Temporada de Inverno 2016 da Casa de Criadores chega ao fim com avalanche agender no Projeto Lab e equilíbrio entre autoral e comercial


Para o inverno 2016, Diego Fávaro, Ellias Kaleb, Issac Silva, Ocksa e Tarcísio Bransão integraram a encubadora de novos talentos do evento, enquanto Fernando Cozendey apostou na forma e beleza, Felipe Fanaia desenvolveu uma coleção divertida inspirada na própria memória afetiva e Rafael Caetano buscou na história da saúde a solução para peças estruturadas

Depois de ter apresentado a coleção de estreia de Emicida, firmado parcerias importantes na passarela, mostrado o suprassumo da moda masculina e apostado no clima de descontração para o inverno 2016, a 38ª edição da Casa de Criadores chega ao fim com desfiles que sintetizam o caráter vanguardista do evento. Pelo Projeto Lab, encubadora de novos talentos, as criações de Diego Fávaro, Ellias Kaleb, Isaac Silva, Ocksa e Tarcísio Brandão trouxeram forte influência do agender, mesclando ainda o urbano e encontrando o equilíbrio entre autoral e comercial. Já no line-up oficial de desfiles, Felipe Fanaia mergulha na própria memória afetiva para desenvolver uma coleção divertida, colorida e irreverente, enquanto Rafael Caetano busca na história da saúde a inspiração para peças bem estruturadas e Fernando Cozendey joga todas as suas fichas na lycra, focando na forma e na beleza da mulher.

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Diego Fávaro:

O estilista busca nas formas da batina cristã uma inspiração que o faça atingir um sexy diabólico e maléfico, criando o mood sabático da coleção batizada Six six six”. Na essência, as peças ainda carregam bastante do ar urbano que permeou toda a sua linha de verão, com muitos croppeds, bermudas de tela, bonés de spike e um ar agender, pontuado pela paleta de cores com bastante rosa pink e os modelos masculinos com barriga de fora. O número que dá nome à coleção, como nas melhores vestimentas do universo hip hop, acaba se tornando uma logo e se espalha pelas peças, trazendo ainda para o caldeirão de referências um tempero de ostentação, mesclando o conceitual com comercial.

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Ellias Kaleb:

Em seu début na Casa de Criadores, o estilista usa toda a sua experiência ao explorar tecidos, modelagens e a amplitude de gêneros com o Projeto Ricardo Almeida para criar uma coleção que transborda arte alinhada a conforto, em referências bem literais. Texturas de cerâmica, detalhes em rendas, cortes assimétricos e a desconstrução de suéteres, saias e camisas, somados à beleza excêntrica e a inspiração em um mundo sem fronteiras, não só desmancham a linha entre masculino e feminino, como também propõem novos significados e caminhos para  a definição de gênero.

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Isaac Silva:

Se o verão do estilista veio imerso no axé da Bahia, no inverno 2016 Isaac Silva volta a olhar para as próprias raízes culturais do Brasil, dessa vez inspirado pelo universo colorido e divertido das festas juninas. Apesar de não ter se entregado totalmente à paleta de cores que o tema oferece, as outras referências aparecem na passarela de formas bem explícitas e ampliadas: muitos babados, da gola à barra dos vestidos, patchworks com muito xadrez, aplicações de corações, laços, estampas de flores e poá. A última sequência, pontuada por saias rodadas, croppeds e macacões, traz o equilíbrio perfeito entre o caricato e o desejo real de consumo.

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Ocksa:

Em um movimento conceitual que prova ter dado muito certo, a Ocksa repete a temática da última temporada e adere ao slow fashion, propondo um pensamento ecológico e ambiental da inserção humana na natureza, através de peças com shapes amplos e confortáveis, nas quais a linha entre gêneros se mantém tênue. As telas de rayon e os tecidos manchados do verão permanecem, mas agora em uma paleta de cores mais fechada e sóbria, inspirada nos tons da floresta, que se espalha por maxicasacos de moletom, macacões, parkas e vestidos, em mais um trabalho funcional e bem articulado de Igor Bastos e Deisi Witz.

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Tarcísio Brandão:

Inspirado nas antigas civilizações da América Latina, Tarcísio mesclou o universo de Maias, Incas e Astecas com uma influência alienígena nesses povos, o que resultou em uma paleta de cores vívidas, repleta de azuis, amarelos e verdes. Em uma releitura contemporânea, o estilista investiu em vestidos transparentes com aplicações estratégicas e mínimas de dourado, longos rendados, macramês e todo um trabalho artesanal que não foge ao tema e ainda imprime o diferencial do trabalho de Tarcísio, tendo seu ápice nas máscaras produzidas no Chile.

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Felipe Fanaia:

Imerso em um túnel do tempo pessoal, Felipe buscou na própria memória referências de uma moda e um estilo próprios que se evoluem com o passar dos anos, criando assim a coleção “TrashorTrendy”. O resultado são peças altamente divertidas e autorais, com estampas de pintinhos de borracha, Power Rangers e unicórnios, além de acenos a tendências contemporâneas como o “manda nudes” e o agender, tudo em uma paleta de cores berrantes e aplicações de pelúcias que deixariam Miley Cyrus descabelada de tanta inveja.

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Rafael Caetano:

Buscando contar a história da saúde através de sua coleção, o designer aposta em modelagens que valorizam e se ajustam ao corpo, mesclando simultaneamente referências ao street e ao sportswear. Cartelas de comprimidos, estruturas virais e cadeias celulares ajudam a dar forma às peças, que trazem pela primeira vez um foco na malharia, inserida em meio ao neoprene, organza bordada e helanca escolar. A paleta de cores se divide entre o preto, o branco e amarelos pontuais.

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Fernando Cozendey:

Abstendo-se dos temas políticos e polêmicos, e sem nenhuma pretensão de levantar qualquer bandeira, Cozendey mergulha de cabeça no lycra e cria peças para uma mulher forte, sensual e glamourosa. Franjas chegam aos montes, ao mesmo tempo em que vestidos de um ombro só e mangas godê se revezam com bodies  de uma Mulher Maravilha monocromática. Em algumas peças, a figura de um cisne apareceu estampada, lembrando o público para prestar atenção na forma e na beleza das criações do estilista.

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