SPFW #Day2: na leva de desfiles externos, Paula Raia mostra como o tempo é compositor de todos os ritmos, enquanto Vix estreia com pé direito


Ainda teve a Osklen, que transformou sua loja na Vila Madalena em uma vitrine com muitas peças, croquis e grandes telões com filmes da campanha e recebeu seus convidados bem ali, por entre sucos naturais e araras

Paula Raia

“Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo, tempo, tempo, tempo… entro em um acordo contigo”. Foi assim, ao maior estilo desfile-poesia, que a estilista Paula Raia abriu sua casa, nos Jardins, para apresentar a coleção de verão 2017 de sua marca homônima. A coleção foi construída com materiais que simulavam a ação do tempo – com direito a seda feltrada à mão que dava a impressão de uma paisagem vista através de uma janela empoeirada e tules de algodão frágeis como teias que ganharam charme com os bordados à la trepadeiras aplicadas. “Têm peças que são assimétricas, que são diferentes do que eu sempre fiz. É uma coleção repleta de equilíbrio, ao meu ver”, analisou, na garagem de sua casa que serviu de backstage. Cores desbotadas, envelhecidas, cordas de algodão com pontas desconstruídas e estampas craqueladas ajudaram a reafirmar o conceito, simulando pinturas que sofreram ação do tempo. “É um processo manual que leva muito tempo. Desenvolvi e fiz tudo, mas a gente trabalha em cima desse método por muito tempo, então esse foi o maior desafio. E a calma que a gente tem que ter de que tudo vai dar certo, claro”, explicou. Bem ao estilo do tema “Mãos que valem ouro” da SPFW, a estilista apostou no trabalho manual como principal elemento da coleção. “A valorização do trabalho manual é tendência. Falamos de amplitude, de leveza. É minucioso em cada parte. A grande inspiração veio do tempo e da busca de estar presente o maior tempo possível. Hoje em dia, no imediatismo, acabamos perdendo muito. É uma valorização do processo da vida”, explicou. O tempo, até então compositor de destinos, ajudou a bordar.

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Osklen

Imagine uma ilha onde o azul do céu se junta aos tons do mar e duas luas dividem o espaço com o sol. Por lá, um casal cosmopolita divide espaço com flores e frutos híbridos. Pois foi isso que Oskar Metsavaht pensou ao criar sua coleção de verão. A divisão foi feita por materiais em três blocos: linho, seda pura e neoprene. “São fibras naturais, supersofisticadas, acho que é uma direção de Osklen internacional que é nossa cara. Nós, brasileiros, somos bons em muita coisa e eles esperam que sejamos os melhores em coleções para os momentos escapistas de relaxar. Tentamos fazer uma marca brasileira e o mais luxuoso possível. E a Osklen é 94% feita no Brasil e com qualidade que representa o que somos”, explicou Oskar, que incluiu Swarovski e elementos finos nas peças despojadas. “É um amadurecimento meu e da minha equipe, sem perder a essência do conceito de lifestyle da Osklen, mas passando pelos últimos 15  anos de exercício de design de moda. Trouxemos elementos de estilo de várias coleções com materiais que simbolizam e significam Osklen. As fibras e neoprene dão a nossa assinatura, já a seda, o linho e os cristais Swarovski dão luxo. Estou bem feliz”, comemorou.

A apresentação fugiu do habitual desfile ao sugerir um novo formato: é que a Osklen transformou sua loja na Vila Madalena em uma vitrine com muitas peças, croquis e grandes telões com filmes da campanha e recebeu seus convidados bem ali, por entre sucos naturais e araras de roupas. “Quis trazer o máximo de informação. Isso de poder chegar perto, encostar na peça, ela ser pendurada, eu acho interessante. Poder expressar de outra forma os momentos de uma ilha imaginaria proposta por um casal urbano é legal. As estampas contam história, as peças em si já mostram essa busca de um momento relax da vida da gente mas se mantendo sofisticado e uma certa vanguarda de moda”, explicou.

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Vix

Após conquistar o mundo com o seu beach-chic, a capixaba Paula Hermanny trouxe sua marca Vix para estrear na São Paulo Fashion Week. O segundo dia de evento começou com a apresentação da coleção Resort 2017 na Casa Jereissati, no Jardim Europa, para um time seleto – tanto que alguns acabaram ficando de pé, tamanha a disputa. O que se viu foi uma moda que passeou muito além da praia, apostando em cores quentes, privilegiando o mix de estampas em tecidos orientais com texturas, além do linho tinturado e do algodão com seda. Os aviamentos, peças em latão confeccionadas manualmente, pontuaram detalhes em biquínis e outros looks – com amarrações e fendas, por exemplo. “Quero que mostrar que sei fazer além da moda praia, peças em tecido”, nos disse antes do desfile. As peças em tecido plano apresentaram modelagens de comprimento irregular, abrindo espaço para bolsos e amarrações exclusivas. Os maiôs frente única, destaque do swimwear, trouxeram recortes que ora cobriram o colo, ora apostaram nos decotes profundos. Tudo carregando a já conhecida assinatura da marca, um prato cheio para a mulher que equilibra charme e despojamento nos momentos de lazer e férias, seja no Leblon, seja em Bali.

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