Rock in Rio Day 3 – Da recordista Ivete Sangalo e seu axé a Bon Jovi. O que rolou no Palco Mundo!


“Se abracem, quero todo mundo se abraçando”, pediu Veveta. A noite teve também Goo Goo Dolls e Dave Matthews Band

*Por Jeff Lessa

Ivete Sangalo abre o Palco Mundo no terceiro dia de Rock in Rio mandando o recado: ‘Hoje é dia de rock. E de axé, bebê!’

Recordista em apresentações no evento, cantora baiana levou o público ao delírio com hits como ‘Abalou’, ‘Sorte Grande’ e ‘Tempo de Alegria’, além de cantar funk e covers de Tim Maia e Roberto Carlos

Ivete Sangalo abriu o Palco Mundo no terceiro dia de Rock in Rio em grande estilo: vestida com um macacão branco e brilhante, colado ao corpo, confeccionado com mais de 50 mil cristais e decotadíssimo. O modelito, que era atravessado do pescoço à cintura por um raio dourado igual ao que David Bowie trazia estampado no rosto nos tempos de Ziggy Stardust, foi bastante elogiado pelos fãs. O show começou pontualmente, às 18h, com a cantora baiana tocando bateria. Ela cantou “Eva”, megassucesso da banda homônima na qual começou a carreira, no que foi acompanhada fervorosamente pelo público. Em seguida, emendou com os hits “Tempo de Alegria”, “Abalou” e “Sorte Grande”.

Logo depois, Veveta homenageou o funk carioca com uma sequência de sucessos como “Onda Diferente”, de Anitta, e trechos de “Cerol na Mão”, do Bonde do Tigrão, e “Vai Lacraia”, do Mc Serginho. A baiana mandou “Um beijo a todos os funkeiros” e levou o povo ao delírio ao dizer a que tinha vindo: “Hoje é dia de rock. E de axé, bebê!”.

E Ivete, claro, cumpriu a promessa. Mas foi além do rock e do axé, cantando um animado cover de Tim Maia (“Gostava Tanto de Você”) e uma versão mais sacudida de “Além do Horizonte”, de Roberto Carlos, que botou os fãs para cantar junto, numa grande saudação ao Rei, enquanto cenas de abraços eram projetadas no telão gigante. Ela conclamou o público a demonstrar amor: “Se abracem, quero todo mundo se abraçando. Amor livre, abracem e beijem!”.

Nesse momento, Ivete dedicou um tempo para falar de amor. E fez bonito, louvando a diversidade. “Que a gente possa amar com liberdade, porque isso é o que nos resta hoje. Amar e saber amar o outro e respeitar o amor do outro”. Foi bonito.

“Beleza Rara”, outro enorme sucesso da Banda Eva, foi a canção seguinte. O refrão “Hoje sou feliz e canto / Só por causa de você / Hoje sou feliz, feliz e canto / Só porque eu amo você” levantou a galera, que lembrou o imenso coro para “Love of My Life”, do Queen, na primeira edição do RiR, em 1985.

O sertanejo também teve a sua vez, com Ivete cantando “O Nosso Amor Venceu”, que ela gravou com Marília Mendonça, em cima de uma escultura de onça gigante. “Uma onça em cima de outra”, brincou a cantora, para risos gerais.

O momento fofo veio com Ivete dedicando a apresentação aos três filhos, Marcelo, Helena e Marina, e lembrando que estava grávida quando cantou pela última vez no festival (por sinal, sua gravidez foi anunciada durante o evento). Ivete Sangalo é recordista em apresentações no Rock in Rio, além de cantar em Lisboa, Las Vegas e Madri.

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Goo Goo Dolls faz uma ótima apresentação em que aposta nos hits da década de 1990, com destaque absoluto para ‘Iris’

Surgida na cidade americana de Buffalo em 1986, a banda está no Brasil pela primeira vez e já abriu shows para Bon Jovi em Recife, São Paulo e Curitiba

O Goo Goo Dolls fez um show adorável, embora em um primeiro momento não tenha entusiasmado muito o público. A banda, que está fazendo a turnê de “Miracle Pill”, apostou suas fichas em canções dos anos 1990, mas incluiu duas músicas do álbum novo: a que dá nome ao disco e “Indestructible”. Faixas de outros cinco álbuns também estiveram presentes na apresentação, a primeira do Goo Goo Dolls no país.

Sucessos como “Black Baloon”, “Broadway” e “Slide”, do disco “Dizzy Up The Girl”, de 1998, foram bem recebidos pelo público, menor que o dos dois primeiros dias do festival. “Iris”, composta exclusivamente para o filme “Cidade dos Anjos” (refilmagem do clássico de Wim Wenders “Asas do Desejo” estrelada por Nicolas Cage em 1998) e maior sucesso do grupo, encerrou a noite com direito a celulares acesos e plateia fazendo coro.

Simpático, o vocalista Johnny Rzeznik chegou a ensaiar algumas palavras em português ao se dirigir aos fãs. No entanto, o recado mais afetuoso foi dado mesmo em inglês: “I love you”, derramou-se o líder da banda, para alegria da plateia, que pareceu corresponder ao sentimento.

O Goo Goo Dolls nasceu em Buffalo, em 1986. A banda é formada por Johnny Rzeznik (vocais e guitarra), Robby Takac (baixo e vocais) e Mike Malinin (bateria). O trio, que faz um pop rock alternativo, tornou-se conhecido nos anos 1990. Seu primeiro sucesso comercial veio com o quinto álbum, “A Boy Named Goo”, de 1995. Na época, porém, eles ainda se chamavam Sex Maggots.

Foi apenas em 1998, com a inclusão da bela canção “Iris” na trilha sonora do filme “Cidade dos Anjos”, que alcançaram fama mundial. O estilo mais pop atraiu milhões de fãs, mas frustrou os que acompanhavam os músicos desde suas origens no punk/grunge. Ao longo desses 33 anos de carreira, o Goo Goo Dolls lançou 12 álbuns de estúdio.

Além do Rock in Rio, eles abriram os shows de Bon Jovi em Recife (no dia 22), São Paulo (25) e Curitiba (27).

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Dave Matthews Band volta a se apresentar no Rock in Rio e mostra músicas do álbum ‘Come Tomorrow’, de 2018

Além das canções mais novas e dos sucessos, a banda tocou ‘covers’ de clássicos de Bee Gees, Prince, Peter Gabriel e AC/DC

Depois de 18 anos, a Dave Matthews Band voltou ao Rock in Rio na noite de domingo para se apresentar no Palco Mundo, antes do Bon Jovi. A banda abriu o show com “Don’t Drink The Water”, do álbum “Before These Crowded Streets”, de 1998. Em seguida, o líder do grupo disse que só queria aproveitar a noite. “É um lugar muito bonito para se estar, espero que vocês aproveitem”.

Esta é a sexta vez que os músicos vêm ao Brasil desde 1998. No set list com apenas 13 faixas (bastante esticadas por longas sequências instrumentais), as novidades foram as músicas de “Come Tomorrow”, o trabalho mais recente, lançado no ano passado, com que a DMB se tornou a primeira a ter conquistado por sete vezes seguidas o topo da parada da Billboard. Mas não faltaram sucessos como “So Much to Say” e “Crash Into Me”, ambas do disco “Crash”, de 1996, incluído na lista de álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame.

Simpático e parecendo estar realmente curtindo estar no palco, Dave Matthews agradecia cada manifestação da plateia com um “Obrigado” carregado de sotaque americano. Num determinado momento, chegou a passar o dedo indicador sobre o braço, para dizer que estava arrepiado de emoção.

Fugindo um pouco a seu estilo, que mistura pop rock, música country e rock progressivo, o frontman incluiu alguns covers no show. Clássicos como “Sledgehammer”, de Peter Gabriel, “Sexy MF”, de Prince, “Back in Black”, do AC/DC, e “Stayin’ Alive”, dos Bee Gees, foram os escolhidos. E ficaram muito bons. Deu para compreender o motivo pelo qual a banda já vendeu 38 milhões de cópias entre álbuns e DVDs.

O show no Rio chamou a atenção por ter sido muito diferente do que o que a banda apresentou em São Paulo na sexta-feira, dia 27. Lá foram quase três horas, com um setlist de 22 canções. Todas (todas!) devidamente cantadas pelo público, que aplaudiu entusiasmado os solos instrumentais virtuosísticos.

Formada em Charlottesville, no estado americano da Virginia, a banda pode ser considerada uma das mais influentes da história do rock. Ao todo, já foi indicada a 14 Grammys, o Oscar da música nos Estados Unidos, e ganhou em 1997, com a canção “So Much to Say”, na categoria melhor Performance Vocal de Rock. A formação atual do grupo é Dave Matthews (violão e vocais), Carter Beauford (bateria), Tim Reynolds (violão), Stefan Lessard (baixo), Jeff Coffin (saxofone), Rashawn Ross (trompete) e Buddy Strong (teclado).

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Bon Jovi encerra a terceira noite do Rock in Rio com show empolgante apesar de a voz apresentar falhas

Aos 57 anos, o líder da banda, criada no começo dos anos 1980, demonstra carisma e charme para levantar a plateia e surpreende ao cantar o super hit ‘Always’ no bis

O Bon Jovi encerrou a terceira noite do Rock in Rio com toques românticos ao longo do show. Em sua terceira passagem pelo festival – os integrantes  já estiveram seis vezes no país –, a banda abriu os trabalhos com “This House Is Not for Sale”, canção-título de seu 13º álbum, lançado em 2016. Ao cantar “You Give Love a Bad Name”, o público já estava totalmente no clima e acompanha o cantor – dando, inclusive, preciosa ajuda a uma voz que já viu dias melhores.

A voz cansada pode ter sido o motivo para a entrada do tecladista David Bryan na bela e romântica “In These Arms”, que não contou com a participação do líder. Na ultrarromântica “Bed of Rose”, a voz, mais uma vez, não ajudou. Mas aí Jon usou um de seus truques mais conhecidos: chamou uma fã  para dançar a “música lenta” com ele. Enquanto ele cantava abraçado à cintura da moça, ela lhe acariciava os cabelos e a cintura. A participação da garota se encerrou com um beijo fofo na boca. O vocalista já havia usado essa estratégia no Rock in Rio de 2017.

O momento em que o cantor, de 57 anos, transformou uma bandeira do Brasil em capa deixou uma certa tensão no ar. Afinal, seria a hora perfeita para se dar início a alguma manifestação política? Foi durante a canção “Blood on Blood”. Mas, nada aconteceu e o RiR seguiu em frente na mais santa paz.

O repertório usou e abusou de músicas mais antigas, exatamente aquelas que empolgam de verdade a plateia, que está ali para soltar a voz com seus ídolos e ouvir aquilo que já conhece. Poucas canções do último álbum foram apresentadas. De qualquer forma, já está no ar a promessa de um disco novo para o ano que vem.

Um dos shows que mais levantou o público até agora, com direito a coro gigante formado por milhares e milhares de pessoas. O entusiasmo em “It’s My Life” foi tanto que a voz do povo acabou engolindo a do cantor. Mas isso não é nada mais que uma prova de que a banda ainda funciona muito bem com 33 anos de estrada.

O super hit “Always”, que não havia sido anunciado no set list, foi uma grata surpresa no bis. Um bônus, podemos chamar assim, que também não fora apresentado ao vivo em 2017.

O Bon Jovi surgiu em 1983 no estado de Nova Jersey, Estados Unidos. No ano anterior, Jon Bon Jovi havia gravado a canção “Runaway” com músicos contratados. A música fez sucesso instantâneo no verão e Jon decidiu que estava na hora de ter uma banda. Formado o grupo, os integrantes conseguiram abrir para o Scandal, chamando a atenção do executivo Derek Shulman, que cavou um contrato na Polygram para os rapazes. O primeiro álbum saiu em janeiro de 1984 e chegou a ganhar disco de ouro nos Estados Unidos, além de ser lançado no Reino Unido. A fama mundial, porém, viria apenas em 1986 com o lançamento de “Slippery When Wet”, o terceiro álbum.

Até 2016, o Bon Jovi já havia vendido 130 milhões de cópias de seus trabalhos. Ao todo eles têm 14 discos gravados.

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