*Por Brunna Condini
Mais do que nunca posturas críticas e ativas em relação aos problemas ambientais existentes no planeta estão reverberando no Brasil e no mundo. E a atriz Anaju Dorigon, no ar na reprise de ‘Malhação Sonhos’, é extremamente ligada à diversas causas sociais e relativas ao meio ambiente desde que rodou o mundo como Miss New Model Universe 2010, na República Dominicana, e Miss Teen Universe 2011/2012, no Equador. Durante os anos que teve seu reinado, ela foi embaixadora da conscientização da AIDS na adolescência, na Colômbia; trabalhou com crianças carentes, no Equador; e exerceu um projeto de reciclagem e conscientização ambiental nas escolas da República Dominicana. “Quando falamos de meio ambiente, de ciclo de vida, de cadeias que são inter e intraconectadas é extremamente necessário que a gente entenda que a preservação está em diversos atos, pequenos e grandes, que têm suas consequências. Olhamos para um cenário em que além da preservação é necessário também a recuperação!”, diz Anaju.
O nosso bate-papo foi realizado pós um ensaio exclusivo com a atriz, clicada pelas lentes do pai, Fábio Pereira, com peças da sua marca, a La Femme 368, que também tem como premissa a economia circular, o zero waste e a sustentabilidade de uma ponta a outra da produção. “Precisamos entender as ações que estão ao nosso alcance, em nosso dia a dia, estudarmos e nos informarmos mais sobre o impacto do que consumimos, como consumimos. Esse é um dos primeiros passos para integrar a preservação do meio ambiente em nossas escolhas e em nosso estilo de vida. Hoje temos acesso a muitas informações que nos permitem aprender mais e encontrar soluções. Sejam pequenos ou maiores, é necessário darmos estes passos”, frisa.
Por que é tão difícil para humanidade entender que a natureza, o ecossistema, não estão aí para nos servir? “Acho que são vários fatores. Desde a velocidade de consumo instaurada na sociedade atual até a defasagem de educação ambiental. Acredito que demorou muito tempo para que compreendêssemos (e ainda estamos compreendendo e aprendendo) os impactos a médio e longo prazo de nossas escolhas. Esta percepção geral e de longa prospecção não fazia parte do que estávamos escolhendo olhar. E, claro, que isso varia muito de acordo com os problemas estruturais de cada região! Acredito que seja impossível de generalizar, uma vez que precisamos também levar em conta o desenvolvimento sócio econômico, educacional e cultural”.
A marca está inserida num grupo de empresas que atuam de maneira mais sustentável. Como isso acontece na prática? “Começamos a trabalhar com a compensação de carbono: é feito um cálculo da quantidade de emissão de carbono da empresa (uso de websites, embalagens, transporte) e com isso, temos uma base média de árvores a serem plantadas para que haja esta compensação. Temos nosso QR Code que permite que a cliente veja as nossas árvores e acompanhe seu crescimento. Ainda temos muitas árvores a plantar e desejamos ampliar cada vez mais este movimento. É também levado em conta a necessidade de reflorestamento e de preservação de nascentes. Esperamos expandir cada vez mais nosso bosque, trabalhar também com compensação social e tentarmos fazer o que estiver ao nosso alcance para diminuir e compensar os impactos de nossa produção e consumo em nosso meio ambiente”, revela a atriz.
Pelas lentes do pai, o empresário e fotógrafo amador, André, a atriz apresenta uma releitura atemporal de looks clássicos em sua primeira coleção. “A fotografia é um hobbie dele! Sou filha única e tive o grande privilégio de crescer em uma família muito unida. Posso, de fato, chamar meu pai de meu melhor amigo. Ele é um homem inteligente, criativo, protetor e com uma imensa capacidade de olhar através das pessoas. Fotografamos juntos desde que eu tinha 14 anos! E me acompanhou em marcos muito valiosos da minha vida e também me dá os melhores conselhos! Ele é casado com minha mãe (Rosana Dorigon) há 30 anos e estão juntos há 36. Sou muito grata por poder aprender tanto com eles”.
Com o apoio da família e inspirada pela elegância das grandes estrelas da era de ouro de Hollywood (1940 a 1965), ela estreia como empreendedora na indústria da moda com a ‘The Golden Age Collection’. Cada peça foi batizada com o nome de uma atriz icônica daquele período, como Sophia Loren, Grace Kelly e Lauren Bacall, por exemplo. “Naturalmente existe uma fusão do estilo de todas as atrizes em cada peça, mas procuramos trazer uma predominância da característica pessoal de cada inspiração”, explica Anaju.
“Tenho um carinho tão grande por essa parte da marca… sempre fui uma grande admiradora dos filmes da Era de Ouro de Hollywood. Teve uma gigantesca influência na minha paixão pelo ofício artístico. Cresci assistindo estes filmes e querendo ser igual às atrizes. Então, fez muito sentido inserir algo que é tão precioso para mim na estreia da marca. Esta parte de criação é algo que pretendo seguir estudando muito para entregar coleções com histórias, com homenagens e inspirações… ser mais do que nossos desenhos e nossas peças, ter um significado e ser uma experiência”.
Por que esse nome, La Femme 368? “Desde o comecinho eu queria algo que envolvesse números, que remetesse à uma experiência e que também recordasse um pouquinho os antigos estúdios de filmagem e fotografia (sempre acompanhados de numerações). Queria algo que fosse um pouquinho diferente, que permitisse diversas formas de ser explorado e transformado. E o La Femme traz o clássico, além de permitir muitas possibilidades futuras”.
Diversidade
A alfaiataria da label é confeccionada em tecidos que pretendem valorizar o corpo feminino. Anaju conta que a grife investiu em materiais que pudessem manter a adaptabilidade a diferentes tipos, formatos e tamanhos de corpos, trazendo um acabamento refinado e com conforto. Ela conta que a marca disponibiliza modelos all sizes, que vão do P ao EG. Além da questão da sustentabilidade, o respeito à diversidade está no DNA de vocês? “Desde o início pesquisamos muito sobre tecidos e suas pluralidades; encontrar tecidos que tivessem uma boa adaptabilidade, que mantivessem o máximo de fidelidade aos croquis e que permitissem a faixa de valor que estipulamos. Trabalhamos com algumas variedades de tamanhos e meu desejo é seguir aprendendo e investindo para crescer e atender cada vez mais diversos tipos e tamanhos de corpos”.
Empreendendo com razão e coração
No ar na reprise de ‘Malhação Sonhos’, como Jade, Anaju diz que o modo empresária é uma versão sua natural. A atriz vem de uma família de empresários e nunca descartou desenvolver seu lado empreendedor. Não deu medo empreender no atual cenário? “A marca é um sonho que tenho desde antes de eu entender que seria atriz. Começamos a desenvolver este projeto em janeiro de 2020, quando o mundo ainda era outro! Com a chegada da pandemia paralisamos absolutamente tudo e aos pouquinhos fomos retomando, com muita cautela e o máximo de cuidado. Lanço a La Femme 368 através de incentivo próprio, mas com muito planejamento e estruturação. Empreender é algo que sempre quis e é necessário que tenhamos uma boa disposição de informações, programação e planificação”, divide.
“Acredito que o frio na barriga sempre vai existir, sabe? Ele estará lá e faz parte de todo momento e decisão que são importantes para nós. Meu maior medo foi o seguinte: começamos a desenvolver, e de repente, a realidade de todos nós se transformou, testemunhamos e vivenciamos tantas dúvidas, incertezas e dores… como seguir a gestação deste projeto que já havia se iniciado em meio a um momento tão delicado? Era muito importante que ficasse claro que é uma marca feita com o coração, que possui valores, e tentar, da melhor forma possível, tocar nossas consumidoras de uma forma mais humanizada e carinhosa”.
Qual seu envolvimento na parte criativa? “É total e completo! Gosto de deixar claro que ainda tenho muito o que aprender, mas sim, vou desde desenhar croquis, escolher tecidos, a desenvolver nossa fragrância exclusiva e fazer as planilhas financeiras, um desafio para quem sempre foi de humanas (risos). É claro que é muito importante que setores sejam delegados, mas neste início eu realmente quis participar de tudo o que eu poderia para elaborar a experiência do jeitinho que eu imaginei. Naturalmente tivemos adaptações e mudanças no percurso, mas tem sido um processo extremamente delicioso, enriquecedor e no qual tenho desempenhado funções que sempre tive muita vontade e tenho aprendido profundamente”.
Impactos da pandemia
A atriz de 26 anos, que vive em Valinhos, São Paulo, revela como tem vivido neste mais de um ano de pandemia. “Acredito que, assim como para todos nós, tem dias que são mais tranquilos e dias que podem se tornar muito difíceis. É um período de sensibilidade extrema, de vulnerabilidade e de incertezas, inserido em um contexto onde não temos domínio sobre quase nada. Lidar com tantos fatores tão delicados, ver constantemente tantas pessoas passando por situações tão sensíveis, é muito dolorido. Procuro estar muito próxima às orações, ao exercício da fé. E preservar um tempinho do dia para realizar alguma atividade que me faça bem, que traga tranquilidade. Aproveito, inclusive, para deixar minhas mais sinceras condolências a todas as famílias e pessoas impactadas pela pandemia”.
Neste cenário, muitas mudanças já são percebidas na indústria da moda. São transformações no consumo, matéria-prima e até design. Como tem acompanhado tudo o que está acontecendo? “Moda é arte, é linguagem, é reflexo do comportamento e momento social, então naturalmente existiriam muitas mudanças e adaptações passando por este momento. Acho que veremos cada vez mais possibilidades. Novos estilos chegando para ficar, estilos que sempre existiram seguirão fazendo parte das escolhas em nossos guarda-roupas também. Acho realmente fascinante a possibilidade que a moda nos dá de dizer muito através do que escolhemos e de, cada vez mais, permitir que cada um se sinta da melhor forma que desejar”.
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