Simone lota Vivo Rio com o show “É melhor ser” a R$ 1. Vem conferir e lembrar o papo exclusivo da cantora com o site HT


No show, música com Zélia Duncan (‘Só Se For’) e a carta que a Fernanda Montenegro escreveu (‘A Propósito’), cuja melodia foi assinada por Simone

Batizada de “É melhor ser”, assim como o disco do qual é extraído o repertório, a turnê de Simone mostrou aos cariocas – comemorando seus 40 anos de carreira – a sua potência no palco do Vivo Rio, ontem, sábado. O show, ela garantiu em entrevista exclusiva ao HT, é “uma grande homenagem às mulheres, em especial às compositoras”. E há dias engatou um papo com a gente sobre feminismo. “Quando comecei minha carreira, as mulheres eram basicamente intérpretes e, de uma forma geral, ainda ocupavam poucas posições de destaque no mercado de trabalho”.

Simone, toda de branco, no palco do Vivo Rio (Foto: Vinícius Pereira)

Simone, toda de branco, no palco do Vivo Rio (Foto: Vinícius Pereira)

Como a gente contou aqui, segundo Simone, nas últimas décadas, “obtivemos uma série de conquistas e isso se refletiu também na música”. “As cantoras que surgem atualmente, em sua grande maioria, são também compositoras. Queria celebrar esse olhar feminino na composição. Por isso, vou desde Dona Ivone Lara, Sueli Costa e Ângela Rô Rô a Teresa Cristina, Zélia Duncan e Adriana Calcanhotto. Ficou um painel interessante sobre a composição feminina”, explica, recorrendo a Chiquinha Gonzaga (1847-1935) como justificativa. “Foi a primeira mulher a compor no Brasil, mas esse universo ainda era muito restrito. Mais adiante tivemos Rita Lee e Marina Lima, por exemplo, mas ainda éramos minorias”.

Engana-se, no entanto, quem acha que essa leva atual de cantoras que também compõe é satisfatória para ela. “Ainda temos desigualdades entre homens e mulheres em várias profissões. Melhorou, mas ainda falta muito para conseguirmos a igualdade. O Brasil sempre teve uma tradição de cantoras, então essa resistência, particularmente, não encontrei muito, mas as mulheres ainda têm que batalhar para termos um mundo verdadeiramente igual”, analisa ela, que manda avisar: “Podem dizer que sou feminista e que acredito que homens e mulheres são iguais e têm os mesmos direitos”.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Sociedade à parte, no show, Simone cantou canções de Dolores Duran (“A noite do meu bem”), Isolda (“Outra Vez”) e inéditas em sua voz como “O tom do amor” (Moska/Zélia Duncan) e clássicos como “Começar de Novo” e “Sob medida”. Outra boa nova do espetáculo também está no preço, com ingressos vendidos a…R$ 1. “Fazer uma turnê verdadeiramente popular era um sonho antigo, que finalmente consegui viabilizar com patrocínio (de uma seguradora). O Brasil sempre teve desigualdades sociais, a cultura não é de acesso para todos. Muitos gostariam de assistir a um show meu, mas não tinham dinheiro para pagar o ingresso. Agora, podem. Acho que nosso papel é sempre tentar levar arte ao maior número possível de lugares e de forma democrática. Estou tentando fazer a minha parte e vejo que muitos artistas também estão nessa intenção”, diz.

Simone, porém, comenta que nem sempre “é fácil porque montar um show é caríssimo”. “Estou fazendo o espetáculo completo, com tudo que o público tem direito. Mas tentei e consegui”. Nessa entrevista exclusiva, a cantora fala da amiga Christiane Torloni, que assina a direção geral do espetáculo, da sua fama de não receber bem críticas profissionais e do atual cenário musical brasileiro. Só descer para saber o que a cigarra tem a dizer. Um spoiler: “É melhor ser, sempre, em qualquer circunstância. A gente tem que ser o que é. Com coragem e verdade”.

Leia o nosso bate bola com a cantora aqui.