Famosos e anônimos em imagens que alertam para o Setembro Amarelo


Em São Paulo, 20 imagens do projeto “Feito tatuagem” decoram a estação Trianon do metrô para conscientizar as pessoas sobre a campanha de prevenção ao suicídio. No corpo, famosos e anônimos escreveram palavras como “dor”, “abraço”, “coragem”, “indiferença” e “amor”.

*Por Simone Gondim

Coragem, abraço, amor, dor, indiferença. Mais do que simples verbetes em um dicionário podem ser um grito de socorro de quem pensa em dar um fim à própria vida. Para ajudar a conscientizar as pessoas da importância da prevenção ao suicídio, o fotógrafo Sergio Santoian e a maquiadora Louise Hélene cederam fotos do projeto “Feito tatuagem”, lançado em 2019, para a campanha Setembro Amarelo. Até meados de outubro, quem passar pela estação Trianon do metrô de São Paulo poderá ver painéis de 1,70 metro mostrando anônimos e famosos com a pele marcada por palavras que tenham alguma relação com essa causa.

Bruno Fagundes escolheu a palavra “dor” (Foto: Sergio Santoian)

Entre os artistas que posaram para as lentes de Sergio depois de serem rabiscados por Louise, estão Mouhamed Harfouch, Bruno Fagundes, Rainer Cadete, Ariel Goldenberg, Mateus Solano, Paloma Bernardi, Amanda Costa, Renata Castro Barbosa e Thiago Abravanel. A palavra escolhida por Bruno, por exemplo, foi “dor” – segundo o artista, é algo que tem a ver com o processo de criação de muitos atores, incluindo ele próprio. Já Ariel Goldenberg, que nasceu com Síndrome de Down, quis ter na pele o substantivo “indiferença”.

Ariel Goldenberg quis escrever “indiferença” (Foto: Sergio Santoian)

Segundo um estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros já pensaram seriamente em se matar. O movimento Setembro Amarelo pretende quebrar o tabu e falar, sim, sobre suicídio, mas de maneira adequada e com a responsabilidade que o assunto exige. Atualmente, no Brasil, 32 pessoas por dia tiram a própria vida.

Para Rainer Cadete, a palavra de ordem é “inteiro” (Foto: Sergio Santoian)

Sergio Santoian explica que “Feito tatuagem” se baseia em uma das características da nossa sociedade: as pessoas olham mais do que ouvem. “Poder usar uma estação do metrô para uma exposição de arte é um orgulho para a gente, ainda mais em um momento em que a cultura não tem sido valorizada no país”, diz ele. “É importante fazer as pessoas de todas as classes sociais e idades refletirem sobre um problema tão grave que é a crescente taxa de suicídio”, completa.

Sergio Santoian e Louise Hèlene idealizaram o projeto “Feito tatuagem” (Foto: Cleber Corrêa)

A maquiadora Louise Hélene reforça a importância do trabalho. “Queremos que nossa arte faça as pessoas pensarem sobre um assunto tão difícil, mas tão importante de ser abordado”, garante. Para ela, o isolamento social imposto pela Covid-19 torna a discussão ainda mais urgente. “Segundo especialistas, uma das consequências da pandemia é um possível aumento nos índices de suicídio”, comenta a profissional.