Casa de Criadores Verão 16 #Day 1: da troca de experiências de Weider Silveiro com os índios Mapuches ao sobrevôo de Igor Dadona e Hangar 33


O primeiro dia de evento no Ginásio Esportivo do Pacaembu ainda teve a mulher poderosa com um quê de Medusa, dança na catwalk e uma viagem interestelar. Vem ver!

*Com Lucas Rezende

O primeiro dia da Casa de Criadores, no Ginásio Esportivo do Pacaembu, em São Paulo, começou apresentando ao mundo da moda o novo conceito e estrutura do evento. Durante todos os dias, a abertura de cada line up fica por conta do projeto LAB, uma iniciativa reconhecida pelo foco em novos designers – dando tom àquela intenção da Casa de revelar quem ainda não despontou -, com performance de dois minutos antes de cada desfile.

O estreante foi Diego Fávaro, que transportou a catwalk para a Terra do Sol Nascente. O arquiteto que resolveu ganhar a vida na cena da moda, fugiu da sua zona de conforto na malharia – que vende pela internet – para apostar em peças mais escuras, descontraídas, com telas, que nos remetem ao estilo urbano de se vestir. Onde o Japão entra nessa história? Com muito movimento, a coleção de Fávaro dá eco à poluição visual do país e ainda deixa tudo bem registrado com marcações da urbanidade de Tóquio nos looks.

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Na seqüência, dando start aos desfiles oficiais do line up, Rober Dognani carimbou nosso passaporte, dessa vez, para o passado, na Grécia Antiga. Rober se inspirou no mito da Medusa, o monstro mitológico feminino com cabelos de serpente que, se olhada, transforma a todos em pedra. Uma das modelos, por sinal, adentrou a passarela com uma serpente e fazendo carão sem pestanejar. Para mostrar essa mulher poderosa, fatal, que nem Medusa, o estilista recorreu a uma técnica particular, que já usa há um tempinho na Casa de Criadores: o látex com gaze de algodão, com uma cartela de cores em que o nude predomina, em looks de comprimento abaixo do joelho, mas sem perder a sensualidade que a proposta pede.

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Se Diego Fávaro e Rober Dognani resolveram nos transportar para suas ideias de origem, Weider Silveiro fez o contrário: foi ele mesmo in loco buscar inspiração para seu verão 2016. No nosso vizinho Chile, o estilista baixou na tribo indígena dos Mapuches, que conseguiram resistir aos conquistadores espanhóis numa batalha épica que durou 300 anos. De lá, dos antepassados, Weider trouxe muito vazado – ousado! -, e tear, semelhante às técnicas de tecelagem dos indígenas. Além da inspiração de construção das peças, teve espaço para look total-paetê, fazendo alusão à prataria dos Mapuches. Inspiração mil além das Cordilheiras.

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Verão é a estação hot, lembra leveza, alegria, dias claros. E aniversário idem: festa, euforia, tudo às mil maravilhas, certo? Não necessariamente para Igor Dadona, habitué da Casa de Criadores. Em sua ótica, uma cartela de cores mais sombria cai como uma luva, e, realista que é, nem sempre só sorrisos. Foi se inspirando em um aniversário mal sucedido que Dadona apresentou um desfile sem cores vivas, remetendo à tristeza, mas sem perder a diversão com chapéus de festa. Muita estampa, calças mais curtas e braços de fora, com toques de alfaiataria, assim como o verão pode (ou deve?) ser: sóbrio e leve.

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E Dadona bateu ponto duas vezes na noite, já que também apresentou a segunda coleção cápsula CAMU, dando continuidade à parceria lançada em 2014 com a marca Hangar 33. O nome da marca já diz tudo: hangar é muito mais que um simples galpão para se guardar e fazer manutenção de aeronaves. É, como a marca gosta de explicar, lá que “acontecem grandes momentos entre o piloto, o mecânico e a aeronave”. A coleção, obviamente, caminhou mais uma vez nesse sentido com uma alfaiataria super confortável, estampas que remetem a territórios, mapas, e ao passeio dos aviões. Dandona e a Hangar sugerem que o próximo verão seja do vermelhão, que bate uma bola perfeita com tons mais pastel, como branco e off-white.

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O primeiro happening dessa temporada ficou a cargo de Martins Paulo que parece ter assistido muito “Gravidade” ou “Interestelar” em suas últimas idas ao cinemas. O piauiense, que já apresentou uma coleção baseado em “A Tempestade” de Shakespeare, com direito a muitos trovões, gostou da coisa e veio para esta Casa de Criadores todo carregado de referências astronômicas. Com um quê de poeira cósmica, as estampas de Martins Paulo são futuristas, remetendo com muita clareza às galáxias. Ele acresce a essa temática uma mulher bem sensual, com geometria, elástico e decote, bem quente para a estação.

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No encerramento da primeira noite, Jadson Raniere estreou o formado vídeo + catwalk, com um show à parte. Tinha dança na passarela e na tela. Para dar certo, Raniere bolou peças sobrepostas, com muita fluidez, que permitiram bons movimentos na performance. A elas, o estilista acrescentou estampas florais e psicodélicas, que ajudaram a dar um tom divertido à coleção. Ele soube fechar a Casa de Criadores com chave de ouro, com essa ótima sacada para o formato de vídeo no desfile. Fica agora o desafio para Arnaldo Ventura e Danilo Costa e MayWho, os que se apresentam nos próximos dias.

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