Ava Simões ganha concurso Miss Trans Star Internacional e comemora representatividade: “Misses negras eleitas esse ano”


Ava comemora resultado e cita o Miss Universo, vencido por Zozibini Tunzi: “Ainda se fala pouco do Miss Trans e esse concurso tem um grande diferencial: foram 25 trans e o que conta muito é a historia de vida de cada, de dificuldades, superação. Todas são vencedoras”

*Por Karina Kuperman

Ava Simões é a transexual mais bonita do mundo. Ela acaba de vencer o concurso Miss Trans Star Internacional, como representante da Angola, e, em conversa exclusiva com HT, contou como foi a experiência de viver dez dias ao lado de outras misses em Barcelona, na Espanha. “Eu fui muito preparada, acompanhei os vídeos dos anos anteriores, sabia que tinha que estar sempre bem vestida e maquiada, em todos as aparições no evento. Foram 8 dias acordando às 4h da manhã pra me arrumar e estar pronta às 8h. Isso foi a parte mais cansativa. Dormíamos meia noite e eu acordava muito cedo”, lembra ela, que levou o estilista carioca Henrique Filho, conhecido mundialmente por vestir as rainhas de bateria no Carnaval, para ajudá-la ganhar o título.

Ava Simões (Foto: Divulgação)

Além disso, Ava passou por uma intensa preparação: “Foram cinco meses em que trabalhei muito. Cuidei do corpo através de academia, corrida e golfe, fiz uma imersão em exercícios físicos. Também cuido da pele com um excelente cirurgião plástico e uma dermatologista”, detalha. “E fiz um tratamento terapêutico chamado Access, para me sentir preparada psicologicamente. Isso foi um grande diferencial, porque o cansaço, a tensão e o nervosismo mexem muito com a gente. Ainda mais no caso que eu estava representando um país que não é o meu. Queria que tudo fosse incrível. Mas o psicológico ficou perfeito”, garante. Mesmo que, no início, tenha enfrentado dificuldades com as outras candidatas. “Nos três primeiros dias rola uma concorrência. Muitas tinham pesquisado, visto a minha vida que eu tinha uma estrada. No começo me senti isolada. Mas depois, com encontros, trancadas no mesmo hotel, pegando o mesmo ônibus, com a mesma programação, o gelo foi sendo quebrado e eu saí com grandes amizades, como a Miss Brasil, a Miss Cuba e a Miss EUA”.

Ava ressalta a importância da representatividade e cita a Miss Universo, Zozibini Tunzi, representante da África do Sul e vencedora do concurso que elege a mulher mais bela do ano. “Esse ano, em todos os concursos de beleza femininos, ganhou uma negra. A Miss Universo é negra, eu ganhei o Miss Star Trans Universo… é um compromisso maior”, diz ela, que, agora, luta pela voz das trans. “Estar aqui ainda é muito restrito, a oportunidade de imprensa para as trans é difícil, mas quero quebrar essa barreira, ter minha voz, somos pessoas de bem, geramos empregos… quero quebrar paradigmas! Ainda se fala pouco do Miss Trans e esse concurso tem um grande diferencial: foram 25 trans e o que conta muito é a historia de vida de cada, de dificuldades, superação. Todas são vencedoras”.

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Agora, suas intenções são muitas: “Quero mostrar que podemos tudo. Sou dentista, trabalho nisso, e quero provar que podemos ser tudo que quisermos, todas. Não há limites quando se quer muito uma coisa. Meu lema é mostrar para as novas trans que elas podem tudo”, diz. “Ser miss não é ser a mais bela. É mostrar seu diferencial”.