“Éramos mais corajosos e ousados” disse a Frenética Leiloca sobre os anos 70, depois da estreia do divertido musical sobre a boate Dancin’Days


A plateia, formada por uma turma boa, como Marcos Caruso, Vera Fischer, Ricardo Tozzi, Juliana Paiva, Nicolas Prattes, Carlos Tufvesson, André Piva, Claudia Kopke e mais, não se contentou em só assistir, e era comum ver todo mundo dançando na cadeira, cantando baixinho e com o sorriso no rosto

O Teatro Bradesco Rio funcionou quase como uma fenda no tempo na noite dessa sexta-feira. O motivo? A estreia do espetáculo musical O Frenético Dancin’Days, que recria os quatro meses de existência do Frenetic Dancing´Days Discotheque, boate idealizada pelos amigos Nelson Motta, Scarlet Moon, Leonardo Netto, Dom Pepe e Djalma Limongi, ponto de encontro de todos os seres livres nos anos 70 no Rio. Foi lá que a cena disco brasileira começou a nascer, e, também, na pista da boate, que funcionava no Shopping da Gávea, que surgiu o fenômeno As Frenéticas.

Leia Mais: Musical “O Frenético Dancin’Days”marca a estreia de Deborah Colker como diretora de teatro e do estilista Fernando Cozendey como figurinista

O musical é diversão pura e marca a estreia de Deborah Colker como diretora teatral, que investe nas coreografias e e em jogos cênicos bonitos e bem executados. Alguns mais brilhantes do que os outros, mas que funcionam muito bem para juntar as pontas das cenas, quase sempre em tom de comédia, escritas por Nelson Motta e Patricia Andrade. “As chanchadas, muito mais do que os musicais da Broadway, foram a grande inspiração. Misturamos protagonistas reais e queridos de minhas lembranças como novos personagens e com as fantasias e o humor que fazem a tradição e a delícia dos musicais”, contou Nelson.

Destaque também para os figurinos de Fernando Cozendey, uma atração à parte. No elenco, cerca de 16 ótimos atores-cantores-bailarinos, que nos pegam pela mão, metaforicamente falando, e nos transportam para o clima da pista de dança que revolucionou a noite carioca. Além dos protagonistas, Bruno Fraga, o Nelson Motta, André Ramiro, o Dom Pepe, Cadu Fávero, o Djalma, Franco Kuster, que revive Leonardo Netto, e Larissa Venturini, a Scarlet Moon, fique de olho no trabalho de Ariane Souza, que faz a Madalena, Natasha Jascolevich, que tem um trabalho de corpo impressionante e é responsável pelas cenas mais bonitas, plasticamente falando, do espetáculo, e nos bailarinos Andrey Fellipy, Romulo Vlad, Elio Barbe e Eddy Soares. Ah, e claro, em Stella Miranda, que rouba todas as cenas nas quais está presente.

Natasha Jascolevich e Bruno Fraga em um dos duetos mais bonitos do espetáculo

Com duas horas de duração, com direito a um intervalo de 15 minutos, o Frenético Dancin’Days aposta na trilha sonora como elemento de conexão entre o que acontece no palco com a plateia, que inclui músicas como Disco Inferno, Le Freak,  I Feel Love, We Are Family, Celebration, Feeling Good, Perigosa, e, obviamente, Dancin Days. A plateia, formada por uma turma boa, como Marcos Caruso, Vera Fischer, Ricardo Tozzi, Juliana Paiva, Nicolas Prattes, Carlos Tufvesson, André Piva, Claudia Kopke e mais, não se contentou em só assistir, e era comum ver todo mundo dançando na cadeira, cantando baixinho e com o sorriso no rosto.

Dhu Moraes , Leiloca , Sandra Pêra e Marcos Caruso (Foto: Cristina Granato)

Aliás, por ali, a gente encontrou alguns personagens retratados na peça, como algumas das Frenéticas originais: Dhu Moraes, Regina Chaves, Sandra Pêra e Leiloca. E, claro, o site HT quis saber de Leiloca o que ela achou do espetáculo e de se ver retratada no palco. “No primeiro ato ato do musical a emoção já tomou conta. É muito bom sermos homenageadas, isso não tem preço! Inevitável a saudade, principalmente da Lidoka e Dom Pepe, e às vezes parecia que eu os via em cena. Claro que eles estavam lá, energeticamente e por meio daquele elenco maravilhoso!  Quarenta e dois anos depois, o sábio distanciamento constata como éramos mais corajosos e ousados. E, infelizmente , como involuímos no Brasil, com essa psicopatia desenfreada de homofobia, feminicídio, racismo, intolerância religiosa e que tais…  A parte boa é que, quem viveu os anos 70, sabe que foi a década do século na musicalidade, ousadia, criatividade,sexualidade. Onde nossas asas continuam abertas e soltas estão nossas feras. Apesar do retrocesso atual…E segue o baile”, contou Leiloca.

Ricardo Tozzi e Vera Fischer (Foto: Cristina Granato)

Por falar em saudade, quem também viu o sentimento aumentar ao assistir o Frenético Dancin’ Days foi Christovam de Chevalier, filho de Scarlet Moon, uma das sócias da boate. “Senti uma alegria enorme ao assistir. Chorei em muitos momentos (no fim do segundo ato, sobretudo). Em especial, por ver minha mãe tão fielmente personificada pela Larissa – essa moça vai longe!. A Scarlet voltou a viver”, confessou. Em tempos cinzentos e desesperançosos, o musical cumpre o papel de divertir e nos levar para um universo lúdico de cores, alegria e, claro, muita música. Entretenimento da melhor qualidade!

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