Em processo de captação de recursos financeiros para lançar um filme sobre o período da escravidão no Brasil, Antônio Pitanga marcou presença na noite da última quinta-feira, na Cidade das Artes, para prestigiar a abertura do Festival do Rio. Além de participar do evento, o ator que está presente em nada menos do que 64 filmes nacionais, terá sua trajetória recontada no documentário “Pitanga”, dirigido por Beto Brant e sua filha, Camila Pitanga, cuja estreia acontecerá na Première Brasil. “Me pegaram no contrapé. Como diz Nelson Cavaquinho: ‘se tem que homenagear alguém, que faça em vida’. Mas quando acontece, você treme”, brincou ele.
Apesar do momento ser de festa, o ator e diretor de 77 anos também aproveitou para falar sobre o estado emocional de sua filha, Camila, após a trágica morte do ator Domingos Montagner, com quem contracenava na novela “Velho Chico”. “Ela ainda está muito machucada, muito triste, está muito fragilizada. Agora ela está começando a entender que teve uma nova chance de vida. Não posso festejar a vida da Camila sem celebrar a luz do Domingos. Ele foi parceiro, ele deu uma nova chance a ela”, ressaltou Pitanga.
Tristezas à parte, Antônio ainda falou sobre o seu próximo filme a ser lançado – ainda sem data para estrear. Segundo ele, o elenco é de primeira e conta com nomes como seus dois filhos (Rocco e Camila), Taís Araújo, Lázaro Ramos e o cantor Seu Jorge. “Ainda estamos em fase de pré-produção. É um projeto que começa na África e vai direto para a Bahia. É a história dos negros que vieram para cá e falavam outras línguas, tinham conhecimento de matemática e física e se uniram para tomar o poder dos brancos. Mostra uma outra percepção do negro”, adiantou, que ainda comentou a situação atual do negro no nosso país.
“No momento em que, na dramaturgia, só existe espaço para o chamado ‘ator negro’, é porque há alguma coisa de muito errada. Eu vou nas favelas, nas comunidades, nas esquinas, nas praças, nas praias e encontro o Brasil. Vejo negros, mulatos, brancos… mas quando você vai para a tela, para superexposição, há um limitação. Parece que o Brasil não conhece o próprio Brasil”, completou.
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