O atual ministro da Cultura, Marcelo Calero, aproveitou sua entrevista ao programa “Preto no Branco”, exibido neste domingo, no Canal Brasil, para criticar o elenco do filme “Aquarius”, que, durante a 69a edição do Festival de Cannes, promoveu um protesto contra o governo do presidente interino, Michel Temer. Na ocasião, o diretor Kleber Mendonça Filho, os atores Sonia Braga, Humberto Carrão e Maeve Jinkings, entre outros envolvidos na produção, levantaram cartazes que acusavam de golpe o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Durante o bate-papo com o jornalista Jorge Bastos Moreno, o ministro classificou como “quase infantil” e “até um pouco totalitária” a manifestação dos atores.
“Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil. Estão comprometendo (a imagem do país) em nome de uma tese política, e isso é ruim. Eu acho até um pouco totalitário, porque você quer pretender que aquela sua visão específica realmente cobre a imagem de um país inteiro. Eu acho que a democracia precisa ser respeitada e acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 64. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho de uma irresponsabilidade quase infantil”, avaliou.
No programa, Calero, que assumiu a pasta recriada após a revogação da decisão de fundi-la ao Ministério da Educação, também fez críticas à gestão de seu antecessor, Juca Ferreira. Para ele, o período contribuiu para a “demonização” da Lei Rouanet. “A gente está num processo agora de busca de ajustes. A gente não pode demonizar e satanizar a Lei Rouanet, e eu acho que a gestão anterior contribuiu inclusive para isso”, avaliou ele. “A gente não pode pegar um ou outro caso, de um musical que poderia ter conseguido, sem a Lei Rouanet, a sua viabilidade, e dizer que a lei é uma porcaria e jogar tudo na lata do lixo. Hoje, a Lei Rouanet patrocina orquestras Brasil afora, museus importantíssimos. Se não fosse a Rouanet, a Orquestra Sinfônica Brasileira não existiria”, disse.
O ministro informou ainda que estuda fazer ajustes no mecanismo de incentivo cultural e que pretende ampliar a Política Nacional de Cultura Viva, aproveitando a experiência dos programas Ações Locais e Territórios de Cultura, ambos implantados no Rio. Segundo ele, do total de isenções fiscais concedidas pela União, 0,6% são para a Cultura. “É muito pouco. Não justifica esse discurso do ódio contra a Lei Rouanet”, finalizou.
Artigos relacionados