Ex-lojista virou uma digital influencer de sucesso. Conheça a história de Layse Cohen, que tem 2mi de seguidores


Ela conquistou seu público ao compartilhar o dia a dia com seus filhos gêmeos. A carreira nas redes sociais começou por acaso, após a falência de uma loja multimarcas, e cresceu de forma orgânica. “Minha equipe somos eu e meus filhos”, comenta Layse, que enfrenta a logística desafiadora da Região Norte do Brasil, onde vive. Ela busca desmistificar preconceitos sobre a região, mostrando suas belezas e dificuldades. Sobre maternidade, Layse destaca: “É um desafio, mas a gente ganha força de onde não imagina”.

*por Vítor Antunes

Foi-se a época em que para ser famoso era necessário ter posado para capa de revista ou sair no jornal. Da mesma forma, foi-se a época em que para ser famoso era preciso inventar muita coisa. Layse Cohen, com naturalidade, revelou-se para o mundo e cativou cerca de 2 milhões de pessoas apenas com  seu carisma. Compartilhando o seu dia a dia e de seus filhos gêmeos – Daniel e Estella -, ela conseguiu um número expressivo de fãs e admiradores. “Minha equipe somos eu e meus filhos. Como estou sempre viajando por conta da profissão do meu marido, que é militar, fomos nos virando”, diz ela. As redes sociais surgiram por acaso, com a falência de uma loja multimarcas online que ela possuía: “Eu tinha Instagram, mas ele era fechado. Depois, abri para postar as peças da loja que eu precisava divulgar e a impulsionar conteúdo. Fui aprendendo a lidar com as redes. As crianças nasceram e comecei a postar para os parentes, os amigos foram chegando e, assim, o que era um hobby virou uma ocupação. Tudo bem despretensiosamente”.

Nascida no Rio, Layse cresceu em diversas cidades. Além de seu marido, ela própria é filha de militares. Passou por Juiz de Fora (MG), Tefé (AM), casou e foi para cidades como Brasília (DF), Belém (PA),  Marabá (PA) e Manaus (AM). Muitas dessas, na Região Norte, área ainda vista como excêntrica ou folclorizada pelo Centro-Sul brasileiro, o que a influenciadora critica. “As pessoas têm muita curiosidade. Muita gente não tem noção, acha que [o Norte] é só rio, que todos andam de canoa e que as pessoas moram em ocas – como os indígenas – ou andam entre os bichos. Claro que há capitais com melhor e outras com menor estrutura, e cidades de interior que são ainda mais precárias, mas procuro mostrar que essas regiões são incríveis”. Ainda assim, porém, Layse ressalta que há problemas logísticos na região. “Os produtos são mais caros, o mercado é mais difícil, os itens chegam com bastante dificuldade”.

Acho que as pessoas ainda têm um preconceito com a região Norte do Brasil, mas é importante que mudem a mentalidade  – Layse Cohen

Layse Cohen e seus filhos Daniel e Estella (Foto: Divulgação)

 

MATERNIDADE REAL

“Eita, peraí que o menino conseguiu derrubar o negócio do fogão, que era é preso, na bancada. Não sei como ele conseguiu derrubar”, disse Layse no meio da entrevista. Maternidade real, sem glamour, sem romantizações. A vida não para de acontecer por causa de uma entrevista, assim como uma criança – muito menos elas – não para que outra coisa aconteça. “Não acho que se deva romantizar a maternidade, mas também não mostrar apenas as partes ruins, porque isso pode influenciar as outras mulheres a não terem filhos”. Mas, ainda assim, ela pondera: “Houve momentos em que achei que mesmo tendo gêmeos, conseguiria dar conta de tudo sem precisar de babá para me ajudar, mas mudei logo de ideia. A maternidade é um desafio. Acho que a pessoa tem que descobrir sozinha sobre o maternar”.

A gravidez da influenciadora foi difícil, como é geralmente as gestações de gêmeos. “Mais próximo do final eu não conseguia nem andar direito. Ficava com a visão turva quando saía à rua, passava mal na rua, tive pré-eclâmpsia também, o que acabou fazendo com que as crianças nascessem prematuras. Inclusive, cheguei a fazer a prova da OAB já com a bolsa rompida – e fui aprovada. Então, acho que a gente tem que aprender a lidar com tudo. Hoje meus filhos estão maiores, cada um com seu temperamento e vamos aprendendo com isso. É um aprender sempre do zero”.

Layse Cohen e os filhos apresentam para os seguidores uma Região Norte distante dos estereótipos (Foto: Divulgação)

Layse reflete sobre a modernidade com uma sensibilidade afiada ao impacto das descobertas aceleradas da nova geração. Ela observa que o ritmo frenético com que as crianças assimilam o mundo transcende o entendimento dos pais. “Eles têm o pensamento acelerado”, diz. Nesse cenário, o desafio é imenso: a proteção, vigilante e amorosa, precisa se equilibrar entre a liberdade e a segurança. Ela e o marido definiram limites: sem WhatsApp, sem redes sociais. E nos joguinhos, um cuidado especial para evitar que desconhecidos contaminem o espaço seguro. Mesmo os desenhos animados, inocentes na superfície, às vezes ocultam mensagens que requerem uma atenção afiada.

Sobre o caos das redes sociais, Layse Cohen compartilha um aprendizado: selecionar e ponderar — nem tudo precisa ser dito, e nem toda discussão merece ser travada. Aquela ansiedade inicial de participar de polêmicas, de ganhar visibilidade a qualquer custo, foi substituída por uma tranquilidade que valoriza a paz interior sobre o barulho externo. “Nem por tudo vale a pena brigar”, diz.

Layse Cohen revela a maternidade real através das redes sociais (Foto: Divulgação)

Para Layse, a maternidade é uma transformação profunda que atravessa qualquer experiência que a vida possa oferecer. Em suas palavras, “o maternar muda a vida de qualquer pessoa.” A jornada de ser mãe, segundo ela, é uma vivência que desafia o intelecto formal, transcendendo o que livros e diplomas podem ensinar. “Acho que todo mundo deveria ter filho para ver assim essa experiência que faculdade nenhuma vai te dar, mestrado nenhum vai te dar. A gente ganha força por irmos além do que a gente imaginava”, explica. Essa mudança, no entanto, vai além da força física ou emocional; é uma transformação do modo de ver o mundo. “Passamos a ser menos egoístas, a cuidar do outro, realmente”, afirma, mostrando que a maternidade, para ela, é mais do que um papel — é uma revolução interna, um realinhamento profundo das prioridades e do amor, que ecoa para além de si mesma.