Vestindo look total Apartemento 03, com batom vermelho contornando o sorriso radiante e esbanjando glamour e animação por onde passava, Fafá de Belém recebeu os amigos no restaurante Prado, na Gávea, na noite desta terça-feira (18), para uma audição exclusiva de seu novo álbum, “Do tamanho certo para o meu sorriso”. O disco marca uma reviravolta na carreira da cantora, que mergulha de cabeça em suas raízes culturais com um resultado primoroso, fresco e completamente autoral. HT esteve por lá e conta o que rolou pelo evento.
O Rio de Janeiro, que já rendeu o excelente espetáculo “Meu Rio de muitos janeiros”, foi um local privilegiado pelos admiradores de Fafá. A cantora aproveitou a presença de amigos como Zé Pedro (que assina a produção do álbum), Manoel e Felipe Cordeiro (pai e filho responsáveis pelas guitarras e os instrumentais do disco), Dira Paes, Glenda Kozlowski, Alceu Valença, Lenny Niemeyer, Simone Mazzer, André Midani e o casal Laura Neiva e Chay Suede, para dar uma “canja” de seu novo show, cantando algumas músicas do novo repertório e avisando: “Esse é um trabalho feminino, que manda um recado. São músicas que dialogam comigo e com o que eu penso, que dão vontade de passar um batom vermelho, colocar uma saia rodada e sair na rua. É para o povo da minha terra que gosta de dançar com o rosto colado – e o umbigo também. Não tem jeito, meu coração é brega mesmo”, comentou, soltando aquela gargalhada que é sua marca registrada e fazendo referência a uma das novas músicas.
Por lá, Dira Paes comentou com HT como sua relação com Fafá de Belém foi se desenvolvendo ao longo dos anos e como se inspira na cantora como exemplo de mulher forte e talentosa: “Eu sempre fui fã dela e ia a todos os shows que podia. Quando comecei a despontar como atriz, ela sempre tinha o carinho de me chamar durante a apresentação: ‘E aqui está a brilhante Dira Paes!’, sempre muito atenciosa e carinhosa”, contou a atriz, que está grávida de seu segundo filho. “A Fafá é uma referência de mulher. Ela é talentosa e extremamente brasileira, ao mesmo tempo em que consegue exaltar as suas raízes e levar isso para o exterior e conquistar o seu espaço. É de uma autenticidade enorme”, elogia.
Fafá de Belém apresenta música nova do disco “Do tamanho certo para o meu sorriso”
A atriz, que também nasceu no Pará, ainda comenta o cunho popular da música da amiga e como vê essa importância para a valorização da cultura do Norte. “Por muito tempo houve uma resistência do Sudeste, que eu diria mais ainda da burguesia, com o que vinha dessa região. Hoje, já estamos exaltando o interior do país, até porque o Braisl vive e pulsa isso. Acho muito corajoso da parte da Fafá ter escolhido essa vertente para o trabalho, quando ela poderia ter feito qualquer coisa para comemorar os 40 anos de carreira. Tenho a impressão de que ela quer fazer uma grande festa popular com esse disco, e ela vai conseguir”, opinou Dira, acrescentando que adora dançar e o álbum está perfeito para isso.
Quem também entra na discussão é Alceu Valença, pernambucano que é referência da música popular brasileira. “Fafá é uma cantora múltipla. Já a vi cantando samba, frevo, afoxé e até canções que eram quase de ninar. Agora ela está mergulhando no Pará para esse disco, com um trabalho incrível”, diz o músico, ressaltando que não gosta do conceito de “música regional”. “O que é feito no Sudeste também pode ser considerado regional, não? O que acontece é que os maiores centros de comunicação estão no eixo Rio-SP, então foi desenvolvendo-se esse conceito. Mas a música, para ser regional ou universal, só depende da divulgação. Hoje em dia, vemos que muitos artistas se tornam ‘do entretenimento’, com referências internacionais de que você pode ser ‘a nova Madonna‘ ou algo assim. O entretenimento nem sempre tem alma, já a nossa cultura sempre tem”, afirmou.
Por fim, Fafá voltou ao palco e, rodando a saia, chamou todos os convidados para dançar. Recado dado e recebido: de rostos e umbigos colados, o público seguiu noite adentro com o set do DJ Zé Pedro e a certeza de que a força de Fafá de Belém move tanto montanhas quanto pés pelo salão.
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