*Com Jeff Lessa
São Clemente faz desfile cômico com samba escrito pelo humorista Marcelo Adnet em parceria com sete artistas
Em um ano de enredos com críticas a governos e às igrejas neopentecostais, a agremiação de Botafogo escolheu levar a Avenida humor mais satírico que caracteriza seus carnavais
Primeira escola a entrar no Sambódromo nesta segunda-feira de desfiles do Grupo Especial, a São Clemente levou para a Avenida o enredo “O Conto do Vigário”, do carnavalesco Jorge Silveira. A letra do samba, escrita pelo humorista Marcelo Adnet com outros sete artistas (André Carvalho, Camilo Jorge, Gabriel Machado, Gustavo Albuquerque, Luiz Carlos França, Pedro Machado e Raphael Candela) foi inspirada por notícias divulgadas pela imprensa – entre elas, a suspeita de candidaturas de laranjas do PSL, que deu origem à fantasia da bateria: camisa e calça cor de laranja com chapéu no em que a fruta ficava envolta por folhas, enquanto os mestres vinham vestidos de policiais federais. Detalhe: eles não usavam apitos, comandavam apenas com gestos. Mesmo assim, a bateria estava bastante afinada com paradinhas nos momentos certos e cadência agradável, sem necessidade de correr.
Apesar do mote político, a escola preferiu se manter no campo da leveza: em um ano de enredos que optaram por críticas abertas ao governo e às igrejas neopentecostais, por exemplo, a São Clemente escolheu fazer o humor satírico que caracteriza seus carnavais. O que não a impediu de fazer um desfile extremamente engraçado: além dos nomes das alas (Férias em Bangu, Caixa 2, La Garantía Soy Yo), as fantasias em si eram realmente cômicas.
Neste trecho do samba dá para sentir um pouco da tradição piadista da agremiação de Botafogo no samba, que fala de golpe do vigário, mamata e até da falsa promessa de trazer de volta a “pessoa amada”: “Hoje, o vigário de gravata/ Abençoa a mamata / Lobo em pele de cordeiro / ‘Trago em três dias seu amor’ / ‘La garantia soy yo!’”. A música acompanha a História do país lembrando trambiques clássicos, nossos conhecidos desde a época do Brasil Colônia.
O humorista Marcos Veras veio de caipira no carro Vende-se Terreno na Lua, que também trouxe o ator Érico Brás vestido de corretor que realiza a transação comercial fraudulenta. O carro, lindíssimo, reproduzia uma quitanda, com frutas e produtos realistas. A ala das Baianas, batizada Trago de Volta a Pessoa Amada em Três Dias, trouxe baianas com headphones nos ouvidos, como profissionais de telemarketing vendendo suas promessas pelo telefone. Sensacional.
Marcelo Adnet foi destaque em sua fantasia de presidente do Brasil. Fazendo arminha e distribuindo laranjas para a plateia, o humorista também fez flexões de braço. No mesmo carro, Mateus Solano se acabava interpretando o Político, vestido, claro, de laranja. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Marcelo Tchetchelo e Bárbara Falcão fez uma crítica bem-humorada ao uso do dinheiro pelas instituições religiosas. A saia de Bárbara era feita de notas gigantes, o que criou um efeito bonito e conseguiu passar a crítica ao mesmo tempo.
Reza a lenda que a expressão que dá nome ao enredo da escola surgiu de uma querela entre duas paróquias de Ouro Preto que disputavam uma imagem de Nossa Senhora. Para dar fim à discussão, o vigário de uma das igrejas propôs que se amarrasse a estátua a um burro: a paróquia para a qual ele seguisse seria a vencedora. Tempos mais tarde, descobriram que o vigário vencedor era dono do animal e já sabia qual seria o resultado…
Unidos de Vila Isabel impressiona pela opulência e celebra a cultura do país em desfile colorido e alegre
Segunda escola a entrar na Avenida, a agremiação encantou o público com belas fantasias e alegorias grandiosas. Com o enredo ‘Gigante pela Própria Natureza: Jaçanã e um Índio Chamado Brasil’, a escola homenageou os 60 anos da fundação de Brasília
Se fosse necessário escolher uma palavra para descrever o desfile da Unidos de Vila Isabel, esta seria luxo. Beleza também seria uma ótima opção. A segunda escola a entrar na Avenida veio opulenta, com fantasias belíssimas e carros alegóricos grandiosos. Com o enredo “Gigante pela Própria Natureza: Jaçanã e um Índio Chamado Brasil”, a escola homenageou os 60 anos da fundação de Brasília, celebrando, por tabela, a História do Brasil – Brasília seria o melting pot nacional, o ponto de encontro de todas as culturas espalhadas pelo país de proporções continentais.
Só para se ter uma ideia da grandiosidade da Vila, o carro abre-alas, batizado de “Um Índio Chamado Brasil”, era formado por três veículos articulados e tinha cerca de 20 metros em seu ponto mais alto. Foi precedido por nada menos que quatro alas de índios antes de fazer sua entrada triunfal. Apesar do gigantismo, não houve problemas com sua entrada na Sapucaí e a alegoria deslizou suavemente até o fim do desfile. No carro que homenageou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, um telão mostrou projeções da cidade histórica mineira de Diamantina, terra-natal do fundador de Brasília, e da construção da cidade, com imagens em altíssima definição. Um espetáculo.
A cultura e a História do país foram celebradas em alas como a que representava o Sudeste, que homenageou a bossa nova, ritmo nascido e criado no Rio de Janeiro. O Nordeste foi lembrado nas referências à população negra de Salvador, ao cangaço e ao maracatu. Os operários que construíram a nova capital, apelidados de candangos, também foram lembrados. O belo carro do pau de arara, caminhão que transportava os nordestinos que tentavam uma vida melhor fora de sua região de origem, foi o quarto a desfilar e impressionou.
A ala das baianas merece ser comentada à parte. As tradicionais saias rodadas, que dão aquele lindo efeito quando as componentes giram (especialmente quando vistas de cima), vieram formadas por… bananas! Camadas e mais camadas de cachos da fruta em representação realista formavam a vestimenta, que ficou absolutamente deslumbrante. Ponto para o carnavalesco Edson Pereira que, além de assinar o enredo, produziu as roupas da agremiação. Embora tenha esbanjado opulência e requinte nos figurinos, a Vila teve alas bem mais simples, como a dos frequentadores de praias, o que criou um contraste divertido com os outros setores.
Nova rainha de bateria, a atriz, modelo e bailarina Aline Riscado mostrou que está à altura de sua antecessora, a eterna musa Sabrina Sato. Coroada Rainha da Vila Isabel no começo de janeiro, Sabrina não comanda mais a Swingueira de Noel, mas não deixa de frequentar a escola nem de desfilar lindamente na Avenida.
Quem faz o dever de casa e ouve os sambas-enredo antes de assistir aos desfiles deve ter se surpreendido com o andamento mais cadenciado com que o samba foi cantado na Avenida. O ritmo, mais lento que o do CD, deu certíssimo na Passarela do Samba, permitindo aos foliões evoluírem com tranquilidade, sem a necessidade de correr que se notou no domingo em algumas escolas.
Como não poderia deixar de ser, a Vila encerrou sua participação no carnaval 2020 homenageando os responsáveis pela construção de Brasília, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. O último carro alegórico reproduziu lindamente a catedral da capital, com muito brilho e tons de prata.
Salgueiro homenageia Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, e faz um libelo contra o preconceito
Escola, que desfilou com 30 alas, cinco carros e 3.200 componentes, veio luxuosa, com fantasias e alegorias bonitas e componentes que cantaram com vontade o samba
No ano passado, o Salgueiro ficou em quinto lugar no carnaval. Neste 2020, a escola voltou com força total, mostrando garra para conquistar seu décimo título – a última vez que a agremiação saiu vencedora da Marquês de Sapucaí foi no já longínquo 2009.
A escola acertou ao apostar no enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, do carnavalesco Alex de Souza, com que homenageou o primeiro palhaço negro do Brasil, Benjamin de Oliveira (1870-1954). Com a celebração, fez, também, um bonito libelo contra o preconceito, que pode ser sentido em versos como esses: “A luta me fez majestade / Na pele, o tom da coragem / Pro que está por vir / Sorrir é resistir”.
Num momento em que as artes parecem estar sob ataque e velhos preconceitos ressurgem, o Salgueiro foi atualíssimo ao mostrar a vitória de Benjamin, que, além de palhaço de circo, foi cantor, diretor, ator, dançarino e compositor, além de ter sido o primeiro negro a aparecer no cinema nacional, quando tal “façanha” era considerada escândalo de grandes proporções. Em uma clara alusão ao racismo, um dos carros veio com uma imensa estátua do palhaço que repetia sem parar o gesto de tirar e recolocar uma máscara branca sobre seu rosto negro. O efeito dramático foi sensacional.
A escola se apresentou luxuosa, com fantasias e alegorias lindas e componentes que cantaram com vontade o samba. Já na comissão de frente, um picadeiro belíssimo coreografado pelo bailarino clássico Sergio Lobato, a escola mostrou ao que veio. Ao todo foram 30 alas, cinco carros com dois tripés e 3.200 foliões. Em excelente forma, Viviane Araújo fez sua décima-terceira aparição consecutiva à frente da Furiosa, dessa vez usando um modelito que, segundo informou a escola, por representar a rainha da bateria, apenas uma mulher que demonstre honradez, liderança, competência, carisma e respeito às tradições pode usar.
E parece que Viviane dá mesmo sorte para a Furiosa: a bateria deu um show de competência e animação.
Um espetáculo de circo para ninguém botar defeito.
Unidos da Tijuca recebe o carnavalesco Paulo Barros de volta depois de cinco anos e faz apresentação sofisticada
Enredo ‘Onde Moram os Sonhos’ critica aquecimento global e trata da responsabilidade humana nas mudanças sofridas pelo planeta, mas desfile termina com tom de esperança
A Unidos da Tijuca, quarta escola a desfilar na Sapucaí, já na madrugada de terça-feira, levou para a Sapucaí um debate sobre a genialidade humana para realizar obras monumentais – mas também questionou nossa capacidade para manter as cidades funcionando com um mínimo de organização. O enredo “Onde Moram os Sonhos” abordou histórias de grandes civilizações para falar de arquitetura e urbanismo com a verve do carnavalesco Paulo Barros, que está de volta à agremiação depois de cinco anos. Na Avenida, o que se viu foi a criação, pelo menos na fantasia, de um Rio de Janeiro melhor no futuro.
O enredo não saiu do nada. O mote é o fato de o Rio ser este ano a Capital Mundial da Arquitetura. A cidade também vai sediar, em junho, o Congresso Mundial de Arquitetos, que reunirá mais de 15 mil profissionais de todo o planeta no Paraíso da Beleza e do Caos. Vale lembrar que concorremos com as cidades de Paris (França) e Melbourne (Austrália).
Voltemos ao carnaval. O desfile foi sofisticado, com muitas luzes, como se espera de Paulo Barros, que deu à Tijuca os campeonatos de 2010, 2012 e 2014. Monumentos que iam das pirâmides egípcias ao nosso Cristo Redentor desfilaram sobre carros alegóricos. As esculturas foram executadas com o máximo de capricho, levando-se em conta os mínimos detalhes – outra marca do carnavalesco, por sinal. Apesar de apontar para problemas como o aquecimento global, por exemplo, o tom foi otimista e deixou uma sensação de esperança no ar.
De qualquer forma, o carro que abriu o desfile criticava justamente o aquecimento global. Na alegoria, dois ursos polares, um filhote e outro adulto, estão sobre uma geleira que derrete rapidamente. Não é preciso dizer que o efeito de derretimento foi executado com extrema precisão, não é? A impressão era de estávamos vendo o gelo se fundindo na Marquês de Sapucaí. Na parte inferior o carro, um mar de sacos plásticos de recolher lixo e garrafas PET davam a ideia do desleixo e da responsabilidade do homem no aumento da temperatura da Terra.
A comissão de frente representou o poder transformador da educação, com dançarinos vestidos de lápis que se acendiam, criando um efeito bastante bonito. Infelizmente, dois deles falharam diante dos jurados, o que deve custar pontos à agremiação. Outro probleminha foi a queda da cantora Lexa, que fez sua estreia como rainha de bateria da Tijuca. Essa falha, porém, não foi vista por nenhum especialista.
Do lado positivo, podemos falar da ala das baianas, incrível, em que as componentes se vestiam de Catedral de Brasília. Isso mesmo: a roupa era uma réplica da arquitetura de Oscar Niemeyer, com a parte de cima, afunilada, fazendo as vezes de um tomara-que-caia e a de baixo, rodada, formando a saia. Na cabeça, o adereço era uma pequena catedral invertida. Os vitrais foram feitos com material muito azul e super brilhante, que fez bonito sob os potentes refletores da Avenida. Fantástico.
Mocidade Independente de Padre Miguel homenageia Elza Soares ao contar a trajetória da artista
Escola da Zona Norte do Rio atendeu a um pedido da cantora, que sempre desejou ter sua vida contada na Passarela do Samba
A cantora Elza Soares nunca escondeu que sonhava em ver sua história contada na Passarela do Samba. Pois este sonho acabou de ser realizado: aos 89 anos de idade, a artista foi reverenciada com a rainha que é pela Mocidade Independente de Padre Miguel, penúltima escola passar pelo Sambódromo na madrugada de terça (25), com o enredo “Elza Deusa Soares”. A cantora acompanhou o desfile em um trono instalado no alto do primeiro carro alegórico da agremiação. Antes de ser ovacionada por seus súditos, disse que estava “muito feliz”: “(Tenho) vontade de chorar de emoção. (Na cabeça) passa tudo, passa a vida inteira. É uma emoção que não tem tamanho. É lindo, lindo, lindo”.
O samba empolgou a plateia, que acompanhou com gosto. Contando com Sandra de Sá entre os compositores, a canção é uma verdadeira ode à veterana: “Laroyê e Mojubá, liberdade / Abre os caminhos pra Elza passar / Salve a mocidade / Essa nega tem poder / É luz que clareia / É samba que corre na veia”. A letra exalta a rainha como símbolo de resistência e força – exatamente o que Elza mostrou ser ao longo de uma vida cheia de percalços, que poucos encarariam sem desabar: “Sei que é preciso lutar / Com as armas de uma canção / A gente tem que acordar / Da lama nasce o amor / Quebrar as agulhas que vestem a dor”.
Como Elza sonhou, o samba contou sua trajetória de luta e grandes sofrimentos. Elza chegou a sofrer violência doméstica quando era casada com Garrincha (1933-1983) e perdeu quatro de seus sete filhos. Além disso, comeu o pão que o diabo amassou com racismo, moralismo, misoginia, elitismo e hipocrisia da sociedade, “circos” que vieram representados no quarto carro alegórico da Mocidade, “O Circo da Vida: Apanhou à Beça, Mas é Dura na Queda”.
A trajetória de sucesso e superação também foi contada na Sapucaí, a partir do momento em que Elza se apresentou no show de calouros que o compositor Ary Barroso comandava no rádio, no começo da década de 1950. Grandes e importantes realizações, como os encontros musicais com estrelas internacionais do porte do americano Louis Armstrong e do argentino Astor Piazzolla não foram esquecidas, assim como o lado guerreiro da mulher que sempre exigiu respeito e igualdade para si e para os socialmente oprimidos.
Um momento muito interessante foi quando a imagem de Elza foi recriada em holograma na comissão de frente. Foi a maneira que os coreógrafos Saulo Finelon e Jorge Teixeira encontraram para ter a cantora presente, abrindo o desfile. Os hologramas foram criados através de fans, uma espécie de ventiladores extremamente rápidos que reproduziram vídeos relacionados à vida da artista e criaram imagens que davam a impressão de ela estar lá. A Elza jovem foi interpretada, na comissão de frente, pela passista Bellinha Delfim, de 22 anos, que além de bailarina clássica é atleta.
Beija-Flor fecha o carnaval do Grupo especial com enredo sobre os caminhos percorridos pela humanidade
Além de celebrar a Sapucaí, a escola de Nilópolis homenageou ruas célebres, como a parisiense Champs-Elysées, a nova-iorquina Broadway e a londrina Abbey Road, que puderam ser vistas em algumas fantasias
A Beija-Flor, última agremiação do Grupo Especial a desfilar neste carnaval, fez direitinho o dever de casa. A escola tem se reinventado. Ou melhor, resgatou características do passado de glórias, que a levou a vencer 14 vezes o carnaval carioca. Uma delas foi o luxo com o qual tornou-se conhecida nos tempos em que Joãosinho Trinta causou uma revolução aplicando, na prática, sua máxima famosa: “Quem gosta de pobreza é intelectual, o povo gosta de luxo”. Com o enredo “Se Essa Rua Fosse Minha”, a Beija-Flor se propôs a narrar a história da humanidade. De acordo com os carnavalescos Alexandre Louzada e Cid Carvalho, o enredo trata de estradas e caminhos por onde a humanidade passou até chegar à Marquês de Sapucaí. A trajetória humana foi acompanhada desde a Era Glacial até a atualidade. O resultado empolgou o público do Sambódromo, que cantou e sambou do começo ao fim do desfile.
Um dos destaques foi a cantora Jojo Toddynho, que interpretou Chica da Silva no chão. Detalhe: Jojo veio de topless. Ela estava na ala dos bandeirantes que desbravaram os caminhos que levam ao interior do Brasil. A comissão de frente, inspirada nas gangues de Nova York, também chamou a atenção. Duas gangues rivais disputavam território num ferro velho. Carros enferrujados se moviam em torno dos dançarinos e criavam um belo efeito cênico. Eles se levantavam e se abriam por baixo, deixando sair, por uma espécie de “boca”, mais bailarinos de seu interior. O público foi ao delírio e manifestou sua emoção com gritos e assobios.
Além de celebrar a Sapucaí, a escola festejou, no terceiro carro, as ruas estreitas do Rio, retratadas pelo pintor francês Debret no começo do século XIX. O Calçadão de Copacabana não poderia ficar de fora – e não ficou: foi homenageado no quinto carro alegórico. Dentro do tema de estradas e caminhos, ruas célebres como a parisiense Avenida des Champs-Elysées, a nova-iorquina Broadway e a londrina Abbey Road apareceram em algumas fantasias. As romarias a Fátima e ao santuário de Aparecida, em São Paulo também foram representadas em algumas alas.
“E nessas andanças, eu sigo teus passos / São tantas promessas de um peregrino / É crer no milagre, sagrados valores / Em tantos altares, em tantos andores / A vela que acende, a dor que se apaga / A mão que afaga se torna corrente”
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