O amor solto: os dias estão difíceis para você? Só por hoje, só por hoje não se imponha nada


Nessa crônica, o jornalista Alexei Waichenberg nos dá uma dose grande de ânimo: “A vida não tá mesmo fácil pra ninguém. Mas olha, se você parar pra pensar nos prazeres que ela já te deu e, se puder, ser louco como eu, e pensar naqueles que ela ainda vai te dar, ah brother Joe, aí você tá no Nirvana. Toca aí pra frente”

Ilustração (feita exclusivamente para essa crônica), assinada pelo artista plástico Leandro Figueiredo, atualmente morando no Porto, em Portugal

*Por Alexei Waichenberg

Sabe a sensação de que a vida deu errado? De que tudo que você trilhou não te levou à – exatamente – nada daquilo que você está desejando nesse momento?

Pronto, ela passa. Tudo passa. Eu desenvolvi umas técnicas não muito recomendáveis. Todos os dias, lá pelas 19h30, eu tomo a minha dose de whisky. Vale a pena ressaltar que eu faço isso na hora de Portugal e na hora do Brasil. Se tiver parceiro tomo umas cinco, senão, fico em duas. É o meu Rivotril, o meu sossega leão. A vida não tá mesmo fácil pra ninguém. Mas olha, se você parar pra pensar nos prazeres que ela já te deu e, se puder, ser louco como eu, e pensar naqueles que ela ainda vai te dar, ah brother Joe, aí você tá no Nirvana. Toca aí pra frente.

Aposto que vão aparecer gajos lindos, raparigas sensacionais, nessa avenida de duas pistas de lamúrias. Isso pra falar de amor. Porque grana tá difícil mesmo. Sai dessa lama, jacaré! Bora vibrar na física quântica, no amor manifestado, na grama do vizinho ao lado. Bora! Bora pensar que tua panela tem tampa. Usa a metade da laranja na feijoada. Grita teu amor na esplanada! Grita! Grita aí sozinho, que eu te ouço daqui, mas grita pra eu ouvir. Tô com saudade da minha gente, da minha gente vagabunda, que nem tem tempo de refletir. Tô com saudade de repetir.

Quando esse inferno passar, e se a gente estiver vivo, ah maninho, a gente vai se divertir. Quando essa chuva acabar, vem o sol que nasce aqui e nasce aí. Se pra mim ele nascer mais bonito, eu juro que mando ele pra você. Porque nem só de sol vive o homem e tem uns que precisam mais que os outros, numa hora qualquer de solidão e de uma dor que dói tão fundo, que parece que tá nos levando embora.

Hoje resolvi escrever soltinho, jogando na pena a pena de não poder ser sempre tão solto. Só por hoje, só por hoje não se imponha nada. Faz teu melhor cabelo, reduz esse sofrimento, que você acha que alivia quanto mais você divide, e multiplica, multiplica o teu amor em mim. Sério mesmo, tô sem tempo, mas tô com tempo pra você que tem certeza de que tem o meu amor. Chama aí, manda um direct, uma mensagem de fumaça. Tô com um poder de cura alucinante. Usei em mim e tá dando super certo.

“Bora vibrar na física quântica, no amor manifestado, na grama do vizinho ao lado. Bora! Bora pensar que tua panela tem tampa”

Acende um incenso (eu não tenho essas coisas paptchubas) e joga pro universo. Trago seu amor de volta em dois dias. Você só não pode escolher.

Primeiro eu achei que eu queria estar aí, mas agora tenho certeza que você que tem que vir pra cá. Troca de hemisfério. Troca tudo, fala sério.

Beijo nas Heloisas, nas Berenices, nas Ligias, nas Patricias, beijo nos homi tudo e beijo em você, no espelho, no vapor da crônica passada. Assim faz fumaça pra eu matar a saudade desembaçada.

*Alexei Waichenberg, jornalista de coxia e terapia