O que tenho vivido? “Estou voltando para a Globo. Fui convidada para fazer ‘Um lugar ao Sol'”, diz Claudia Mauro


Abrindo a nova série do site HT, ‘O que tenho vivido’, a atriz e autora fala do trabalho nos últimos anos, dos filhos e do casamento parceiro com Paulo Cesar Grande. Claudia também comenta sobre sua dedicação ao teatro, e fala da autora premiada que se tornou. E ela não para de escrever: “Tenho escrito muito, não tive bloqueio algum nesta fase. Muito pelo contrário. Estou escrevendo um texto com o Marcelo Serrado. É um argumento dele, seu próximo monólogo. Começamos a escrever juntos, chama-se “Um pai de outro mundo”, uma comédia. E também estou escrevendo um texto para o Paulo César Grande e o Giuseppe Oristanio. É o meu projeto pós “A vida passou por aqui”, que se chama “Na próxima estação”. Quero falar dos homens”

*Por Brunna Condini

Inaugurando a nova série do site, “O que tenho vivido”, sobre atores e atrizes que fazem parte da história da TV, mas não são rostos que ficam dando pinta o tempo todo por aí, convidamos a atriz e autora Claudia Mauro. Recentemente fez sucesso na Record com sua Maria, na novela “Jesus”, e no momento, comemora o convite para estar em uma novela da autora Licia Manzo, sua amiga de longa data. “Estou voltando para a Globo. Fui convidada para fazer “Um lugar ao Sol”, da Licia, a próxima das 21h”, revela.

Carioca, aquariana, casada há 29 anos com o também ator e aquariano (os dois nasceram no mesmo dia, 11 de fevereiro) Paulo César Grande, e irmã do ator, diretor e roteirista André Di Mauro – sendo ambos sobrinho-netos de Humberto Mauro, cineasta pioneiro do cinema no Brasil; Claudia vem de uma família de artistas e também é múltipla, já que também escreve e dança.

Claudia conta que as gravações já estavam começando quando veio a pandemia. “Só devemos retomar ano que vem”, diz. “Tem uma curiosidade sobre os encontros dessa novela. Comecei a fazer teatro aos 12 anos, no mesmo grupo que a Lícia, que também é atriz. A primeira peça de teatro que fiz na vida foi em um grupo chamado “Além da Lua”, e ela era uma das idealizadoras junto com meu irmão André. Está sendo um super reencontro, além disso celebro 40 anos de profissão ano que vem. E tem outra coincidência, já que a Andrea Imperatore é a produtora de elenco desta novela e também fazia parte do grupo. Sobre a trama, só sei até agora que faço uma personagem que é a ex-mulher do personagem do Otavio Muller”, revela a atriz.

“Vou fazer “Um lugar ao Sol”, da Licia, a próxima das 21h, na Globo” (Foto: Guilherme Scarpa)

Quarentena criativa

Lembrada por papéis na Globo como a Valquíria de “História de Amor”, e a Lisa de “Por amor”, ambas de Manoel Carlos, além da Dona Capitu, da “Escolinha do Professor Raimundo” – “Foi há 20 anos, mas as pessoas ainda lembram, é incrível” – Claudia, embora não tenha ficado longe da TV, se dedicou intensamente ao teatro, inclusive produzindo. Tanto, que “A vida passou por aqui”, seu terceiro texto, foi premiado e seguia em cena há quatro anos. “Estava em cartaz quando aconteceu a paralisação. Esse texto foi um divisor de águas na minha trajetória, vai virar filme, já terminei o roteiro. E agora, em setembro, estaremos com ele no projeto ingresso solidário do Teatro Petra Gold. São preços populares e metade da renda será revertida para os profissionais da área que estão sem trabalhar. Estarei em cartaz, agora online, a partir do primeiro domingo de setembro”, conta.

Acrescenta ainda que aguarda a “liberação da prefeitura para o teatro presencial voltar, com 30%, 20% da casa e todas as precauções necessárias nesta nova realidade. Mas talvez ainda seja cedo para essa flexibilização. Vamos aguardar para ver o que vai acontecer”.

“Estava em cartaz quando aconteceu a paralisação. Esse texto foi um divisor de águas na minha trajetória, vai virar filme, já terminei o roteiro” (Foto: Sabrina da Paz)

Aos 51 anos, ela garante que sua energia criativa não foi afetada pelo cenário atual. “Tenho escrito muito, não tive bloqueio algum nesta fase. Muito pelo contrário. Estou escrevendo um texto com o Marcelo Serrado. É um argumento dele, seu próximo monólogo. Começamos a escrever juntos, chama-se “Um pai de outro mundo”. É uma comédia”, anuncia. “E também estou escrevendo um texto para o Paulo César Grande e o Giuseppe Oristanio. É o meu projeto pós “A vida passou por aqui”, que se chama “Na próxima estação”. Quero falar dos homens. Dos que são nossos parceiros, amigos, vou falar de duas gerações.

Com o Marcelo Serrado falo da paternidade, e ele é um homem de 50 anos. Já com Giuseppe e o Paulo César é outro momento. São homens de 60 anos, que costumo dizer que são aqueles que apesar de estarem nesta geração são parceiros das mulheres, são os homens que chamo de “testosterona sensível. Além disso, tem um outro texto meu em andamento batizado “Edith”. É um monólogo feminino. Estou escrevendo para apresentar para alguma atriz amiga minha, como a Giovanna Antonelli, Adriane Esteves ou a Malu Mader. Já pensei nas três para ele”.

“Tenho escrito muito, não tive bloqueio algum nesta fase. Muito pelo contrário” (Foto: Guilherme Scarpa)

Acham que acabou? Não mesmo. Claudia não para. E nem quer parar: “Estou escrevendo enlouquecidamente. E o que surgiu por fora de tudo é a série “Em casa ela dança”, um projeto meu, com um artista maravilhoso e meu amigo, chamado Udylê Procopio, que é diretor, ator, roteirista, e fez a concepção. Ele me dirige e eu escrevi o texto, que é a história de uma mulher comum, às voltas com seus conflitos e preocupações, que na madrugada extravasa dançando, fazendo performances em lugares inusitados da casa, enquanto desabafa”.

Das novelas que fez na Globo, quais gostaria que fossem reprisadas? “Ah, “História de amor” e “O Beijo do Vampiro”, que jamais foi reprisada. A novela “História do amor” foi minha primeira novela, tinha uma identificação rápida com o público. Falava das relações humanas, em todas as idades, foi uma novela marcante para mim”, recorda.

E aproveita para dividir: Uma coisa engraçada que acontece, é ser reconhecida na rua pela minha peça, sabia? É incrível, lindo. Você ser parada na rua porque viram “A vida passou por aqui”. Tem gente que foi assistir muitas vezes mesmo. E o auge foi um homem que me parou e disse que assistiu a peça 54 vezes! Ele se tornou meu amigo, chama-se André. A caixa do supermercado outro dia também me contou que tinha assistido quatro vezes. Enfim, é muito bacana o reconhecimento pelo teatro”.

“Tem gente que foi assistir muitas vezes mesmo. E o auge, foi um homem que me parou e disse que assistiu a peça 54 vezes! Ele se tornou meu amigo, chama-se André” (Foto: Sabrina Paz)

Vivendo a história

Claudia é mãe dos gêmeos Carolina e Pedro, 9 anos, da sua união com Paulo César, que já contabiliza 29 anos. E ela, inclusive, faz uma observação sobre um post que fez ano passado, falando do relacionamento, que foi interpretado como um texto de separação: “Estamos casados e bem, somos parceiros. Meu post falava de casamento com amizade, e na verdade, o que quis dizer é que mais do que qualquer coisa, somos amigos. Estamos ótimos juntos”.

“Falamos sobre essa pandemia, por exemplo. Com delicadeza, cuidado. Meus filhos são muito situados, sabem que tem um vírus contagioso por aí” (Acervo)

Ela diz ainda que fazem questão de criar os filhos falando a verdade. “Falamos sobre essa pandemia, por exemplo. Com delicadeza, cuidado. Meus filhos são muito situados e sabem que tem um vírus contagioso por aí. Têm acompanhado pouco as notícias, porque são mais pesadas, então prefiro poupá-los, mas sabem do que está acontecendo. Acho que tiram mais de letra que nós. Eles estão bem em casa, têm lidado bem. Sentem falta de sair, mas são responsáveis, situados, não reclamam. Acho que é uma geração bem bacana”.

Você e Paulo César estão mais unidos com a quarentena? “A quarentena uniu ainda mais a gente, sim. Em tudo: da organização da casa a lidar com os filhos. O Paulo Cesar é muito dono de casa. Ele cozinha, arruma…. Temos muita parceria, naturalmente. Estamos tentando levar esse período da melhor forma, porque não tem o que fazer, né?”.

Claudia Mauro e Paulo César Grande com os filhos Carolina e Pedro (Reprodução Instagram)

Como acha que esse momento será lembrado na história? “Nunca pensei que nossa geração fosse passar por isso. Meu avô soube o que é uma pandemia e pegou a gripe espanhola. Meu bisavô morreu da gripe espanhola. Meu tio avô também morreu vítima a doença. Você imagina que a minha bisavó veio da Itália para cá e perdeu o marido e o filho mais jovem e foi à falência por conta dessa gripe há cem anos? Gerações depois, passamos por isso aqui, claro que em outro contexto, temos a ciência avançada, a tecnologia. Mas acho que cada um vai viver sua própria transformação individual, é inevitável. É um marco dificílimo na história o que estamos vivendo. Pela pandemia, por essa onda que está rolando no mundo, com tudo acontecendo por aqui e em outros lugares sob uma guerra política. Os extremos vêm rolando desde as eleições e culminaram com a pandemia. O Brasil vive um momento bem difícil. Principalmente as pessoas mais vulneráveis, porque a recessão está vindo com tudo. Vamos ter que fazer nossa parte para tentar contribuir, para que seja menos doloroso”.

Claudia trabalhando em casa: “Tenho escrito enlouquecidamente” (Acervo)