabalhei com arte, eu tinha uma galeria aqui no Rio antes mesmo do ArtRio existir, mas sempre curti muito moda e senti que a cidade não estava preparada para a arte na época. Fui para Londres, estudei e voltei com esse projeto, mas demorei até colocar na ativa. A moda praia tem muito a ver comigo. Morei cinco anos em Barcelona e muito tempo no Rio. Amo esse loungewear, despojado, que não é só de areia de praia, é de dia a dia”, explicou ela, que acha “fundamental” o Rio de Janeiro voltar a ser pólo de moda. “Estávamos sem espaço. Eu estou bem otimista agora, em relação ao Rio Moda Rio. Muita gente que se interessa muito por moda vive aqui”, disse. A gente assina embaixo.

Cauli
A marca de “bolsas e acessórios inspirados pela natureza e feitos a mão para mulheres de personalidade” – como a própria descrição diz, não poderia ser mais cheia de atitude. Mesmo com produtos inspirados pela natureza, a imagem da marca não é necessariamente hippie ou alternativa, pelo contrário: passa um estilo atual e cool e pode ser usada e adaptada para diferentes tipos de mulher. “Começamos há seis meses, fomos crescendo rapidamente e chamamos atenção da organização do evento”, disse Elida Gurgel, gerente da marca.

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Elida Gurgel mostra as peças exclusivas da Cauli

São duas linhas: bolsas e brincos, que são os mais desejados. “Principalmente o brinco da chuva, que tem versões curta ou longa. As bolsas que estão bombando são as de crochê, mas nós já estamos introduzindo outros elementos para experimentar, como madre pérola, desenhos, clutches, e estão caindo no gosto do povo”, adiantou ela, que explicou: “O trabalho manual é único e acho que isso chama atenção na Cauli. Tem toda a coleção, mas a cliente também pode bolar uma bolsa só dela – sempre tem a exclusiva. Os brincos também são feitos manualmente, há um tempo de trabalho envolvido”, disse. Não à toa, tem virado hit.

Paolla Falcão
A designer de acessórios e ex-sócia da Can Can faz bijuterias cheias de personalidade e se apropria de referências étnicas e africanas para produzir peças únicas. “A Mariana Salim, curadora do espaço, entrou em contato comigo para estar aqui. Já somos conhecidas de longa data e eu aceitei na hora, claro. A receptividade tem sido incrível. É um evento muito legal, com enorme rotatividade de pessoas, então tenho conhecido muita gente, trocado contatos. Toda hora tem alguém de outro estado também”, contou Paolla, que desenha suas próprias peças e não trabalha com coleções. “Vou no ‘feeling’, acho que acessório é bom por isso. Não tem muito a história de respeitar tendência, dividir por estações. Eu sigo a minha onda que está sempre impressa no que crio”, disse.

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Paolla Falcão imprime sua personalidade forte nos acessórios que cria

De fato: a personalidade forte da designer de franja estilosa, alargadores nas orelhas e piercings é visível em suas peças. “Meu DNA é de coisas maiores. Não sou muito delicada, então sempre uso pedras, brincos grandes – que necessitam de materiais leves como acrílico, chapas de metal a laser… – eu vou fazendo, não especifico muito”, explicou ela, que já tem experiência no meio há oito anos – e sua marca homônima tem quatro. “Não tenho loja física. Vendo em eventos e tenho o meu ateliê no Rio de Janeiro. Não tenho interesse em abrir um lugar, manter é complicado demais, o mercado está difícil. É mais fácil colocar meu nome nos lugares do que abrir um negócio. Eu faço muitas parcerias, a própria Can Can, com a minha ex-sócia, Fernanda Guimarães, trabalhamos muito juntas ainda”.