Polícia honesta e questões sociais importantes no cinema. A gente conta com foi a pré-estreia de “Operações Especiais”!


Protagonista do longa que chega aos cinemas no dia 15 de outubro, Cleo Pires afirmou: “Não sei como vai ser a aceitação, mas acho que estamos prontos para o questionamento”

Universo policial, criminalidade, honestidade e machismo. Os temas polêmicos são abordados juntos no filme “Operações Especiais”, do roteirista e diretor Tomás Portella. Com Cleo Pires vivendo a protagonista, Francis, e um elenco com nomes de peso como Marcos Caruso, Fabíula Nascimento, Thiago Martins, Fabrício Boliveira e Antônio Tabet, o longa conta a história de um grupo de policiais honestos que são enviados a uma cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, a ficctícia São Judas do Livramento. Lá, resolvem problemas e são aclamados pela opinião pública, porém, pouco tempo depois, o rigor da lei passa a incomodar alguns. “Na verdade a ideia era fazer um filme sobre honestidade. Foi daí que chegamos na questão da polícia, como uma maneira de abordar esse tema. O filme mostra um grupo de policiais que vão resolver um problema de violência no interior, só que são 100% honestos, então acabam entrando num conflito por conta dos questionamentos com a sociedade”, explicou Tomás, durante a pré-estreia no Cinépolis Lagoon, nessa segunda-feira, 28.

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O elenco se reuniu no CInépolis Lagoon para assistir a pré-estreia do file (Foto: AgNews)

Paralelamente a isso, surge a questão do machismo na corporação. Francis, uma ex-recepcionista de hotel, entra para a Polícia Civil do Rio para, inicialmente, assumir a questão burocrática. Em seguida, a novata é convidada por Paulo Fróes (Marcos Caruso) a integrar a parte física da corporação. Para Tomás, abordar o preconceito que mulheres em cargos de liderança sofrem não foi problema: “Não tive medo, porque falamos de machismo como um todo. A corporação está sendo tomada pelas mulheres, essa profissão não é sexista, entra-se por concurso público”, declarou. Inicialmente, a questão nem existia, já que a personagem de Cleo só foi inserida no roteiro depois. A atriz, que sempre foi apaixonada pelo universo policial, pediu ao diretor para participar. “Não tinha mulher, eram quatro homens policiais, aí eu encontrei com a Cleo e contei que ia fazer o filme e ela pediu um papel, porque adoraria fazer uma policial. Escrevi uma personagem para ela e fui mexendo, ela foi crescendo no roteiro e teve uma hora que falamos ‘esse filme é dela’. A partir daí, centralizamos a história na Francis”, contou.

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Cleo Pires pediu para fazer o filme, já que sempre teve interesse no universo policial. (Foto: AgNews)

Segura, a atriz explicou que, quando se interessa, não tem medo de dar a cara a tapa. “Se eu estou com vontade, eu vou e falo, porque, às vezes, a pessoa está em um universo que tem tanta gente que não te vê. Acho que vale chegar e falar que gostou, pedir um teste, perguntar. Eu pedi no filme do José Aldo também. Já fiz isso com outros que não deram certo. Não vejo vergonha nisso, pelo contrário, é mérito ir atrás do que quer. Acho muito legal”, disse. Se ela desejava o papel, o agarrou com unhas e dentes em uma preparação intensa na escola da polícia civil do Rio de Janeiro, com direito à muitos tiros, treinos de crossfit e rotina pesada. “Tivemos apoio da corporação, do Zé Lourenço e outros para treinar o pessoal. Todo mundo teve que aprender a usar equipamentos e ralou junto com os alunos. Eles deram muitos tiros. Fui com a Cleo para o estande e ela atirou com todas as armas”, contou Tomás.

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Fabrício Boliveira vive Décio, um policial honesto que ajuda Francis (Foto: AgNews)

Fabrício Boliveira vive Décio e revelou que se inspirou em um dos policiais que conheceu para compor seu personagem. “Trabalhamos com vários na preparação. O Barata me inspirou muito. É um policial honesto, do tipo que todo brasileiro gostaria que existisse. Misturei a ficção com a realidade. Nós tivemos contato com o universo verdadeiro. Fomos nas entranhas, fizemos invasão de embate. Foi muito importante socialmente e como cidadão para entender como funciona. Uma descoberta incrível. Adorei essa troca”, disse. Seu personagem é agregador e protege Francis dentro do batalhão. O intérprete acredita que o filme levanta discussões importantes. “Fala muito da presença da mulher em outras funções, de liderança, poder, corrupção social e também a cotidiana, que alimenta a grande. Tem uma reflexão sobre a polícia de hoje e a que queremos”.

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A personagem de Fabíula Nascimento é uma mulher do interior que cruza o caminho da protagonista Francis (Foto: AgNews)

Se a corrupção e outros temas fortes são amplamente discutidos, a personagem de Fabíula Nascimento é uma manicure do interior que chega como um “respiro” no universo do longa. “A Rosa é uma típica mulher brasileira que, como nós, não está preparada para uma polícia honesta. Ela sabe o que está acontecendo e não se manifesta. Tem um irmão complicado também. Ela e a Francis se cruzam na feminilidade”, analisou a atriz, que, antes da pré-estreia, ainda não havia assistido ao filme. “Vi algumas cenas e o teaser. Mas completo é diferente. Nós temos um roteiro na cabeça e o quando monta, muita coisa muda. Eu confio e me entrego”, disse a atriz, que não pára. Após o final de “I Love Paraisópolis”, além das telonas com “Operações Especiais” e “S.O.S Mulheres ao Mar 2”, ao lado de Giovanna Antonelli, Reynaldo Gianecchini e Thalita Carauta, também poderá ser vista na próxima novela das 23h, “Joaquina” e tem projetos no teatro. “É muito bom poder estar nos três veículos. Em teatro eu escrevo, produzo, faço tudo há 20 anos. É uma vida inteira no palco, que é o lugar do ator. Mas eu amo a minha profissão, se tiver que exercê-la ali no cantinho já está maravilhoso também”, disse.

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Fabíula e Cleo posam juntas na pré-estreia do filme “Operações Especiais” no Cinépolis Lagoon (Foto: AgNews)

Marcos Caruso, que dá vida ao delegado da corporação, contou que seu personagem imprime a honestidade dentro da área. “O Fróes tem essa característica que não é muito própria do nosso sistema de governo, mas ele tenta, nessa cidadezinha, constituir um serviço honesto para acabar com falcatruas, corrupções, escândalos e mau uso de verbas. Consegue até certo ponto, depois a coisa muda de figura”.

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O elenco e o diretor Tomás Portella na pré-estreia no Rio de Janeiro (Foto: AgNews)

O filme é planejado para que o espectador sinta-se dentro da história. Para isso, foi utilizado um método de câmeras diferente. “O conceito da imagem é estar perto da Francis. Então estamos sempre vendo pelo ponto de vista dela. Não corta pro bandido atirando e volta, por exemplo. Nós usamos body cam, câmera na mão e outros recursos para dar a sensação de proximidade”, explicou Tomás. Cleo, que em muitas cenas carregou equipamento de filmagem, revelou que gostou da experiência. “Às vezes a câmera era presa em mim. Como eram cenas complicadas, aquilo trazia uma dificuldade física que ajudava”. Para ela, discutir sobre a forma como o brasileiro lida com a honestidade é interessante. “Não sei como vai ser a aceitação, as pessoas me surpreendem muito. Sempre prefiro acreditar e dar o que os outros podem aguentar. Acho que estamos prontos para esse questionamento”, opinou.