Duas vezes Irandhir Santos: do vilão Álvaro da novela ‘Amor de mãe’ ao policial do longa ‘Fim de festa’


Fazendo sucesso na novela das 21h da Globo, o ator também brilha no cinema como Breno no filme de Hilton Lacerda, que levou os prêmios de melhor filme e melhor roteiro na edição 2019 do Festival do Rio. “A história é um retrato uma grande alegoria ao que nosso país está vivendo”, afirma ele

*Por Simone Gondim

O combativo cinema pernambucano teve noite de pré-estreia no Estação Net Gávea, no Rio de Janeiro. O longa-metragem “Fim de festa”, de Hilton Lacerda, que chega ao circuito em 5 de março, repete a parceria do diretor e roteirista com o ator Irandhir Santos, atualmente atraindo todos os olhares como o vilão Álvaro da novela “Amor de mãe”. No filme, Irandhir é Breno Wanderley, um policial que volta mais cedo das férias para investigar o assassinato de uma turista francesa e se depara com o filho e mais três amigos hospedados em sua casa. Ambientado no Recife e passado entre a Quarta-Feira de Cinzas e o domingo após o carnaval, o filme tem aquele clima melancólico da ressaca pós-folia. “O filme é uma alegoria clara da ressaca que os brasileiros hoje vivem de um Brasil melhor com cultura, arte e educação”, afirma Irandhir.

Criador e criatura: o diretor e roteirista Hilton Lacerda abraça Irandhir Santos, estrela de “Fim de festa” (Foto: AgNews)

O premiado Hilton Lacerda, que assina o roteiro e a direção, acredita que, simbolicamente, o país esteja vivendo um fim de festa. “Chegamos a um momento de exaustão. Como eu gosto muito de provocar, não consigo fazer um cinema que não seja para tirar as pessoas do lugar-comum ou, pelo menos, dar um novo olhar”, diz ele. “O que ‘Fim de festa’ tem de simbólico é muito mais uma provocação para a gente reiniciar essa festa. Não podemos congelar diante da situação que o Brasil atravessa”, acrescenta.

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A atriz Suzy Lopes, que pegou em armas em “Bacurau”, vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019, volta em “Fim de festa” na pele de Alice, uma brasileira que mora na França. A personagem vem ao Brasil para passar o carnaval e fica no centro de uma tragédia quando a nora é assassinada em plena folia, deixando Alice, o marido e o filho na mira da investigação de Breno. “Participar do filme é um presente, por conta de todos os questionamentos e desdobramentos que são possíveis a partir desse carnaval que está se acabando”, conta ela.

O filme ainda traz uma curiosidade: três pessoas acostumadas a ficar nos bastidores passaram para frente das câmeras. Jean-Thomas Bernardini, fundador da distribuidora Imovision, interpreta o marido de Alice (Suzy Lopes), francês casado com brasileira que vem passar o carnaval no Recife com a família; a montadora Amanda Beça é Penha, amiga de Breninho (Gustavo Patriota), filho do policial Breno Wanderley; e a diretora Safira Moreira é Indira, amiga de Breninho e Penha. “Gosto muito de trabalhar com iniciantes”, revela Hilton Lacerda. “A primeira cena do filme tem Amanda Beça com Irandhir Santos. Quando ela descobriu isso, ficou muito assustada, porque nunca havia trabalhado como atriz e, de repente, tinha que encarar Irandhir”, lembra o diretor e roteirista. Mas, no fim, tudo deu certo. “Ao mesmo tempo em que foi muito tenso para ela, terminou sendo o momento em que o ambiente ficou mais descontraído”, acrescenta ele.