Guilherme Winter, o Moisés de “Os Dez Mandamentos”, contou ao HT como estão as gravações da nova fase e sobre o atual panorama político brasileiro. “Estamos no meio de um furacão”


Para ele, o impeachment é um golpe que fere a democracia brasileira. Apesar de não concordar com o governo Dilma, ele destacou que a atual presidente está no cargo de forma digna e que não há comprovação de crimes contra ela.

Guilherme Winter interpreta Moisés, em "Os Dez Mandamentos" (Foto: Francisco Cerchiaro)

Guilherme Winter interpreta Moisés, em “Os Dez Mandamentos” (Foto: Francisco Cerchiaro)

Na pele de Moisés na segunda temporada de “Os Dez Mandamentos”, Guilherme Winter abriu um espacinho na agenda para contar ao HT como andam as gravações da novela. Com exibição prevista até junho, a nova fase da trama bíblica já registrou recordes em 11 capitais desde a estreia. Para o autor, o sucesso está relacionado à repercussão da primeira temporada, ao filme e ao Netflix – os capítulos da fase inicial da novela também estão disponíveis para os assinantes da plataforma. “Eu acho que tudo isso são elementos para que ‘Os Dez Mandamentos’ ganhe audiência e destaque. Dessa forma, as pessoas passam a querer ver a segunda temporada. O público está gostando da trama nova, com novos reinos e novos personagens”, disse ele, que destaca a Revolta de Corá como o ápice dessa fase.

Guilherme, que assumiu conhecer superficialmente a história de seu personagem antes de “Os Dez Mandamentos”, não vê o enredo bíblico como uma dificuldade para a atuação. Como nos contou, a novela é um trabalho completamente diferente do que ele já tinha feito, e os desafios são outros. “A história é muito densa. Os conflitos dos personagens são muito carregados de drama e emoção. É um trabalho que exige muito fisicamente e mentalmente do ator. O jeito de falar, os figurinos quentes… Esses são os meus desafios na novela”, afirmou Guilherme que, para a primeira temporada, teve que colocar megahair para a caracterização de Moisés. Segundo ele, trabalhar com um tema que lida diretamente com a fé do telespectador é algo tranquilo e que não apresenta problemas. Pelo contrário, a relação com o público se aproxima pelo teor da mensagem abordada. “As pessoas acabam se identificando e se sentem muito tocadas com a força e a motivação da novela. O enredo da trama ajuda no dia-a-dia das pessoas”, explicou.

Na primeira temporada da novela, Guilherme usou mega-hair na caracterização de Moisés (Foto: Reprodução Instagram)

Na primeira temporada da novela, Guilherme usou mega-hair na caracterização de Moisés (Foto: Reprodução Instagram)

Outro motivo que auxilia na popularização do personagem e na proximidade com o público, é o namoro com Giselle Itiê, que interpreta Zípora – par romântico de Guilherme na novela. Os fãs do casal de dentro e fora das telinhas, inclusive, criaram a tag #Ziposes e diversas páginas de Giselle e Guilherme nas redes sociais para divulgar fotos e notícias dos atores. Segundo Guilherme, ele não se sente obrigado a postar nessas plataformas. Mas, atualiza o perfil no Instagram, por exemplo, como forma de retribuição a esse carinho dos fãs. “Eu não me sinto obrigado nem preso a ficar compartilhando foto toda hora. Nossos fãs são muito fofos, então eu acho legal retribuir. Muitas vezes eu posto, porque eu sei que eles vão gostar também. Eu acho que é bacana essa troca, é justo com eles que eu faça isso. É impressionante a atenção e o carinho que eles têm comigo e com a Gi. Não sei se eu faria isso por um ídolo meu. Eu me sinto agraciado por essa dedicação deles”, contou emocionado. O ator ainda destacou o “paradoxo” da internet na questão da audiência dos programas. Guilherme reafirmou que as mídias sociais ajudam na divulgação dos personagens de “Os Dez Mandamentos”, mas as inovações tecnológicas também atrapalham. “Do mesmo jeito que a internet faz o telespectador não assistir à novela no horário que passa na TV aberta, ele traz a popularidade aos personagens. Ela tira e dá audiência. Doido, ?”

Guilherme acha que o namoro com Giselle Itiê ajuda na popularização dos personagens na novela bíblica da Record (Foto: Reprodução Instagram)

Guilherme acha que o namoro com Giselle Itiê ajuda na popularização dos personagens na novela bíblica da Record (Foto: Reprodução Instagram)

A atuação de Guilherme Winter em “Os Dez Mandamentos” lhe rendeu quatro indicações de melhor ator em 2015 – as primeiras da carreira. Entre elas, Guilherme ganhou o Troféu AIB de Imprensa e o Troféu UOL TV. Ele, que já fez várias novelas na Rede Globo – entre elas Ti Ti Ti, quando interpretou o vilão Renato –, disse que essas premiações são uma consequência de um trabalho bem feito. “Eu não faço nada pensando em prêmios futuros. Eu me dedico diariamente à minha arte e fico muito feliz com um reconhecimento desses, ainda mais quando vem de votação popular. Eu acho que isso só agrega na carreira de um ator”, disse o Moisés da trama da Record. De acordo com Guilherme, a transição entre as duas emissoras foi natural e ele não percebeu diferenças relevantes entre os canais. “Eu reencontrei na Record grandes profissionais com quem eu tinha trabalhado na Globo. Para mim, quem faz o dia-a-dia em uma emissora são as pessoas que estão lá dentro. E eu tenho uma equipe e um elenco muito bacana na Record”, explicou o ator.

A atuação de Guilherme em "Os Dez Mandamentos" lhe renderam dois troféus em 2015 (Foto: Francisco Cerchiaro)

A atuação de Guilherme em “Os Dez Mandamentos” lhe renderam dois troféus em 2015 (Foto: Francisco Cerchiaro)

Apesar de preferir não se manifestar sobre o atual – e polêmico – cenário político e econômico brasileiro, Guilherme Winter contou ao HT que se posiciona de maneira sutil, principalmente nas redes sociais. O ator não concorda com o processo de impeachment, e para ele, isso é um golpe. “É um momento muito delicado. Também não sou a favor da Dilma nem do atual governo. Eu sou apartidário. Só que eu não quero encarar o (Eduardo) Cunha e o (Michel) Temer governando o nosso país. Acho que essa não é a solução para o Brasil. Na minha opinião, isso fere a nossa democracia, que é tão jovem. O ato do impeachment, para mim, é andar para trás. Bem ou mal, a Dilma está lá porque votaram nela, é digna. Não tem nenhum crime contra ela. Eu não sou a favor dela, acho o governo dela péssimo e não acho que ela seja uma boa presidente. Mas, eu não acho justo isso que estão fazendo também. Para começar, como um cara como o Cunha está presidindo a Câmara (dos Deputados)? Isso já é uma coisa surreal. Eu sou a favor de uma reforma política. Mas é um processo longo, não tem como saber o que vai acontecer. A gente está no meio de um furacão e não dá para imaginar qualquer tipo de saída agora. É difícil”, afirmou.