Dr. Alessandro Martins tira as dúvidas sobre a questões relacionadas entre o câncer de mama e a gravidez


Em sua coluna quinzenal no site HT, Dr. Alessandro Martins, que é especializado em reconstrução das mamas, responde questões sobre casos de câncer antes, durante e depois da gravidez

*Por Dr. Alessandro Martins

O câncer de mama é a neoplasia mais comum durante a gestação. Nós consideramos a prevalência dessa doença desde o período gestacional até 1 ano após a gestação, tendo uma incidência de até 25% de casos. O diagnóstico do câncer de mama durante a gestação é dificultado pelas alterações que a mama sofre durante esse período. Alguns mitos, como por exemplo, a proibição do uso de mamografia durante a gestação para rastrear um possível câncer. Isso não é verdade: é permitido que se faça a mamografia, com proteção abdominal, ou seja, com proteção de chumbo no abdômen para que o feto não pegue a radiação, uma vez que a mamografia é um exame de maior especificidade do que a ultrassonografia da mama, principalmente por conta do aumento da vascularização da mama durante a gestação, que pode levar a uma confusão no diagnóstico.

(Foto: Reprodução)

Tratamento durante a gestação

Outro fator importante é como seria o tratamento do câncer de mama durante a gestação. Mesmo durante o período de gravidez, a principal escolha terapêutica é a cirurgia. Indica-se que a cirurgia seja feita após 12 semanas de gestação, uma vez que a base principal da formação do feto já se completou. Então os efeitos anestésicos da cirurgia teriam menos consequências de má formação. Outra ação que é possível de ser realizada durante a gestação é a quimioterapia, entretanto os riscos de má formação no primeiro trimestre da gestação é maior, então prefere-se usar a quimio entre o segundo e o terceiro trimestre , com isso, teríamos menos risco para o feto.

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Reincidência de um caso de câncer durante a gestação

Outros aspectos importantes na relação entre gestação e câncer de mama é se a paciente que teve câncer de mama teria maior risco de reincidir após o tratamento se ela viesse a engravidar. Isso durante um tempo foi considerado uma verdade, entretanto os estudos recentes mostram que a gestação em uma paciente que já teve câncer de mama não aumenta o risco de recidiva da doença. O ideal é que essa gestação ocorra após o primeiro ano do câncer de mama, uma vez que o tratamento já está concluído nesse caso, com a quimio, a radioterapia já realizada, então seria a época mais adequada para a paciente, que, após um câncer de mama, pudesse engravidar. O que não pode acontecer é se a paciente que teve câncer estiver fazendo uso de bloqueadores hormonais, que é uma das formas de tratar o câncer de mama, entre eles, o tamoxifeno, o remédio mais comum que bloqueia o receptor de estrogênio na mama, para evitar a recidiva do câncer. Essa medicação faz má formação do feto, por isso que a paciente mesmo curada do câncer que ficou em tratamento com esse remédio, por 5 anos ela não pode engravidar. Isso por conta do uso dele e não por conta do aumento do risco da recidiva do câncer de mama.

(Foto: Marcio Farias)

Amamentação

A amamentação decorre normalmente na mama não comprometida pelo câncer, ou seja, aquela que não foi mastectomizada, já que a outra, pós-cirurgia, não possui mais glândula, então não tem a capacidade de produzir leite. Outro dado importante é que a gestação isoladamente é um fator que diminui o risco de câncer de mama, ou seja, pacientes que nunca tiveram filho e nunca ficaram grávidas têm um maior risco de desenvolver câncer de mama em comparação com as pacientes que já tiveram filhos. Isso ocorre porque, durante a gestação, a paciente fica menos exposta ao estrogênio, uma vez que o hormônio predominante na gestação é a progesterona. E ela, durante 9 meses, está exposta a uma pequena taxa de estrogênio, que é um dos fatores de risco, adquire esse fator protetor da gestação.

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Reconstrução da mama

Em relação à reconstrução de mama nessas pacientes que estão grávidas, descobrem um câncer de mama e são submetidas à mastectomia durante a gestação, o ideal é que se faça uma técnica paliativa, como, por exemplo, a colocação de um expansor de mama, que é uma prótese temporária, somente para que a paciente fique com algum volume no tórax. Esse expansor é enchido com soro e a paciente passa todo o período da gestação e do tratamento do câncer com essa prótese temporária com soro e, depois que termina todo esse processo, ela decide com seu cirurgião qual seria a reconstrução definitiva. Em relação às pacientes que já tiveram câncer de mama, já tiveram suas mamas reconstruídas, e num período depois resolveram engravidar, isso não tem nenhum empecilho e não interfere em nada, com a reconstrução da mama no passado. Somente essa mama não será capaz de produzir lente, uma vez que foi mastectomizada, então não possui mais glândula.

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