Oportunista, doentio, insensível e irresponsável. Passeiam por esses níveis as críticas que o fotógrafo húngaro Norbert Baksa (fotógrafo freelancer de revistas como “Elle” e “Cosmopolitan”) anda recebendo nas redes sociais pelo editorial de moda batizado de “Der Migrant” (O migrante, em alemão), publicado em suas contas no Twitter e Instagram. No ensaio, a modelo Monika Jablonczky surge lutando com um policial perto de um de muro de arame farpado (os seios quase ficam à mosta propositalmente), clicando selfies com um telefone (a case é uma estampa da maison Chanel) e posando com peças de grifes. Nada muito alarmante, salvo o detalhe principal: o editorial é inspirado na crise migratória que assola a Europa e o Oriente Médio, com a morte e o sofrimento diários de milhares de refugiados.
Acusado de glamourizar de forma impensada um grave problema social, Norbert Baksa disse em seu site que não queria ofender ninguém, “mas chamar a atenção para a complexidade do problema dessas pessoas”. “Durante a sessão nós fizemos nosso melhor para respeitar as crenças e convicções das pessoas e não ultrapassar certos limites. Com a série de fotos, nós queríamos colocar um espelho de frente para a mídia. Elas foram tiradas com base em fotografias já publicadas. Isso foi o que nós reproduzimos”, tentou esclarecer ele, que revelou já ter recebido propostas financeiras de publicações de vários países para divulgar as tais polêmicas imagens.
Baksa garantiu total lisura no trabalho e disse que a escolha pelo tema foi baseada no fato de que a crise dos refugiados “afeta a rotina diária de praticamente todo mundo na Hungria”. Mas por que esse glamour e essa erotização toda? “(O ensaio mostra) uma mulher sofrendo, que é também bonita apesar da sua situação, usa roupas de alta qualidade e smartphone”, defendeu o indefensável.
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