André Carvalhal apresenta a Malha: plataforma que vai incentivar e viabilizar novas marcas da moda


Para ele, as empresas que estão surgindo devem se preocupar em resgatar o propósito da moda ser uma chancela e serem sustentáveis. “Eu acredito que a consciência é um caminho eterno”

Está começando a montar sua lojinha e desenhar seus modelitos mas tá puxado ter um escritório, estúdio fotográfico, fábrica de costura e tudo mais? Para a galera do Rio de Janeiro isso não é mais um problema. HT apresenta o galpão de 2.000 m² da Malha, a nova plataforma coworking, com tudo o que as novas e pequenas marcas precisam para crescer. O espaço, idealizado pelo head de marketing da Farm e da Foxton, André Carvalhal, vai ser inaugurado em junho e irá abrigar 40 marcas em escritórios-contêiner e terá estúdio fotográfico com fundo infinito, Fashion Lab para produção de tecidos e acessórios de moda, local para comercialização das peças desenvolvidas, restaurante, área externa para convivência… Ufa! E não acabou. Se você é blogueira, designer, jornalista ou quer ter o seu cantinho reservado nesse galpão, também pode alugar uma vaga nos computadores do Espaço Flex. Mara, né? Desce mais para conhecer como surgiu a ideia e onde a Malha quer chegar com tanta novidade.

A Malha irá receber 40 marcas em escritótios-contêiner (Foto: Julia Pimentel)

O galpão fica em São Cristovão, no Rio de Janeiro, e vai receber 40 marcas em escritórios-contêiner (Foto: Julia Pimentel)

A Malha surge no mundo da moda com a missão de incentivar e viabilizar o nascimento de marcas dessa nova era da moda. “A ideia é conseguir ajudar a empresa como um todo, desde a criação à produção, comercialização e divulgação. Em entrevista exclusiva ao HT, André Carvalhal explicou que a plataforma nasceu como uma “solução para ajudar as novas marcas e revitalizar e revigorar as maiores já existentes”. Segundo ele, “a ideia surgiu no começo do ano passado quando a gente juntou no Templo, na Gávea, algumas pessoas que trabalham com moda que estavam vendo muita dificuldade com esse novo momento que a gente está vivendo. Daí, começou a cocriação do que hoje se tornou a Malha”. Localizada em São Cristóvão, entre as fábricas da Farm, Reserva, Enjoy e várias outras, a plataforma busca resgatar a missão, que para André, se perdeu pelo passado porque “começamos a focar toda nossa energia só na roupa”. “A gente quis aumentar o volume, a produção e as vendas cada vez mais. Com isso, grandes marcas e fábricas que sempre foram muito admiradas e valorizadas acabaram se atrapalhando”, comentou André.

Para ele, o real objetivo da moda está muito além da comercialização. “Eu gosto de acreditar nela como uma coisa que existe para servir a nossa vida, os nossos sonhos e a nossa identidade. Quando eu falo que as pessoas esqueceram um pouco disso, é porque a moda perdeu muito o significado e o sentido. Os grandes estilistas de outras eras, como Chanel, mudavam com a roupa o comportamento da sociedade. Hoje, a gente não tem mais marcas que estejam promovendo esse nível de transformação e impacto na sociedade”, afirmou. Pensando nisso tudo, André criou essa nova plataforma, que funcionará como um trampolim para novas marcas. Para ele, a Malha significa “a esperança para o resgate deste propósito inicial. “Eu acredito que vai ser um terreno fértil para marcas que queiram ser agentes dessa transformação, que tenham vontade de empreender nesse novo momento da moda”, defende. Com seu conhecimento de anos trabalhando no meio, André afirma que esse atual panorama é em função da perda na consciência do que é feito. “A gente perseguiu o crescimento infinito nas coisas sem considerar que tudo é finito. A nossa energia como força de trabalho é finita e os recursos naturais também. Então, eu acho que a gente precisa de uma nova ordem, uma reorganização de todo esse processo”, analisou.

André é autor do livro "A moda imita a vida" (Foto: Reprodução)

André é autor do livro “A moda imita a vida” (Foto: Reprodução)

Além da recuperação do ideal da moda, a Malha também se preocupa com as questões ambientais que essa produção poderá impactar no ecossistema. Segundo André, as marcas selecionadas para ocupar o galpão deverão ter essa consciência sustentável. E para ele já há um aumento nessa percepção das pessoas sobre o assunto. “É um movimento de tomada de consciência que está aumentando cada vez mais. Muitas pessoas já estão conectadas nesse momento e outras nem tanto. Eu acredito que a consciência é um caminho eterno”, afirmou André. Por isso, ele destaca a importância da atuação em empresas novas para que elas já cresçam com um formato mais sustentável. Como ele reconheceu, mudar a filosofia de empresas grandes já consolidadas no mercado é mais difícil, mas não é impossível. “Existem muitas marcas grandes que estão se transformando. Mas, sem dúvida, você já nascer em um novo cenário e com novo pensamento é bem mais fácil”, constatou Carvalhal.

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O espaço da Malha deve inaugurar em junho, segundo André (Foto: Julia Pimentel)

André, que deseja ver a Malha com uma grande representatividade, como Babilônia Feira HypeFashion Rio tiveram um papel importantíssimo nesse incentivo a novas marcas, acha que as semanas de moda estão perdendo força, porque “os organizadores esqueceram muito do significado de disseminar sonho, conteúdo e comportamento e focaram só como um canal comercial”. E ele acrescenta: “Eu acho também que por muito tempo as semanas não se reinventaram. Então, hoje, antes mesmo de o desfile acabar, as pessoas já compartilharam tudo nas redes sociais. Hoje, a gente se relaciona com o mundo real através do virtual e essa questão de suprir o desejo imediato dos consumidores é um grande desafio”.