Em show, Tuca Andrada relembra sucessos de Orlando Silva e revela com exclusividade ao HT que não apoia o impeachment: “Não acho honesto, cheira a golpe”


Ator segue com o show “Orlando Silva – Nada Além” relembrando grandes clássicos do artista da era do rádio. “Há 10 anos, fiz a biografia dele no teatro e pediam para eu voltar. Como não era possível, resolvi montar o show”

 Tuca Andrada é do tipo de artista que não consegue ficar parado. Com mais de 30 anos de carreira, o ator pernambucano mostra que é preciso estar sempre se reinventando no concorrido meio teatral. Com mais de 20 novelas, 10 filmes e diversas peças no currículo, o galã de 51 anos volta a surpreender ao estrelar o show “Orlando Silva – Nada Além”, que segue em cartaz no Teatro Ipanema, na urbe carioca. Isso mesmo! Tuca agora ataca de cantor em seu mais novo trabalho, que levou, segundo ele, 10 anos para sair do papel. Em entrevista exclusiva ao HT, o ator, diretor e produtor conta que a paixão por Orlando Silva surgiu após protagonizar o musical “Orlando Silva – O Cantor das Multidões”, em 2004.

Tuca Andrada (Foto: Divulgação)

Tuca Andrada (Foto: Divulgação)

“Há 10 anos, fiz a biografia dele no teatro e pediam para eu voltar. Como não era possível, resolvi montar o show. Em 2015 foram 100 anos do nascimento dele. Hoje, quem tem menos de 40, 50 anos, não o conhece. E é um repertório de que gosto tanto, tão rico, de uma época da música popular brasileira muito pródiga. Mas nunca pensei em carreira de cantor, isso faz parte do ator”, disse. “Na verdade, essa ideia do show partiu de mim, que fiquei apaixonada pela vida do Orlando. Ele teve uma carreira brilhante e, além de ser um excelente cantor, gravou músicas de muito bom gosto e teve uma história de vida riquíssima”, revelou o ator.

Para quem ainda não conhece a biografia do cantor, Orlando Silva  foi um dos mais importantes artistas do cancioneiro brasileiros da era do rádio. Considerado por muitos a mais bela voz do Brasil, interpretou clássicos que marcaram época como “Carinhoso”, “Atire a primeira pedra”, “Lábios que beijei”, “Sertaneja”, “Aos pés da cruz”, “Abre a janela” e, claro, o sucesso de “Nada Além”. Logicamente, todas também compõem o show de Tuca Andrada. “Eu relembro os grandes clássicos dele nesse espetáculo, onde faço uma mistura de como eu cantava na peça, tentando chegar aos pés do Orlando, o que já é muito difícil, e outras dou uma interpretada minha”, adiantou. “Eu acho que o Tuca é que vai estar no palco. Nesse trabalho não tenho nenhum compromisso de fazer o personagem. Apesar de ter alguns textos dele que eu falo durante o show”, revelou o ator, que também segue escalado para “A Lei do Amor”, próxima novela das 21h, da Rede Globo.

“Interpreto um personagem gente boa. As pessoas que estão acostumadas a me verem fazendo vilões e malandros na TV vão se surpreender. Ainda não sei muito do personagem, mas adianto que ele é casado com a personagem da Emanuelle Araújo e será um dos poucos casais felizes da novela. Mas, no decorrer da trama, um problema de saúde causado pela fábrica, que tem no enredo, e atinge um dos seus filhos vai sacudir essa família”, adianta Andrada, que ainda avalia que atualmente vivemos em um mundo de intolerâncias. “Está faltando amor. Aqui no Brasil estamos numa fase muito difícil e complicada. Ninguém tem respeito pelos pontos de vista dos outro e, infelizmente, tudo acaba em agressão, seja ela física ou verbal”, avaliou ele.

No palco, junto com Tuca Andrada, estarão cinco músicos convidados (Foto: Divulgação)

No palco, junto com Tuca Andrada, estarão cinco músicos convidados (Foto: Divulgação)

Em uma semana que não se falou em outra coisa a não ser política, o ator e cantor comenta que não apoiou o governo
Dilma, porém, é totalmente contra o impeachment no Brasil. “Acho muito importante que os artistas e pessoas públicas se posicionem sobre política. Tem falar mesmo. Já houve um silêncio absurdo com a ditadura militar, que só empobreceu e emburreceu a população. É hora de botar a boca no trombone e falar à respeito”, afirmou. “Eu não gosto do PT (Partido dos Trabalhadores), não votei na Dilma Rousseff e nem votaria, mas não posso aceitar o processo de impeachment pelas pessoas que o onduziram. Ninguém ali tem autoridade moral para contestar o governo. Não acho honesto, cheira a golpe”, comentou ele, que ainda destacou a dualidade da Lei Rouanet. “É uma lei com muitas falhas que, apesar de ter ajudado muito a produção teatral, precisa ser revista. Misturar a pasta de Cultura com a de Educação vai ser uma loucura”, disse. “Além disso, vejo que essa lei ajudou muito produções, muito comercial e grandes nomes. Essas pessoas já têm dinheiro, não precisam de cobertura do governo. Acredito que ela deveria ser mais democratizada, também”, ponderou.

Voltando a assuntos mais amenos, Tuca ainda revela que, quando o assunto é imagem, não pode deixar a peteca cair. O ator se considera bastante vaidoso e, aos 51 anos, ostenta um corpo de causar inveja em muito garotão. “Eu sou vaidoso, sim. Gosto de me cuidar, mas, infelizmente, sou fumante. Eu procuro sempre malhar, ter uma alimentação bacana, mas nada de maluquices de dietas loucas. Tento evitar, farinha, sempre, e carne vermelha. Mas acredito que a genética tem me ajuda muito”, contou.