Exclusivo! Daniel Aguiar admite a existência do book rosa, fala das carreiras como modelo, ator, e demite o preconceito com a Record: “sofro na pele”


O ator, nascido em Niterói, já fez trabalhos para grifes como Fendi e Versace antes de focar na carreira de ator. Depois de viver Disebek na primeira fase de “Os Dez Mandamentos”, na Record, ele pretende levar uma peça para São Paulo

Daniel

Valentino, Gucci, Zoomp, Dolce & Gabbana, Fendi e Versace. Todas essas grifes de renome internacional já tiveram Daniel Aguiar sob seus braços. Seja na passarela, ou em editoriais de moda, o brasileiro, antes de cair de cabeça na carreira de ator, bateu ponto em muitas fashion weeks ao redor do globo terrestre.  O que faz dele um conhecedor nato das dores e delícias desse mundo, que, como sabemos, não é feito só de glamour. E ele não faz questão nenhuma de esconder isso. A começar pela atual polêmica do book rosa, que ganhou notoriedade pela novela “Verdades Secretas”. O tal livro, nada mais é que um catálogo onde modelos também prestam serviços sexuais a clientes de agências.

“Eu vi mais esse book rosa acontecer no Brasil [do que internacionalmente]. E ainda vejo. Mas normalmente são ‘modelos’ que não vivem de trabalhos sérios, que fazem esses programas”, contou Daniel, que apesar de querer deixar claro que não tem nenhum preconceito “pois cada um sabe de seu valor” e de suas “próprias escolhas”, garante não soube de nada parecido relacionado aos modelos do sexo masculino: “nunca soube de um book parecido com venda de homens”. E se até no calabouço fashion há, portanto, diferenciação com os gêneros, o que não dizer da remuneração salarial. Daniel garante que se há um terreno profissional onde as mulheres imperam, esse é o da moda.

“Acredito que seja assim porque as mulheres consomem muito mais moda do que os homens, fazendo com que a quantidade de trabalhos femininos sejam absurdamente maiores. E consequentemente o dinheiro que gira ao redor delas também é maior”, opinou o fluminense, que também é animado com o cenário: “nos últimos anos essa diferença diminuiu”. O motivo, segundo ele, está na turma LGBT. “É graças ao publico gay, que é um consumidor nato de moda, deixando esse mercado um pouco mais aquecido. Além de influenciar homens modernos a se vestir melhor. A maior dificuldade é o numero excessivo de modelos masculinos para o pouco número de trabalhos. E além do cachê ser bem menor”, contou.

E se Daniel não encontrou um cenário animador para os homens na moda, o mesmo também se deparou quando resolveu assumir sua verve ator de vez. Desde 2006 ele interpreta em folhetins da Rede Record, passando pelas campeãs de audiência da emissora, como “Caminhos do Coração”, “Mutantes” e agora com a primeira novela bíblica do país, “Os Dez Mandamentos” [onde viveu Disebek na primeira fase], ele ainda garante que sempre estará sem saber onde pisar. “Iniciei na Record e só trabalhei na emissora. Posso dizer que ali eu compreendo o jogo, mas no mercado como um todo, não. Acredito que sempre estaremos sem saber onde pisamos, mas acredito que ser correto com nossas necessidades e desejos seja o caminho mais verdadeiro”, explicou ele, que é incisivo ao afirmar: “quero ser ator e não famoso”.

Para conseguir caminhar nessa linha tênue, entre ser um profissional da TV e não se render aos holofotes, ele tem que saber dosar, por exemplo, o peso da beleza no trabalho. Até porque, venhamos e convenhamos, ser bonito é uma bela de uma carta na manga quando o assunto é ficar na frente de uma câmera. E Daniel não discorda. “Acredito que a beleza abra portas sim, mas quando não temos conteúdo e capacidade para compreender o ofício de ator, a beleza será a primeira a jogar contra. A pressão por ter que fazer um trabalho melhor está sempre presente”, conta ele, que sabe muito mim o fim do caminho de quem não se assegura pelo talento: “cai no estereótipo do bonito”.

boys

Estereótipos, aliás, que também recaem sobre os profissionais da Rede Record. Não é de hoje que a turma que bate ponto no RecNov – o centro de dramaturgia da emissora no Rio de Janeiro – sofre um preconceito de parte da imprensa e de alguns da turma artística. “Sofro na pele. Nunca tive a mídia ao meu lado por ter surgido na Rede Record. Essa mídia vem com trabalhos na Rede Globo. É como se eu não tivesse credibilidade por nunca ter trabalhado lá, apesar de já estar no mercado há oito anos, com sete novelas, e três peças de teatro num período curto. Mas eu vejo como um processo natural, pois a Record é uma emissora jovem perto da Globo no trato com novelas”, desabafa carregado de sinceridade.

Com contrato com a Record até final de 2016, Daniel Aguiar pretende passar mais tempo em São Paulo, cidade para onde está levando uma peça. O rapaz, cria da Casa das Artes de Laranjeiras, não nos conta o roteiro, mas finaliza a entrevista com HT adiantando que está em fase de captação de recursos. O que importa é: a veia de ator de Daniel está cada mais pulsando forte, o que, por outro lado, não faz seu lado modelo descansar em sono profundo. A prova? Esses cliques que nós separamos feito no beco das garrafas – point movimentado das noites cariocas no centro do Rio de Janeiro. Para as lentes do fotógrafo Jeff Segenreich, ele posou com os colegas de emissora, Sérgio Marone e Gui Winter. Bonito de se ver.