Prestes a subir ao palco para mais uma temporada de “O delírio do verbo”, Jonas Bloch prestigia a filha Débora no teatro e elogia: “Ela está mais para ensinar do que aprender”


O ator contou que não opinou no roteiro e falou sobre seus outros projetos. Ele viverá o pai de Bruna Surfistinha nas telinhas e fará uma série de ficção científica! Vem saber

Em família. Esse foi o clima da estreia de “Os realistas” no Teatro Poeira. No palco, Mariana Lima, Fernando Eiras, Débora Bloch e Emílio de Mello e na plateia, além de Drica Moraes, Enríque Diaz, Mariana Ximenes, Reynaldo Gianecchini e tantos outros estava um paizão orgulhoso: Jonas Bloch. Além da filha, que também assina a produção do espetáculo, Jonas tem outras ligações especiais com o elenco: Emílio de Mello é o supervisor de “O delírio do verbo”, peça inspirada em poesias de Manoel de Barros e que reestreia para sua terceira temporada em março. “Ver minha filha é sempre muito legal. Tem a Mariana também, que é uma paixão, o Fernando, com quem já trabalhei e é superamigo e o Emílio, supervisor do texto do meu monólogo. É um elenco de primeiríssima qualidade”, afirmou.

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Jonas Bloch e o neto, Hugo, foram prestigiar Débora em “Os realistas” (Foto: AgNews)

Jonas, que sempre prestigia as estreias da filha, revelou que os dois trocam muitas figurinhas mas fez questão de ressaltar: Débora já está mais para ensinar do que aprender. “Nós dois não temos um ritual e em cada peça é diferente. Ela já está madura para encontrar o caminho. Pode, eventualmente, vir conversar sobre teatro comigo, mas nosso papo é engraçado, porque em uma hora somos colegas de profissão, depois pai e filha, amigos, tudo ao mesmo tempo. Vamos transitando. Eu não li o texto dessa vez e nem palpitei em nada. É um grupo forte com uma direção bonita. Tem horas que não é bom invadir. A Débora já está mais para ensinar do que para aprender”, frisou novamente ele, que, apesar de tanta cumplicidade, nunca dividiu a cena com a filha. Em “Sete vidas”, os dois atuaram, mas não chegaram a contracenar juntos. “Não fizemos cenas juntos na novela, mas já trabalhamos em comerciais e eventos. No teatro não tivemos oportunidade, mas tem colegas que dizem que não vale tão a pena, porque o público não se desliga muito da questão pai e filho. Mas seria uma honra trabalhar com ela”, disse.

Enquanto isso não acontece, Jonas se dedica aos muitos projetos. Além de “O delírio do verbo”, gravou a minissérie “Bruna Surfistinha”, que será exibida no canal Fox no segundo semestre do ano e começa a filmar “Omicron” em Natal. “Fui o pai da Bruna na série e vou gravar em Natal essa ficção científica, que passa no futuro”, adiantou. E como será viver tantos personagens de universos tão diferentes? “Vou buscando em todas as referências que tenho e procurando armazenar para encontrar a carga do personagem. Depende do texto, do subtexto principalmente, e vou me aproximando, escrevo sobre as possibilidades de cada cena, vou optando pelos caminhos. Após tanto trabalho nasce intuitivamente também. Fora o diretor, que chega para acrescentar muito”, analisou.

Com estreia marcada para março no Midrash Centro Cultural, no Leblon, Jonas é só emoção ao falar das outras temporadas do espetáculo. “Temos contas nas redes sociais com o nome da peça que eu convidava as pessoas a escreverem. Fiquei muito surpreso, são coisas tão emocionadas, as pessoas falam tantas maravilhas que eu não esperava tanto. Eu estava apaixonado pelo texto já, mas achava que ia ser para um público seleto, mais intelectualizado e nada. Todo mundo saía mexido. Não quer dizer que seja um texto só de emoção, tem humor, que já é uma característica do Manoel de Barros. Procurei selecionar o que tinha mais adaptação ao teatro e os vários universos dele para dar um panorama geral. Então, tem uma hora que o espetáculo é engraçado, depois emocionante, irônico”, disse ele, que sabe da importância do sucesso que tem feito em um monólogo de poesia. “É bem difícil. Há um preconceito com essas duas coisas. Mas depois que viram, muita gente veio me confessar que estava com o pé atrás e saiu recomendando. Tanto que vou para a nova temporada e já tem outra agendada depois”, comemorou.

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Três gerações no teatro: Jonas, Débora e Hugo Bloch (Foto: AgNews)

Fazer poesia no palco, aliás, sempre foi um desejo do ator. “Eu tenho uma atração grande. Tentei criar um espetáculo sobre poesia, mas encontrei tantas barreiras com os herdeiros dos poetas que fui por outro caminho. É uma pena isso, porque eles acabam perdendo a chance de valorizar os familiares”, lamentou Jonas, que, no final das contas, sabe que saiu ganhando. “Quando li o Manoel de Barros, que eu ia incluir no espetáculo, me bateu uma ligação tão forte, uma emoção e eu disse: é esse! A filha dele foi assistir e, na hora do aplauso, não aguentou e invadiu o palco para me abraçar. Foi emocionante demais”, contou. Mal podemos esperar para nos emocionarmos também.