Ele é um gênio. Com 27 anos de carreira e uma lista longa de trabalhos nacionais e internacionais, Pino Gomes é um dos ícones da fotografia moderna. Entendedor, sensível e experiente, o trabalho do artista é uma verdadeira obra de arte. Responsável pelas belíssimas fotos do editorial com a atriz Paloma Bernardi para o site HT, Pino Gomes nos contou – e mostrou – que também arrasa quando a câmera fotográfica dá lugar à filmadora. Caso não tenha entendido, a gente explica: no Festival do Rio, ele apresentou o curta “Rodízio”, no qual assinou a direção e co-roteirização. No trabalho audiovisual, que marcou sua estreia na curta-metragem com texto dramatizado, Pino Gomes também fez parte e foi responsável por outra primeira vez. O curta, que é uma comédia, foi escrito pela amiga e parceira do fotógrafo Vanessa Giácomo, que se laçou como roteirista neste trabalho.
“Ela sempre gostou de escrever e a maioria das pessoas não sabem desse lado autora, até porque ela guarda os textos a sete chaves. Um dia, ela me mostrou uma dessas obras e nós decidimos que tínhamos que tocar aquele projeto com os nossos amigos”, contou Pino que nos disse o enredo do divertido trabalho. “O texto é uma história engraçada de uma família que paga por um voucher de rodízio em um site de compra coletiva e, para aproveitar bastante, chega antes de o restaurante abrir e só sai quando fecha. Na trama, ainda tem várias outras histórias engraçadas, como dois personagens que trocam de roupa no banheiro para pagarem menos, a tietagem em uma artista famosa…”, listou aos risos.
Para tornar este projeto possível, Pino e Vanessa escalaram um elenco de peso. Na verdade, a dupla criadora convocou os amigos mais próximos para um trabalho que mistura profissionalismo e diversão. “Eu costumo brincar que é um curta com grande elenco. Neste trabalho, a gente tem tantos atores bons que mal tem espaço para todos. São eles: Tonico Pereira, Regiane Alves, Viviane Araújo, Monique Alfradique, Cássio Reis, Letícia Lima e alguns outros grandes nomes. Por isso que minha vontade era expandir este projeto para algo maior para que eu pudesse contar melhor a história de cada um desses personagens. A verdade é que a gente gostaria que a história tivesse continuidade e que virasse série ou longa-metragem”, idealizou.
Com um time tão estrelado, a primeira experiência cinematográfica de Pino Gomes não poderia ser melhor aplaudido. Exibido em duas seções para 250 pessoas no Festival do Rio, o fotógrafo e cinegrafista comentou a tensão e a boa repercussão do curta “Rodízio”. “Eu assisti lá de trás e estava bem tenso. Esta foi a primeira vez que a gente apresentou o trabalho em uma sala. Então deu um nervosinho, aquele famoso frio na barriga. Afinal, nós tínhamos trabalhado naquele projeto por muito tempo e ficamos pensando, elaborando roteiro, gravando e editando. E, quando apresentamos para o público, foi uma emoção muito grande”, relembrou Pino que, durante a exibição, só tinha uma preocupação: “eu ficava olhando para todo mundo para ver se a galera tava rindo da história”, revelou.
No entanto, apesar de estreante no cinema, engana-se quem achou que Pino Gomes é inexperiente no assunto. Como já contamos, ele acumula centenas de trabalhos com reconhecimento nacional e internacional nos seus 27 anos de profissão. Fora isso, Pino ainda é conhecedor íntimo do universo da interpretação. “Eu fui ator há muito anos, estudei teatro e a maioria dos meus amigos trabalha com isso. Então, eu já estou acostumado com esse meio e sempre tive a visão da câmera. Fora que essa era uma vontade antiga minha”, contou Pino Gomes que ficou quatro meses dedicado ao curta-metragem que tem duração de 20 minutos.
Em relação à parceria com a autora, atriz e amiga de longa data Vanessa Giácomo, Pino Gomes nos disse que podemos esperar por novos projetos. Com outros projetos de curtas e séries com a parceria, o fotógrafo e cinegrafista, que também já trabalhou por quatro anos com efeitos especiais na Globo, afirmou que deseja continuar produzindo trabalhos audiovisuais. “Eu acho que a Vanessa é genial. Ninguém sabe ainda desse lado dela, mas eu costumo brincar que é Vanessa Falabella, que é uma mistura dela com o Miguel. Ela é muito engraçada e tem varias histórias sensacionais”, revelou sobre a atriz.
Porém, apesar deste ser o primeiro curta dramatizado de Pino Gomes, não é o primeiro trabalho com movimento do fotografo. O HT explica: mesmo em suas fotos, que são retratos imóveis, Pino Gomes preza pela ideia de movimento de sequência, como se os retratos contassem uma história. “Eu sempre quis trabalhar com atores e direção. No entanto, a minha carreira se desenvolveu mais para a publicidade, para os editoriais de moda e para um universo mais de luxo. Hoje, quando eu vejo minhas imagens, eu fico querendo que elas se movimentem, falem e contem uma história. Sempre foi isso o que eu quis fazer. Então, eu vejo primeiro a imagem como uma foto e depois elas começam a se mexer”, explicou.
Embora este último trabalho de Pino Gomes tenha sido grandioso e especial, este não é o único destaque da carreira do artista. Muito longe disso. Contratado da Guess desde 2011, ele é o fotógrafo das campanhas da grife californiana e responsável exclusivo pelos cliques da franchising de relógios, a GC Watches. Inclusive, este é um de seus maiores orgulhos. Dentre centenas de ensaios que dos quais Pino Gomes encantou e emocionou com seus cliques sensíveis, o projeto com a marca de Paul Marciano tem um gostinho especial. “Com esse projeto, eu viajei o mundo inteiro, saí na capa do The New York Times e tive outras conquistas muito importantes. Durante esse tempo que eu morava na Suíça e vivia essa ideia o tempo todo, o ‘Smart Luxury Moments’, que é a campanha da GC Watches, se tornou como um filho pra mim”, disse o fotógrafo que se emocionou ao ser lembrado pelo próprio Marciano que seu trabalho estará estampado na comemoração dos 40 anos da grife em 2021. “A cada dez anos, a Guess publica um livro com as campanhas que foram feitas no mundo inteiro de todas as marcas internas. E, na próxima edição, vai ser o meu trabalho que estará lá”, orgulhou-se.
Com uma carreira tão estrelada e de sucesso, o HT foi buscar nas raízes do fotógrafo a inspiração para este brilhante trabalho. Segundo Pino Gomes no contou, quando o assunto são os cliques fotográficos, sua grande referência é Luiz Tripolli, que imortalizou a nudez feminina nas capas da revista Playboy. “Ele é um dos fotógrafos brasileiros mais incríveis e talentosos. Quando eu comecei, ele ainda fotografava muito. Mas hoje, ele deu uma acalmada. Naquela época, vendo as fotos dele com as modelos que estavam em alta, como Ana Paula Arósio, eu ficava fascinado e querendo ter a mesma experiência e sensibilidade. As imagens dele sempre apresentaram a mulher muito como poderosa e sensual, e nunca como submissa. Como eu gostava muito do trabalho dele, eu comecei a querer copiar na minha carreira”, disse. Quando o assunto são as referências para a telona, Pino Gomes aponta o nome de dois grandes diretores do cinema mundial: Almodóvar e Woody Allen. “São dois trabalhos completamente diferentes, mas que, para mim, falam com o coração”, justificou.
Que a experiência e sensibilidade de Pino Gomes já está mais que comprovada, isso não temos o que discutir. Por isso, por tanto talento e dedicação à fotografia em sua forma mais original e pura, questionamos ao artista o que ele acha da inserção da tecnologia em seu trabalho. Em tempos de selfies e celulares modernos, a impressão geral é que todos podem ser grandes fotógrafos de paisagens, pessoas e situações. Mas será que é isso mesmo?
Ao HT, Pino Gomes afirmou que essa popularização da fotografia não afeta diretamente sua profissão. Para o fotógrafo, a questão dos tempos modernos e digitais é outra. “Eu acho que não atrapalha o meu trabalho especificamente. Mas, no geral, a fotografia e o mundo mudaram. Hoje em dia, um fotógrafo profissional não é mais necessário para todos os momentos, só para alguns casos. Um exemplo disso é que as pessoas não fazem mais books de aniversário com fotógrafo, só querem saber de tirar selfie. E eu vejo nesse fato um reflexo do mundo imediatista que estamos vivendo. Ninguém quer mais esperar pelo resultado, querem tirar a foto, ver e já postar. Então, para mim, a fotografia não é mais tão apreciada como um trabalho artístico, como uma obra de arte”, argumentou o fotógrafo Pino Gomes.
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