Zezé Polessa vive uma mulher à frente do seu tempo em “Liberdade, liberdade”: “Ela é chamada de bruxa, pois vive só em uma cabana no meio do mato”


A atriz, que largou a medicina para se dedicar à profissão, agora interpreta uma personagem que entende de remédios naturais e tem ligação com as plantas: “Medicina é uma carreira muito absoluta. Ou você é um médico ou uma grande atriz. Eu estou indo nesse caminho. É entrega, me dedicar, ser responsável pelo que eu escolhi”

Uma bruxa. É assim que Zezé Polessa fica conhecida na novela “Liberdade, liberdade”. É que sua personagem Ascensão é uma mulher que mora em uma cabana no meio da floresta e entende de remédios naturais e curas. Além disso, vive à margem da sociedade em uma época que a situação da mulher é difícil. “As mulheres são oprimidas, vitimizadas, são do pai, depois casam e são do marido. Se não casam viram do padre, do convento, ou escrava ou prostituta. Então uma personagem como a minha é de uma independência, tem liberdade, vive sozinha. Foi muito interessante construir isso. E ela defende veementemente a causa”, explicou. Para a personagem, Zezé tem estudado nome científico de plantas e suas funções. “Ela é chamada de bruxa, porque é uma mulher diferente das outras da época. Ela cura, tem conhecimento das plantas, sabe o nome em latim. Pouquíssimas pessoas liam na época e ela sabe”, adiantou.

Mas nem sempre Ascensão viveu sozinha: “Na primeira fase ela faz parte do bando do Mão de Luva (Marco Ricca) e ela sai. Na segunda fase tem muitas cenas em que ele diz que ela está sozinha, porque não quis nada com ele. Ela sempre responde que a gente nasce sozinho e morre sozinho. A Ascensão tem um libelo feminista que eu gosto muito”, contou.

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Zezé Polessa como Ascensão (Foto: Reprodução/Gshow)

Além do feminismo, Zezé tem outra característica forte em comum com sua personagem. Assim como sua Ascensão entende de remédios e curas pela natureza, a atriz chegou a se formar em medicina. “Não tenho arrependimento de não ter exercido a medicina, nem de ter feito. Teve uma época que eu renegava um pouco, porque foram oito anos de estudo e eu me arrependia de não ter estado no balé, no canto ou no teatro, mas depois isso passou. Não renego e nunca me arrependi de ter seguido a profissão de atriz e nunca quis dividir. A família falava muito, aconselhava para fazer um trabalho ‘para garantir’, mas eu não quis. Eu não queria me dividir. Não dá para dividir com medicina, é uma carreira muito absoluta. Ou você é um médico ou uma grande atriz. Eu estou indo nesse caminho. É entrega, me dedicar, ser responsável pelo que eu escolhi”, disse, modesta.

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(Foto: Divulgação)

E que entrega. “Ator sempre gosta de novela de época. Dá um pouco mais de trabalho por conta dos figurinos, maquiagem, não pode ligar o ar, fica suado, aí coloca mais suor. Nessa novela, eu me arrumo e depois não faço mais nada, porque não tem isso de secar suor, tirar olheira, então depois que se arruma para gravar é mais fácil”, explicou ela. “‘Liberdade, liberdade’ conta a história do nosso país, do nosso povo. Fomos descobertos em 1500 e a novela passa em 1800, tem 300 anos depois já, mas é maravilhoso ver e fazer ficção disso. Eu convido a ver uma grande novela, linda e sendo feita com muita dedicação e preparo. Cada um está mergulhando muito fundo, isso traz resultados novos. ‘Liberdade, liberdade’ é uma novela nova das 23h”, definiu. “Dizem que quando amamos algo que fazemos os outros amam também”, afirmou. A gente acredita.