Desde que começou a ser comercializado ainda no século 19, o jeans nunca deixou de ser um objeto de desejo para as mais diferentes tribos. Entre os astros de cinema, o denim virou ícone nos corpos de Marilyn Monroe e James Dean – este, por sua vez, tornou o combo calça jeans + camiseta branca em uma combinação atemporal. Até hoje não há Semana de Moda no mundo na qual a peça não esteja presente, seja reinventada em loucuras criativas como John Galliano mostrou recentemente na Maison Margiela, seja na boa e velha combinação de calça e jaqueta, uma das mais recorrentes entre os desfiles que Francisco Costa assina para a Calvin Klein. Nas palavras de Rihanna, que se cobriu do tecido dos pés à cabeça em seu último videoclipe com Paul McCartney e Kanye West (veja aqui), jeans são “f***ng iconic”.
A Cavalera, por sua vez, é uma das marcas que mais representam o verdadeiro streetwear no Brasil. Logo, tem sempre em suas coleções o jeans como peça que permeia a maioria dos looks, seja ele em forma de camisa, tênis, boné ou calça. Agora, a grife de Alberto Hiar reforça mais uma vez a sua conexão com seu público-alvo, com o lançamento da pioneira linha “Cavalera Bike Club”, que acompanha as peças de Outono/Inverno 2015. A iniciativa une duas das paixões atreladas ao lifestyle do cliente contemporâneo da Cavalera: estilo e consciência ambiental, visando aquela galera descolada que sabe apreciar o valor de uma bicicleta como meio de transporte e com direito a muito estilo.
A coleção é composta por calça e jaqueta utilitárias confeccionadas em índigo escuro de qualidade premium com a aplicação de uma resina durante a lavagem que deixa as peças impermeáveis. Mas essa não é a única vantagem que os ciclistas de plantão encontram: os jeans ainda vêm com tiras refletivas para pedaladas noturnas. No caso das jaquetas, as tiras se localizam na altura do peitoral, na parte da frente e das costas, e ainda recebem dois bolsos frontais. Já nas calças, o refletivo vem na barra, que surge ao ser dobrada para fora. As calças, especificamente, têm ainda cós duplo e reforço na área do banco e entre as pernas. O único ponto que diferencia os modelos femininos e masculinos é a modelagem que, no caso delas, evidencia mais as curvas naturais do corpo.
Procurando saber um pouco mais sobre esse novo passo no já diversificado catálogo da Cavalera, HT conversou com Vivian Rodrigues, estilista do jeanswear da grife há quatro anos, que contou como o material dialoga com o público e os valores da marca, sua transição através das temporadas e os planos futuros da grife para o denim. E essa conversa deliciosa você confere agora:
HT: Como surgiu a ideia da “Cavalera Bike Club”?
VR: Nós partimos dessa história de reutilizar e reciclar, desses novos meios de se locomover pela cidade, todo esse momento pelo qual essa geração está passando. Como a Cavalera é uma marca jovem, a gente sempre busca histórias e atrativos que fazem parte desse mundo. É daí que veio a concepção do jeans impermeável. Em São Paulo, já existe esse movimento de usar a bike para trabalhar – daqui a pouco teremos a própria bike para vender – e toda a ideia partiu da vontade de estar nesse novo momento que as pessoas estão vivenciando.
HT: Como vocês customizaram o jeans para ele ser utilizado na hora do exercício e não ter problemas como rasgos, irritações na pele etc.?
VR: O jeans ser “impermeável” significa que ele repele a água. Ele é utilitário, tem cós duplo – onde a pessoa consegue colocar o cadeado da bicicleta -, vem com os refletivos e, entre as coxas, tem um tecido duplo que o torna mais resistente na hora do atrito com o selim, além do cavalo traseiro que é mais alto para proteger as costas e esconder o cofrinho na hora de pedalar. Isso tudo foi feito na coleção de inverno. Para a próxima primavera-verão, nós já ampliamos essa família, que terá também os coloridos impermeáveis, feitos de sarja. As jaquetas foram otimizadas e as calças virão com um bolso lateral. Sobre o contato com a pele, a resina é completamente aprovada e confortável, então não causa nenhuma irritação.
HT: Como você vê essa cultura da bicicleta e da coleção atreladas ao lifetsyle do público Cavalera?
VR: Essa ideia não é só para o nosso público. É algo que vai muito além. O legal seria que a informação dessa “família” chegasse a outros nichos e pudesse ajudar as pessoas desse movimento. É fazer parte de uma mudança.
HT: Como vê a importância do jeans dentro das coleções da Cavalera, levando em conta que a marca é calcada no streetwear e sempre consegue reinventar o material?
VR: É bem gratificante. O que a gente faz? Nós temos uma primeira ideia e, então, produzimos. Esse foi o caso da “Cavalera Bike Club”. A partir daí, a nossa intenção é sempre aprimorar o produto. Temos o arroz e feijão? Sim. Mas também vamos em busca de novas texturas, como o jogger jeans e o jogging, que é uma história que tem acontecido bastante. Nós não ficamos focados apenas dentro da matéria denim, mas fazemos uma pesquisa de todo esse universo voltado para novas texturas e experiências. Qual o novo mundo acontecendo agora? O da bicicleta. Então, o que podemos fazer dentro disso?
HT: Qual foi a maior revolução que você observou dentro da moda em relação ao jeanswear nos últimos anos?
VR: O jeans é um camaleão do guarda-roupa. É muito versátil e, mesmo se modificando ao longo do tempo, você pode colocar alguma coisa em cima e sair de casa que está pronto. Para mim, essa revolução não seria uma peça, mas sim as tecnologias que as fábricas de jeans vêm desenvolvendo todos os dias para torná-lo mais confortável no corpo. Essas empresas pensam em como fazer a peça entrar e não sair. Eu acho que é isso: nós conseguimos revolucionar a estrutura da calça jeans até hoje.
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