Casa de Criadores Day #3: das coleções de selos ao vuco-vuco dos deuses gregos, os felinos predominam


No último dia do evento, as coleções-bafo de Karin Feller, Juss, Fernando Cozendey e Walério Araújo

O último dia da 34ª edição da Casa de Criadores começou com a apresentação dos contemplados pelo Projeto BTOBE, que acontece dentro do evento e apresentou coleções de Brado, Cacau Francisco, Fabio Lima Malheiros, Flávia Ventura, Nosotros, Prêmio 9 e Thiago Bernanrdo.

Em seguida, foi a vez de Karin Feller abrir o line up oficial do dia.  Ela que foi a vencedora do Ponto Zero em 2008, começando sua marca dois anos depois, e, agora, trouxe como tema… O colecionismo! Em suma, ela pesquisou coleções de selos, borboletas, flores secas, almofadas e até gatos, pois alega que quem tem um, costuma ter vários. Coisa de tia velha, não é mesmo? E, claro, a gente tem mesmo visto os bichanos como inspiração de muita gente por aí, inclusive dentro da própria Casa de Criadores.

Ela desenvolveu blusões amplos e confortáveis, com bottoms mais ajustados em tecidos como crepe, malha devorê, tecidos ecológicos, jacquard, tricôs e algodões maquinetados. E ainda brincou com as estampas étnicas de ikats, fazendo um trocadilho com os gatos (cats). Tudo em cores escuras iluminadas por laranja queimado e amora, pretendendo traduzir um ambiente acolhedor com referência ao homewear. Em geral, ela apresentou uma coleção com potencial comercial, jovem e bem resolvida, com especial atenção aos bordôs e azuis que devem vender bem na próxima temporada.

Em seguida, abrindo o line up oficial do dia, a Juss, que desfila há cinco temporadas, também insistiu nos animais, mas, em especial, nas suas trocas de pele. Daí as peças em layers e texturas, às vezes metalizadas e em tons como azul e preto, e as misturas de estampas.

Fernando Cozendey, que também já tem estrada no evento, continua firme em suas pesquisas em torno dos tecidos elásticos. Como o estilista sempre se diverte – e anima o público – com sua verve bem humorada, as bolas da vez foram interpretações para Malvina Cruella (de 101 Dálmatas, da Disney), Mulher-Gato e Pantera Cor de Rosa, com direito a desenterrar, de algum mausoléu, a Tiazinha dos programas de auditório dos anos noventa. Oi? É isso mesmo??? Sim, é! Tanto que a coleção – batizada de Miau – foi mais uma que se alimentou de Whiskas para evocar o universo dos bichanos. Pelo jeito, o próximo inverno vai ser mesmo uma estação chegada a bigodes de gato.

Encerrando o evento, o veteraníssimo Walério Araújo trouxe seu costumeiro repertório bafônico calibrado pela sincera vontade de viajar. Para onde? Bom, Walério é do mundo e, óbvio, ele andou escolhendo percorrer uns lugares idílicos como a Grécia ou exóticos como a Índia e a África, misturando estampa tribal com onça. Grrrrr! Nessa volta ao mundo étnica, ele trouxe o ouro da Índia e cachos de uvas do Peloponeso, bordados em pérolas e paetês, além das estampas digitais de casais em orgíaco rala-rala, como aqueles que a gente vê no apimentado Kama-Sutra ou ornando a cerâmica greco-romana.

Fotos: Agência Fotosite