Vitor Hugo: no ar em “Cabocla” e “Perigosas Peruas”, ator estrela novela portuguesa na TVI e no streaming


O ator celebra o sucesso da reprise de “Perigosas Peruas” na Globoplay, destacando a importância da trama de 1992, que abordou a emancipação feminina e marcou o início de sua carreira. Paralelamente, Vitor está em alta em Portugal com a novela “A Fazenda”, lançada pela TVI e Amazon. No folhetim, gravado em Angola, ele vive Ivandro, um vaqueiro brasileiro com passado misterioso. Consolidado em terras lusitanas, Vitor soma oito novelas e trabalhos como diretor de atores. O ator ressalta sua conexão com clássicos brasileiros e planeja futuras colaborações no streaming nacional, mas não pensa em voltar a morar no Brasil

*por Vítor Antunes

Sucesso na TV em Portugal e no ar no Brasil, no Globoplay, na reprise da novela “Perigosas peruas”, o ator brasileiro Vitor Hugo embarcou em um projeto da Amazon, em parceria com a emissora portuguesa TVI. Ele pode ser visto na novela “A Fazenda”, que estreou no streaming e na TVI. Essa é a primeira vez que o carioca participa de uma produção no streaming. Vitor Hugo gravou uma participação na série “Travessia“, da emissora portuguesa RTP, neste ano. Na trama, ele interpreta o presidente Epitácio Pessoa. E o galã também se prepara para estrear em breve no teatro português. No momento, não pensa em voltar a morar no Brasil com a família, mas está aberto a proposta para produções brasileiras. “Eu tenho refeito os contatos no Brasil, em especial, no streaming, porque são obras mais curtas, é algo que não desestrutura os caminhos. Sendo assim, é completamente viável”, afirma ele.A direção é de Edgard Miranda, com quem Vitor já trabalhou em novelas tanto no Brasil quanto em Portugal.

O ator também pode ser visto na reprise de “Cabocla“, atualmente na Edição Especial, em um personagem discreto, e ainda adolescente em “Perigosas Peruas“, novela de 1992, do Globoplay, sua primeira novela. “No Brasil, estou no ar em ‘Cabocla’, uma novela especial para mim, marcando meu retorno à TV após um período dedicado à formação acadêmica. Durante esse afastamento, me graduei e fiz pós-graduação em Filosofia pela PUC, com foco em estética, arte e cultura popular brasileira. Em Cabocla, conheci Chico Santana, um talentoso ator, e o convidei para meu espetáculo ‘Capitães da Areia’, no qual ele interpretou um poético dono de carrossel. O convite emocionou Chico, pois o carrossel remetia à sua infância. Esse reencontro marcou meu retorno às novelas, com apoio de Ricardo Waddington. Com disciplina e entrega, o projeto abriu novas portas na TV. Após ‘Cabocla’ (2006), atuei na Record, onde permaneci por 10 anos e fiz mais de 10 produções, antes de seguir para Portugal”.

Sobre a trama, que marcou a sua estreia na Globo, ele tem boas recordações. “‘Perigosas Peruas‘ é uma novela que eu tenho um carinho muito especial, porque foi no início da minha carreira. Tive a sorte de bater na porta da TV Globo uns anos antes da novela e fui atendido. Eu telefonei para o Departamento de Elenco e fui atendido pela Yolanda Rodrigues que era diretora de elenco e ela me recebeu. Fiz um teste para o personagem Caco – que era uma participação e acabou ficando até o final. Antes da novela eu havia feito uma série e uma novela na TV Manchete”. Vítor atuou em “Na Rede de Intrigas” e “A História de Ana Raio e Zé Trovão“. Anos depois de “Peruas“, Vítor viria a voltar a trabalhar com Lombardi em “Pecado Mortal“, como ele detalha nesta entrevista ao Site Heloisa Tolipan.

 

Vitor Hugo fazia o apaixonado Caco de “Perigosas Peruas” (Foto: Reprodução/Globoplay)

Perigosas Peruas” é uma novela de 1992, escrita por Carlos Lombardi e que contou com Sílvia Pfeifer e Vera Fischer nos papéis protagonistas. Um dos temas que a trama propunha era falar da emancipação feminina nos Anos 1990. Além de tudo, trouxe Cassiano Gabus Mendes (1927-1993) como ator, algo que era muito incomum. Pelo menos desde os Anos 1950, o autor não trabalhava nesse ofício. “Que sorte a minha poder nesse começo trabalhar com pessoas tão fundamentais, dedicadas ao ofício. É óbvio que isso influencia tanto na manutenção da disciplina, da seriedade com o trabalho e manter responsabilidade com trabalho, mas também manter sempre a alegria. Então foi muito importante para mim”.

Vítor relembra seu personagem. “Caco era um cara muito, brincalhão, muito luminoso. Tinham cena dele apanhando da namorada, a Tuca (Natália Lage).  quanto mais acontecia, mais apaixonado ele ficava por ela. Era muito bonitinho, havia uma pureza e uma inocência muito doce. Os personagens viviam num mundo que tinha um pouquinho mais de ternura, de doçura, mas que hoje soariam um pouco anacrônico. A gente vê tudo muito mais mais rápido e menos poético”.

Tento trazer um pouco dessa luz desse menino que fui mas que permanece em mim e, de alguma maneira, a colocar em todas as cenas. Já estou em Portugal há oito anos, em minha oitava novela – sendo seis  como ator duas como diretor de atores uma carreira completamente reconstruída aqui do outro lado do outro lado do oceano – Vítor Hugo

Vítor Hugo segue sua carreira em Portugal, sem pretensão de voltar a morar fixamente no Brasil (Foto: Nuno Lopes)

Entre os atores com quem Vítor lembra de ter tido uma troca maior estão Mário Gomes, Sílvia Pfeifer e Vera Fischer. ‘Tenho um carinho grande pelo Mário Gomes, com quem me reencontrei anos depois em Pecado Mortal. Tenho imenso carinho também pela Vera Fischer e pela Sílvia Pfeifer, que se tornou uma amiga. Nós nos cruzamos aqui em Portugal — não em trabalho, mas nos reencontramos e conversamos bastante sobre o nosso passado. Ela foi uma figura muito importante para mim, oferecendo apoio, boas conversas e uma presença significativa na minha vida.'”

VIDA

Há oito anos vivendo fora do Brasil, Vitor Hugo acaba de emplacar a sua oitava novela na emissora portuguesa TVI, “A Fazenda“. “O meu personagem se chama Ivandro. Ele tem um passado obscuro, ninguém sabe exatamente de onde ele vem, sabe que ele veio do Brasil, de Cuiabá (MT), e trabalha como vaqueiro, mas, na verdade, ele tem uma agenda própria, que é descobrir algo relacionado ao passado dele. Tem uma implicação direta com o empresário Gaspar, que é vivido pelo ator Nuno Lopes, dono dessa fazenda. Uma fazenda autossustentável em Angola. Gaspar não sabe da proveniência de Ivandro, ele pensa que é só um empregado”, conta Hugo, que divide a cena com Nuno Lopes, ator de cinema, que já trabalhou no Brasil, na novela “Esperança” (2002).

Diz o ator que é “um privilégio atuar em uma novela portuguesa, interpretando um personagem brasileiro, gravada em Angola. O meu personagem é um vaqueiro, um boiadeiro, e estou trabalhando o sotaque sertanejo, um pouco mineiro, usando uma linguagem inventada, como dizia Guimarães Rosa. Os livros dele, especialmente Corpo de Baile, Primeiras Estórias e o monumental Grande Sertão: Veredas, têm sido uma referência essencial para construir esse personagem, inspirado na figura de Riobaldo. O texto original da novela, escrito pela Maria João Mira, é em português de Portugal. Contudo, como o personagem é brasileiro e está em Angola, precisei adaptar a estrutura gramatical e, ainda mais, trazer essa força, essa contundência e a poética artesanal que o Guimarães Rosa inaugurou, repleta de mitologia e nuances sertanejas”. A trama foi gravada por um mês em Luanda, capital de Angola, e em Huíla, província onde a história da fazenda se passa.

Vítor Hugo vive um brasileiro em “A Fazenda”, na TVI/Amazon (Foto: Nuno Lopes)

Até o fim do ano de 2024, Hugo estava no ar na própria TVI, em “Cacau”, a novela de maior sucesso de Portugal nos últimos tempos – acaba de ser vendida para ser exibida em TVs na Espanha e na Croácia –, e foi substituída justamente por “A Fazenda”. A sua carreira está mais que consolidada na terrinha. Abraçado pela emissora TVI, desde a sua chegada, em 2017, quando estreou como um dos protagonistas do folhetim “A Herdeira”. Vitor também atuou em “A teia”, “Prisioneira”. E assinou ainda a direção de atores de outras duas telenovelas: “Amar demais” (2020) – nomeada Melhor Telenovela nas premiações Troféu TV 7 Dias e Prêmios Fantastic – e “Quero é viver” (2021) – nomeada Melhor Telenovela no renomado Prêmio Rose d’Or. “Portugal e a TVI me acolheram com imenso carinho”, assinala.

O artista finaliza fazendo uma ode à profissão e aos atores que vieram antes dele, especialmente ao recordar, nesta entrevista os grandes nomes que passaram por sua trajetória. “Essa abordagem me lembra grandes atores que souberam plantar sementes generosas no nosso caminho artístico. A gente prova os frutos, sente os sabores, engole as sementes, e algo novo germina dentro de nós”.