“Hoje em dia, o modelo é socialmente ligado a uma imagem promíscua e homossexual, além de a maioria achar que você só terá sucesso através de ‘favores sexuais’. Não vou mentir e dizer que isso não existe, mas não é a maioria”. A frase é do modelo Gabriel Loureiro, um rapaz de 22 anos, agenciado pela tradicional 40 Graus Models, e astro do nosso editorial “As nuances do jeans”. Conciliando a carreira na moda com uma faculdade de Biologia e planos para cursar Nutrição nos próximos semestres, o louro de olhos verdes e 1,84 m de altura mostra-se um jovem focado em crescer no universo fashion, ao mesmo tempo em que esbanja talento em frente às câmeras. Durante um bate-papo com HT, o fã de Coldplay, Beatles e Red Hot Chili Peppers fala sobre os desafios da profissão, sonhos a longo prazo, divide seus melhores momentos e não se intimida na hora de abrir o jogo sobre os verdadeiros entraves do mundo da moda. “As pessoas não sabem o que temos que passar”, declara.
“Conheci a 40 Graus Models através do site da agência. Vi que poderia ter um potencial dentro dessa carreira e, então, mandei fotos bem simples de perfil para o site. Foi marcada uma entrevista com o Sérgio (Mattos, proprietário) e, então, fui contratado”, conta Gabriel, que tinha 20 anos à época. Durante os bastidores do ensaio “As nuances do jeans”, o modelo até brincou com o fato: “Pois é, eu comecei um pouco tarde, não acham?”, riu entre um take e outro, enquanto mostrava que o talento natural compensava pelo tempo “perdido”.
A família, como não poderia deixar de ser, é um dos principais agentes impulsionadores do rapaz na vida de modelo: “Sempre me dão um apoio muito grande, inclusive nessa profissão”, comenta, sabendo que, como todas as outras carreiras, a que ele escolheu também passa por altos e baixos. “Acho que um dos principais benefícios, além do mérito financeiro, é a diversidade do meio e o grande leque de pessoas com as quais você tem contato ao longo dos anos”, analisa. “Já fiz amigos modelos, fotógrafos, maquiadores, stylists e por aí vai…”, diz, ao mesmo tempo em que considera o meio masculino muito menos competitivo do que o feminino. “Acho que isso acontece porque a profissão de modelo do sexo masculino é algo mais recente, e, muitas vezes, não é levada a sério. Vejo uma relação de amizade muito maior entre os rapazes do que entre as moças”, opina.
Entre o clima de amizade e descontração, o rapaz de 22 anos destaca que um de seus trabalhos preferidos foi durante uma sessão de fotos para a Reserva, marca carioca que carrega o surfwear no seu DNA. “Foi um dos mais divertidos que já fiz. Além de a equipe de produção ter sido ótima, o dia estava lindo, sem uma nuvem no céu, e eu ainda pude fotografar e dirigir em uma picape old school, daquelas de estilo viajante. No final das fotos, ainda pegamos uma praia e comemos”, lembra o modelo, que também já teve seu rosto estampado em publicações como a GQ italiana, a Made In Brazil e tantas outras campanhas, como para a marca carioca The Paradise.
Mas nem tudo são flores e, se por um lado Gabriel consegue se divertir, conhecer novas pessoas e aproveitar a correrias dos cliques, por outro, ele admite que a profissão requer prática, aprendizado e disciplina, muito mais do que o público possa imaginar: “Me incomoda muito acharem que o trabalho de um modelo é simples, e que apenas visitamos praias ou locações maravilhosas sem o menor esforço. Essas pessoas não sabem o que nós temos que passar. Além das dietas rígidas (pelo menos no meu caso) e exercícios físicos constantes, as sessões de fotos geralmente são muito cansativas e desgastantes. Temos que fotografar embaixo de sol, com chuva, na neve, usando muitas roupas desconfortáveis e quentes, e sempre fazendo poses que não são tão fáceis como aparentam no produto final”, desabafa.
Sem deixar de tocar nos assuntos mais “evitados” e varridos para baixo do tapete, Gabriel não pensa duas vezes antes de falar sobre o lado obscuro da moda e como isso reverbera pelo público. “O principal lado negativo dessa carreira é o preconceito. Hoje em dia, o modelo é socialmente ligado a uma imagem promíscua e homossexual, além de a maioria das pessoas acharem que você só terá sucesso através de ‘favores sexuais’. Essa imagem só foi reforçada por ‘Verdades secretas’, recente novela da Globo”, aponta sobre a trama de Walcyr Carrasco que trouxe para o centro da discussão popular os books rosa e azul, catálogos de prostituição como ‘carreira alternativa’ de alguns profissionais da moda. “Não vou mentir e dizer que não existe, mas não é a maioria, como foi retratado”, explica.
Para cuidar do corpo, Gabriel Loureiro confessa que faz uma dieta controlada, musculação diária e exercícios aeróbios duas ou três vezes por semana. O resultado disso tudo está registrado no editorial “As nuances do jeans”, em que o modelo exibe o físico torneado ao lado de Taynara Resende, que também contou o seu ponto de vista sobre o mundo da moda em entrevista para o site HT. Quando perguntado sobre o assédio na profissão, ele conta que já está acostumado e que já aprendeu a lidar com isso bem antes de entrar para a carreira: “Desde a minha adolescência, eu recebo cantadas, tanto de homens quanto de mulheres. Sempre levo na boa, contanto que me tratem com respeito. Não sou preconceituoso e, nesse meio, é essencial se manter profissional”, explica o rapaz, que, apesar de estar solteiro, conta que namorou por grande parte da carreira de modelo, mas que a ex-namorada nunca teve problemas com isso.
Daqui para frente, Gabriel Loureiro tem um futuro brilhante à frente, e sabe que para alcançar seus sonhos ele precisará de foco e dedicação, algo que já tem demonstrado desde que entrou no meio. “Meu maior objetivo é fazer campanhas para marcas grandes e ser mais reconhecido na moda. Sei que aqui, no Brasil, essa meta é difícil, principalmente morando no Rio, mas no momento pretendo focar nas faculdades. Pelo menos por agora”, entrega, com um quê de quem já planeja seus próximos passos sem vacilar.
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