O belíssimo MAC Niterói promove exposição virtual de um dos maiores nomes da fotografia cubana


‘Um Autorretrato Cubano’, com imagens assinadas por José Alberto Figueroa é a primeira expô online do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. “Cuba vive atualmente uma situação política e econômica complexa. Meu trabalho de tantos anos talvez nos ajude a refletir nossa história e aproximar um público internacional da realidade cubana”, comenta o fotógrafo, que completa 75 anos e com mais de 50 anos de carreira.

São tempos de isolamento social, mas podemos e devemos consumir arte e cultura! Já foi provado que a arte pode melhorar estados emocionais nestas fases, e agora, com as ofertas gratuitas e online, tudo fica mais acessível, então, por que não aproveitar? Você pode entrar no site do lindo Museu de Arte Contemporânea de Niterói recebe até 2 de maio a exposição ‘Um Autorretrato Cubano’, de José Alberto Figueroa, em formato inédito online, através do site do museu. O fotógrafo cubano é considerado um dos precursores da fotografia conceitual.

“O mundo virtual e os eventos online trouxeram consigo um grande benefício e permitiram um maior alcance da arte”, comenta Cristina Figueroa, curadora do evento, crítica de arte (Estudio Figueroa – Vives, Havana) e filha de José.  A exposição apresenta, por meio das fotografias, um olhar para o povo cubano e para as transformações sociais que mobilizaram o país durante as últimas seis décadas.

“Cuba vive atualmente uma situação política e econômica complexa. Meu trabalho de tantos anos talvez nos ajude a refletir nossa história e aproximar um público internacional da realidade cubana”, comenta o fotógrafo, que completa 75 anos e com mais de 50 anos de carreira.

Uma das fotografias de Figueroa expostas na mostra: "Palacio de los Capitanes Generales. La Habana, 1980-81" (Foto: José Alberto Figueroa)

Uma das fotografias de Figueroa expostas na mostra: “Palacio de los Capitanes Generales. La Habana, 1980-81” (Foto: José Alberto Figueroa)

“Pareceu-nos importante gerar uma exposição organizada por percursos temáticos e cronológicos que permitissem ao visitante criar a sua própria narração e pontos de vista sobre o nosso país. Interessa-nos que os brasileiros tenham acesso a um testemunho vivo e sobretudo autêntico. Se ao final da visita o espectador vier com mais perguntas do que respostas, então nosso trabalho terá sido um sucesso”, pontua Cristina. O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc – regulamentada pelo Governo do Estado, Secretaria de Cultura e Economia Criativa – na chamada “Retomada Cultural”.

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Completando 115 anos desde que foram estabelecidas relações diplomáticas entre Brasil e Cuba, a exposição reúne 69 fotografias, que vão desde a década de 60 até os dias atuais. “Figueroa sempre esteve intimamente ligado à história da fotografia brasileira. Do ponto de vista histórico e documental, seu trabalho tem muitos pontos de contato com outros fotógrafos brasileiros contemporâneos como Walter Firmo, Nair Benedito, Juca Martins, entre outros”, comenta a curadora, que vê a exposição como uma oportunidade de mostrar ao público pela primeira vez a visão sem preconceitos do artista – testemunha ocular, por mais de 50 anos, da realidade e da vida de seu país.

Outra fotografia da exposição gratuita:" la serie Esa bandera. La Habana, 1970" (Foto: José Alberto Figueroa)

Outra fotografia da exposição gratuita:” la serie Esa bandera. La Habana, 1970″ (Foto: José Alberto Figueroa)

Conhecido por registros que ilustram questões sociais e políticas de Cuba, Figueroa é considerado um dos precursores da fotografia conceitual, tanto em seu país de origem como em toda a América Latina. Discípulo e amigo de Alberto Korda, fotógrafo cubano que se tornou mundialmente conhecido por ‘Guerrillero Heroico – retrato de Che Guevara’, em sua obra, o artista mostra seu olhar sobre frases históricas do país. Os registros vão desde os primórdios da Revolução Cubana, quando pôde acompanhar mudanças sociais significativas e controversas, até os tempos atuais, onde muitos cubanos estão divididos entre a saudade do passado, as frustrações do presente e uma perspectiva incerta sobre o futuro.

“José passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio ‘Exílio’, realizado a partir 1967, é bastante representativo deste período, já que retrata o processo exaustivo da migração de cubanos para os Estados Unidos”, pontua Cristina. “O Museu de Arte Contemporânea de Niterói busca se reinventar neste momento em que vivemos. Trazer para o museu um grande fotógrafo internacional, mesmo que de forma virtual, é nossa contribuição com o processo de difusão da arte e da cultura mundial”, afirma Victor De Wolf, diretor do MAC Niterói.

Foto da serie Exilio. Cojímar. 1994: "José passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio 'Exílio', realizado a partir 1967, é bastante representativo deste período" (Foto: José Alberto Figueroa)

Foto da série Exilio. Cojímar. 1994: “José passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio ‘Exílio’, realizado a partir 1967, é bastante representativo deste período” (Foto: José Alberto Figueroa)