Exclusivo! Leandro Hassum: “O humor é importante como crítica social e também tem o papel de questionar desmandos da classe política”


Antes de apresentar seu espetáculo “Lente de aumento” em Vitória (ES), Leandro disse ao HT: “Me incomoda quando as pessoas partem para querer limitar o humor. O único limite é a graça. Faço qualquer piada e o público entende que é só para divertir. Não me divirto às custas deles, mas sim com eles”

Leandro Hassum tinha uma certeza antes de submeter a uma cirurgia de redução de estômago. E não estamos falando da perda de cerca de 60 kg. “Sabia que as pessoas iam falar que eu perdi a graça desde antes da operação, mas isso não me atrapalha, nem chateia. Aproveito e levo para o palco alguns comentários como o ‘gordinho que perdeu a graça’. Sou ator e comediante. A gordura não me faz mais engraçado e só faz mal à saúde. Estou muito feliz”, garante. E nesse raciocínio, Leandro segue dizendo que o fator que pode comprometer seu humor é a falta de graça. Esse é o único limite. “Me incomoda quando as pessoas partem para querer limitar o humor. O único limite dele é a graça. Faço qualquer piada e o público entende que é só para divertir. Não me divirto às custas deles, mas sim com eles”, explicou. Palavras de quem, em seu stand up “Lente de aumento”, faz piada com padres e até interpreta uma passagem sobre “a idade da demência da criança”.

Leandro Hassum

“Sempre vão haver pessoas que gostam de vários tipos de humor, e muitas que não gostam. Nunca faço piada para atingir o público, mas sei que às vezes algumas pessoas saem do teatro sem achar graça. Nada a fazer”, rebate. E tudo, para Hassum, só vem a piorar com os tempos de politicamente correto, onde uma patrulha, somada ao conservadorismo, afinou as opiniões e aflorou as críticas sobre o que é ofensivo e o que não é. “As comédias sempre tiveram este tipo de crítica. Acredito que o gênero é muito importante até como crítica social. Eu só não gosto do humor escatológico”, ressalta. É esse raciocínio que ele tenta imprimir em “Lente de aumento”, que roda pelo Brasil desde 2009 e chega para curta temporada no Teatro Universitário de Vitória (ES) nos dias 19 e 20 de março. “É um stand up com histórias do cotidiano onde sempre atualizo os textos com casos mais atuais. Trago também para junto da platéia, porque sempre converso com todos da primeira fila”.

O tempo de Leandro, aos 42 anos, é dividido entre as gravações de “Chapa quente”, seriado global de Claudio Paiva com direção de José Alvarenga Júnior, em que ele interpreta o folgado Genésio. A série, que ainda conta com Ingrid Guimarães, Tiago Abravanel e Lúcio Mauro Filho no elenco, voltará em breve às quintas-feiras da grade de programação, após um período de hiato. “Começamos a gravar a nova temporada em fevereiro e está sendo maravilhoso porque contraceno com muitos amigos. O programa começou com o Ibope baixo, mas ao longo do ano fomos, direção e elenco, aprimorando, e o resultado foi excelente”, festeja ele, que já tem novos trabalhos em vista. Ao HT, ele adianta com exclusividade: vai fazer mais dois longa no segundo semestre. “O cinema me conquista cada vez mais”, se derrete. O conquista, mas também o faz pensar. “Não acho, por exemplo, que por ser de comédia um filme é menos importante do que um de drama. O humor tem um papel não só de entreter, mas de questionar problemas da sociedade e desmandos da classe política. O humor é tão importante quanto qualquer outro gênero”, acha ele, que já protagonizou filmes que tocaram na crise financeira e na corrupção política.

E segue defendendo o gênero que o consagrou: “Não é porque a pessoa saiu feliz do cinema que ela não questionou algum assunto ou saiu com alguma mensagem positiva. Mas se for um filme exclusivamente para divertir, ele é importante até porque a produção em si gera empregos e leva as pessoas ao cinema, o que é bom para o mercado como um todo. O que eu faço é filme que a família pode ver e se divertir. A minha intenção é que todos saiam felizes do cinema. Quero é divertir e entreter quem prestigia o cinema nacional”. Pensamento de um homem que tem trabalho à perder de vista e está muito bem, obrigado, com a novo estilo de vida que vem levando pós-cirurgia. “Como de tudo, não deixo de comer nada do que gosto, somente como menos quantidade, e alguns alimentos que não me caem muito bem”. Assim como os limitados que querem limitar. Esses provocam igual indigestão.

Serviço
“Lente de aumento” com Leandro Hassum
Local: Teatro Universitário – UFES – Av. Fernando Ferrari – Vitória/ES
Quando: 19 e 20 de Março
Sábado às 21h e Domingo às 18h
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Gênero: Comédia
Inf: 3335-2953 / 3029 2765 / www.wbproducoes.com
Vendas: www.ingresso.com
Valor: Setor A: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia)
Setor B: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
Mezanino: R$60,00 (inteira) e R$30,00 (meia)