“A nação que não esperou por Deus”: documentário rodado durante 17 anos mostra a transformação cultural dos índios kadiwéus


Filme de Lucia Murat e Ricardo Rodrigo Hinrichsen foi feito no Mato Grosso do Sul e registrou o impacto da chegada da eletricidade – e com ela a TV – na reserva indígena, que ainda passa por embates de terras com latifundiários da região

Depois de “Boyhood” ter levado 12 anos para ser filmado, eis que o cinema nacional surge com uma resposta à altura: “A nação que não esperou por Deus”, documentário dirigido por Lucia Murat e Rodrigo Hinrichsen, acaba de ganhar seu primeiro trailer após 17 anos de filmagens e pesquisas. A estreia no circuito nacional de cinemas está marcada para o dia 16 de julho.

“Meu primeiro contato com os kadiwéus foi em 1997. Eu queria fazer um filme de ficção em que eles, os índios cavaleiros, tinham uma participação heroica”, conta Lúcia na primeira amostra do longa-metragem. Então, 17 anos se passaram e, ao invés de usá-los como atores ou figurantes, a dupla fez um documentário sobre o período em que a aldeia ganhou eletricidade. “A chegada da energia; a questão da bebida; a questão da droga, que antes não existia na aldeia. Hoje, não tem como a gente dizer que não existe, né”, comenta um dos personagens.

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O filme ainda mostra o embate da reserva indígena do Mato Grosso do Sul com outro assunto: o conflito com pecuaristas da região pela posse de terra. Os temas, tanto o da eletricidade quanto o de latifúndios, são raramente discutidos. É tão interessante quanto necessário pensar no impacto da cultura do ‘homem branco’ sobre uma aldeia indígena, como respeitar seus limites e tradições sem sair atropelando tudo com um rolo compressor de origens.

Veja abaixo o trailer do filme: